Se Jesus Cristo voltasse hoje, ele comeria carne?

Esse texto é um artigo de opinião, uma reflexão sobre amor, bondade e respeito com as demais espécies que dividem esse mundo com a gente

23 dez 2022 - 05h00
(atualizado em 24/12/2022 às 08h37)
Foto: CanvaPro

O Natal é uma data muito importante para a maioria dos Cristãos, pois é quando se celebra o nascimento de Jesus Cristo, no dia 25 de dezembro. Jesus é considerado uma referência divina, um homem puro, iluminado, que viveu na Terra praticando a caridade, vestia-se de maneira simples e era muito humilde e bondoso.

Se os ensinamentos cristãos afirmam que Jesus pede para não reagirmos a uma agressão, para termos empatia por quem nos agrediu e nos feriu fisicamente, será que ele concordaria com o assassinato de animais que nunca nos fizeram nada?

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Em Êxodo 20:13, “Não Matarás”, é muito claro e impõe uma proibição divina sobre o ato de assassinar o outro.

Também é possível ver religiosos afirmando que o ''Não Matarás'' se expande para o suicídio, a eutanásia e até o aborto, presando assim por todas as frações da vida humana – mas por que é tão absurdo a morte causada a um ser humano e tão normal matar um animal inocente e indefeso que dispõem das mesmas capacidades físicas e mentais nossa?

Não conseguimos imaginar uma pessoa como Jesus, com tanta compaixão e empatia aceitando as atrocidades que fazemos com os animais hoje.

No dia em que se comemora o seu nascimento, é mais do que comum ter em cima da mesa, da maior parte da população, animais inteiros ou em pedaços.

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Nossa indagação parte do seguinte ponto: se Jesus como uma pessoa extremamente afetuosa, ética, passiva e com uma sabedoria intrínseca, vivendo nos tempos de hoje, com a imensa quantidade de informações, alimentos de origem vegetal disponíveis de norte a sul, e a conclusão com provas empíricas de que animais são seres que sentem dor, fome, frio, medo, saudade, angústia e tudo o que um ser humano consegue sentir, apoiaria o consumo de animais inocentes, desprotegido e dóceis, e são brutalmente assassinados para virar um pedaço de carne, um ovo frito ou um copo de leite?

Jesus era um cara extremamente compassivo, compreensível e muito a frente da sua época, um cara realmente diferenciado de qualquer um, de uma humildade, compreensão e sabedoria impressionantes. 

No entanto, há 2.000 mil anos não existia o acesso, a quantidade de informações e as centenas de possibilidades que existem hoje, naquela época não existiam alimentos disponíveis suficientes para suprir as nossas necessidades calóricas.

Não existiam transportes variados e velozes, não existia TV, YouTube, Google, Rede Social, quem dirá pesquisas voltadas para a psicologia de animais não humanos. 

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Naquela época as pessoas morriam com resfriado. Isso justifica porque naquele tempo, o consumo e o assassinato de animais era comum e aceito sem muitos questionamentos.

Não dá para usar o argumento de que Jesus fazia isso ou aquilo naquela época, e por isso ele faria hoje. Provavelmente com a cabeça e a mentalidade de 2.000 mil anos atrás ele faria, sim, mas, Jesus nascendo hoje, vivendo no mundo hoje e com tudo que temos disponível no mundo, fica difícil enxergar ele apoiando e financiando a crueldade animal.

Pega a visão: 

Aqui não estamos questionando a religião Cristã e muito menos duvidando ou criticando os cultos e as crenças. Respeitamos todas as manifestações religiosas e sabemos a importância delas para a maioria da população.

Estamos propondo uma reflexão que se faz necessária, já que segundo o IBGE mais de 80% da população brasileira se entende como Cristã, e segue fielmente pelo menos um preceito bíblico, e é inegável que Jesus Cristo é ainda uma das pessoas mais influentes dos nossos tempos.

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Jesus está na boca de políticos, atletas e até filósofos, e próximo do dia do seu aniversário seria incomum ignorarmos o que Jesus pensaria sobre o consumo de animais e seus derivados. E você já pensou sobre isso?

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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