Diversas vezes nos deparamos com reportagens sensacionalistas e pretensiosas que passam uma imagem totalmente equivocada e muitas vezes maldosa do movimento vegano. Comumente associam o veganismo à negligência com filhos, doenças e atitudes extremistas. Geralmente essas afirmações partem de pessoas que nunca foram veganas e desconhecem a intenção do movimento.
Essas matérias não existem à toa, pois reforçar crenças do imaginário coletivo com um caso isolado, ajuda a dar clique e engajamento. Ainda mais hoje, que a grande maioria das pessoas se informa apenas pela manchete.
Essa atitude gera desinformação, reforça preconceitos e no final o que importa é a receita gerada. Por isso, é necessário mostrar que o movimento vegano não é extremista, não é uma dieta, uma modinha, seita, religião ou algo do tipo.
O veganismo é um posicionamento ético perante ao sofrimento animal, que se opõe ao especismo (especismo é o ponto de vista que uma espécie, no caso a humana, tem todo o direito de explorar, escravizar e matar as demais espécies de animais por considerá-las inferiores). Ser vegano é lutar pelo fim dos maus tratos aos animais, pelo fim da exploração e crueldade contra qualquer animal. Isso de fato é veganismo.
É impressionante o quanto alguns jornalistas e pessoas mal-intencionadas utilizam o termo ‘’vegano’’ de forma deliberada e sem a mínima responsabilidade.
Recentemente, alguns jornais brasileiros postaram uma matéria que dizia: ‘’Vegano diz ter ficado 10 anos mais jovem bebendo a própria urina.’’ Essa matéria não tem nenhum compromisso em informar ou trazer alguma reflexão responsável sobre o assunto, porque não existe absolutamente nenhuma relação.
Sabemos que existem famílias negligentes que usam dietas absurdas para alimentar os filhos, no entanto, não daria tanto clique quanto colocar a palavra ‘vegano’. Não amamentar o filho com leite materno, por exemplo, não tem nenhuma relação com o veganismo, aliás, é proposto o oposto: amamentar com leite materno e não com fórmula infantil de leite de vaca.
A vacina é um grande exemplo do quanto um caso isolado se torna notícia negativa. Um vegano que se posiciona contra o uso de vacina nas redes sociais acaba sendo o porta-voz do movimento, sendo que na verdade, a maioria dos veganos enxergam a vacina como algo necessário, e não só fazem questão de tomar a vacina como incentivam que todos se vacinem.
Claro que, testar qualquer substância em animais inocentes e envolver o uso de animais de alguma forma na produção de vacinas e medicamentos não é o ideal. Mas é necessário compreender que, a realidade é muito mais complexa e precisa ser encarada de forma responsável.
Lutaremos pelo fim do uso de animais no meio científico, porém enquanto não houver alternativas, iremos nos vacinar por uma questão de responsabilidade coletiva. Esse é o posicionamento da maior parte dos veganos, mas não vimos nenhuma matéria de grande mídia abordando essa questão com a devida responsabilidade.
Estamos atuando como midiativistas veganos já tem um bom tempo, e é desanimador se deparar com notícias tão nocivas e desrespeitosas, pois não se trata de opinião contrária ou argumento, é apelativo, é irresponsável, é jogo sujo. Não tem problema em discordar, contra-argumentar, mas não é isso que acontece na maioria das vezes.
Todos nós precisamos de boas informações sobre diversos assuntos e temas, porque é muito importante entender os conteúdos de forma ampla, sem preconceitos e com base em informações verdadeiras. Além disso, é preciso ter autonomia e pensar por si próprio para não cair em armadilhas.
Matérias sensacionalistas não contribuem para uma sociedade melhor e não agregam em nada ao movimento social em defesa dos animais, só servem para gerar mais e mais estereótipos negativos e desinformar pessoas mais leigas sobre o assunto. Como já foi dito, no final das contas, o que importa é o engajamento e a grana.