Vegano periférico ganha 14 kg de massa com alimentação e treino

Ao deixar de consumir produtos de origem animal as pessoas têm receio de perder massa muscular, mas isso pode ser evitado.

28 mar 2023 - 05h00
Foto: CanvaPro

Quando me tornei vegano lá em 2015 não fazia ideia do que estava fazendo, e a única certeza que eu tinha era que não queria mais contribuir com o sofrimento e a exploração de animais.

Naquela época a gente não tinha referências de pessoas pobres e periféricas falando sobre veganismo, e era muito difícil enxergar esse estilo de vida na minha realidade. Tudo que eu fazia era pesquisar na internet e testar, afinal, tinha acabado de chegar num mundo totalmente diferente do que eu estava acostumado.

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Devido a isso, comecei a me alimentar da forma que eu achava que era o certo, e pesquisava muito sobre alimentação: macro e micronutrientes, vitaminas, proteínas, entre outras coisas relacionadas a isso.

Mesmo pesquisando incansavelmente para não cometer erros, eu cometi o erro de comer pouca quantidade de comida e ainda com a ideia romântica de comer quase que 80% de alimentos crus. A falta de conhecimento em relação ao assunto fez com que eu tivesse uma alimentação muito pouco calórica.

Essa maneira de me alimentar no começo do veganismo me fez perder muitos quilos (apesar de que minha saúde estava ótima, meus exames estavam perfeitos). Mesmo conseguindo pedalar 130km com essa alimentação e fisicamente bem, eu queria muito ganhar peso, e era um objetivo muito pessoal.

Os anos foram passando, fui amadurecendo a ideia, entendendo meu corpo e percebi que eu precisava aumentar a quantidade de comida (calorias consumidas diariamente e quantidade de refeições) e treinar musculação. 

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A ideia foi comer de forma simples e em grande quantidade, e treinar com frequência e intensidade, e em poucos meses fui ganhando peso, mantendo a rotina de treino e alimentação. Aí eu entendi que não importa O QUE eu como e sim COMO eu como. Independente da origem do alimento, o mais importante são as escolhas alimentares e como isso é feito.

Entendi que a proteína não é exclusiva de produtos animais, muito pelo contrário, tudo o que comemos tem proteínas, e atingindo a necessidade diária de calorias, você atinge a de proteínas, sem segredos.

A gente vê a indústria dos suplementos fervendo, alimentando a ideia de que para ganhar músculo é quase que obrigatório ingerir algum tipo de suplemento, como se essa fosse a solução. Isso não é necessário para quem consegue se alimentar de forma correta. É possível ganhar massa muscular com uma organização simples, alimentação e treino. Lógico que requer uma certa disciplina, mas é muito tranquilo e de rápida adaptação.

Além disso, tem a ideia de que veganos são sempre fracos, magros e nunca vão ganhar massa muscular. Mas nada melhor do que se informar e perceber o quão mitológico é isso.

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Atualmente, eu como absolutamente qualquer coisa, desde que não sejam ultraprocessados ou produtos de origem animal. Hoje estou com 71kg, me sentindo muito bem e treinando diariamente. Com uma alimentação 100% vegana e vivendo na quebrada onde eu nasci.

Pega a visão e não se antecipa:

Aqui não estamos falando sobre corpos perfeitos ou ideais, não estamos dizendo que é errado ou feio ter um determinado tipo de corpo. Sabemos que o mais importante é a saúde, independente do corpo.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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