"Virei vegano", como lidar com a família no Natal

Sem dúvida a parte mais difícil ao se tornar vegano é a questão social, principalmente em confraternizações em família.

16 dez 2022 - 05h00
(atualizado em 24/12/2022 às 08h37)
Foto: CanvaPro

Parar de comer carne é uma atitude muito positiva, isso mudou a nossa vida completamente, real, mas é inegável que cortar a carne é bastante desconfortável do ponto de vista das relações. Quando se trata de família e Natal, aí a coisa fica ainda mais complexa.

O meio social é a parte mais complicada para quem decide cortar a carne e outros produtos de origem animal, porque as pessoas costumam não ter muito respeito, não procuram se informar e acabam muitas vezes sendo inconvenientes. E isso ocorre por diversos motivos, o principal ao nosso ver, é ir contra a cultura, contra a tradição.

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Já tivemos várias experiências de Natal em família, e como a gente sempre menciona, a parte de se alimentar, fazer preparos diversificados e saborosos e não consumir a ceia com animais mortos e receitas com derivados de animais é o mais fácil.

Para quem ainda consome produtos de origem animal sempre tem aquela dificuldade de entender o que a pessoa que não come vai fazer e como é possível ela participar de uma ceia ou um churrasco se ela não come mais carne.

A situação que mais comentam com a gente nas palestras, rodas de conversas e até no nosso instagram é a dificuldade de lidar com as brincadeiras, com pessoas intolerantes e familiares completamente desrespeitosos. O mais comum são as clássicas piadas: ‘’você não come animalzinho, cenoura também sente dor hahaha’’

Hoje em dia a nossa família é muito mais compreensiva com as nossas escolhas, justamente por conta do nível de informação que a maioria teve acesso e porque perceberam a importância das nossas atitudes. Mas no começo, principalmente no primeiro Natal, passamos por situações completamente desnecessárias e desconfortáveis.

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Então, entendemos muito bem o quão horrível é estar nessas situações, e isso muitas vezes impede as pessoas de aderir ao vegetarianismo ou ao veganismo. 

O mais importante para lidar com essas situações, é estar cientes e conscientes das nossas escolhas, para que em casos como esses, a gente consiga entender que existe uma ignorância por parte das pessoas, e que elas muitas vezes não sabem lidar de outra forma, aquele (a piada ou a tentativa de humilhação pública) é o único recurso que ela tem para se livrar desse seu questionamento.

Entender isso é libertador. Rebater, ficar discutindo, tentando provocar só vai alimentar aquela escuridão que está na cabeça da pessoa sobre você não querer consumir carne, leite e ovos e fazer com que ele tenha mais raiva ainda. Se alguém fizer piada, o ideal é dar risada junto, fazer piadas também, o ideal é entrar na brincadeira, levar na moral. E com o tempo isso passa.

Outra coisa que precisa ser levada em consideração é que ainda hoje a escolha de não comer carne é muito diferente para a maioria das pessoas, então causa um certo estranhamento mesmo. O diferente, o incomum somos nós numa cultura que se alimenta com produtos de origem animal a vida toda e nunca viu problema nisso.

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É tão normal consumir carne, leite e ovos. Aprendemos desde pequenos que essa é única fonte de proteínas e vitaminas que existe. Por isso, quando falamos que paramos de consumir, assusta, e vai assustar mais ainda quem não conhece ou está completamente a par das suas escolhas. Então qualquer reação negativa ou exagerada faz parte de uma escassez de conhecimentos e argumentos.

Não estamos dizendo como devemos ou não lidar com essas situações, apenas mostrando que compreender o que tem por trás disso e lidar de forma leve é um grande passo para convivermos em paz com os outros.

Se liga:

Vai colar no Natal em família? Se empodere do seu rango, das suas ideias. Faz um rangão dahora, um prato doce e um salgado, converse com a rapaziada, tenha uma convivência normal. 

E lembre-se: você não está militando e sim, curtindo um momento (seja onde for) e o exemplo é muito mais poderoso do que qualquer coisa que você tentar argumentar.

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Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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