Você sabe quais os problemas que existem por trás da carne?

Por mais que o consumo de carne pareça algo inocente, a carne carrega em si uma série de questões que precisam ser debatidas e questionadas.

28 nov 2022 - 09h19
(atualizado às 19h48)
Foto: Vegano Periférico

Comer carne parece uma ideia muito natural, normal e até considerado por algumas pessoas como uma necessidade humana, no entanto, isso além de não ser verdade, esse consumo está relacionado a diversos problemas que vão desde o sofrimento animal, até a destruição do meio ambiente e saúde.

A carne animal é muito presente no nosso imaginário, ela carrega um simbolismo muito forte, e é até difícil imaginar uma vida sem carne. Mas como já foi dito aqui na nossa coluna diversas vezes, esse produto é bem mais acessado por quem pode pagar, porque vivemos num país que a fome assola o nosso povo.

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A carne está presente na nossa cultura como um objeto valioso, e isso torna ela ainda mais atraente. Não é à toa que o churrasco é visto como uma comemoração tão importante. Além disso, é difícil debater o consumo de carne num país com tanta desigualdade.

Por isso, somos a favor das pessoas terem acesso para consumir o que elas quiserem, e mudar seus hábitos com base na informação, como, por exemplo, sabendo tudo que existe por trás de um pedaço de carne e seus impactos.

Entender o papel da carne na cultura é uma coisa, mas glorificar esse consumo, sem trazer à tona suas problemáticas, é outra. Na nossa casa a carne sempre foi vista como ascensão social, como um artigo de luxo. Aprendemos que ter carne na mesa é sinônimo de ter o que comer, e que ''legumes, vegetais, isso é comida de pobre''.

Essa ideia de que ter comida na mesa é só quando tem carne, é equivocada e precisa ser questionada, pois não é novidade todo impacto negativo que esse consumo causa.

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Só no Brasil, a pecuária é responsável pela maior parte do desmatamento. Atividades como pastagem, monocultura de soja e também a criação intensiva de animais,  contribuem de maneira expressiva para o desmatamento. Por exemplo, cerca de 80% das terras desmatadas se encontram em pastagens.

Aproximadamente 79% da soja plantada no mundo é destinada à pecuária, para alimentar animais na indústria da carne. Se engana quem pensa que essa soja vai para os seres humanos. 

Para produzir apenas 1 kg de carne, são gastos mais de 15.000 litros de água. Sem contar que a pecuária contribui em cerca de 18% da produção de Gases do Efeito Estufa emitidos no mundo. Ou seja, a pecuária é péssima para o meio ambiente.

Em relação à saúde humana, o consumo de carne está relacionado a diversas doenças, como as cardiovasculares, diabete, câncer, aumento do colesterol, hipertensão, entre diversas outras.

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O povo periférico e regiões mais pobres sempre sofrem as maiores consequências de uma péssima alimentação. Sofrem tanto pela fome, quanto por um alto consumo de gordura/colesterol. Diversos estudos apontam que consumir carnes, sobretudo vermelha, é extremamente prejudicial à saúde.

Um estudo recente publicado no periódico BMJ Global Health analisou 14 itens de carne vermelha e seis de carne processada e coletou dados de 154 países e mostram resultados que os aumentos globais no comércio de carne vermelha e processada contribuíram para o aumento abrupto de doenças não transmissíveis relacionadas à dieta.

Além da questão ambiental e de saúde, precisamos olhar para os animais, os que mais sofrem com essa produção e comercialização. Quando a gente coloca um pedaço de bife no prato, estamos colocando um animal que foi aprisionado, maltratado e morto. É um sofrimento sem precedentes. Os animais merecem respeito e devem ter seus direitos garantidos.

Para que esses problemas sejam resolvidos, é preciso sermos muito realistas. Primeiro que não é só as pessoas parando de consumir que as coisas vão mudar, é preciso um trabalho conjunto, que envolva a sociedade civil, o Estado, as empresas e que comecemos a nos mobilizar e entender que esse consumo além de ultrapassado, vai nos levar a um péssimo futuro.

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Precisamos fazer a nossa parte no dia a dia, evitando consumir animais, buscando a diminuição e o fim desse consumo, mas jamais ignorar a importância de fazer uma luta coletiva e buscar mudanças estruturais e políticas. 

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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