Conheça os foliões-mirins da comissão de frente da 3º Milênio

Leonardo e Henrique chamaram a atenção do público durante desfile da escola de samba do Grajaú

20 fev 2023 - 19h19
(atualizado às 22h51)
Henrique e Leonardo com o ator Marcelo Adnet, que também foi destaque da Estrela do Terceiro Milênio
Henrique e Leonardo com o ator Marcelo Adnet, que também foi destaque da Estrela do Terceiro Milênio
Foto: Arquivo pessoal

Durante a segunda noite de desfile das escolas de samba de São Paulo, a atuação da comissão de frente da Estrela do Terceiro Milênio, escola oriunda do Grajaú, periferia do extremo sul,  encantou o público com truques de mágica. Dois foliões-mirins chamaram a atenção pela encenação e representatividade com o tema proposto. 

Henrique Augusto da Silva, de 11 anos, e Leonardo Vasconcelos de Oliveira, de 8, revezaram a coreografia da comissão de frente que apresentou um carro com o tema "o remédio para sua dor". 

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Leonardo e Henrique, estreantes no Sambódromo do Anhembi, são crias da Freguesia do Ó, bairro da zona norte da capital. Ambos conheceram ainda mais a Terceiro Milênio através do coreógrafo Régis Santos, responsável por montar todo o elenco da comissão de frente da escola, e logo foram abraçados pela comunidade do Grajaú.  

Heloísa Helena, mãe de Henrique, revela que o interesse pelo samba faz parte da vida do filho desde os seus 5 anos, quando ele a via dançando e cantando em casa. A partir daí, ela passou a levá-lo às quadras das escolas de samba. 

“Ele não fazia ideia da dimensão e da responsabilidade. Eu falava pra ele: “se diverte, se não gostar você para. Mas no decorrer dos ensaios ele percebeu que não era só brincadeira e começou levar muito a sério cada ensaio. Chegava em casa, ensaiava, cantava”, contou Heloísa. 

Já Leonardo tem uma veia sambista, como conta sua mãe, Alcione Vasconcelos. “A Nossa  Família toda é sambista, posso dizer que ele frequenta o ambiente do carnaval desde a barriga. Esse ano ele estava especialmente feliz, pois já tinha atingido idade limite para poder desfilar no carnaval. E foi presenteado com esse papel incrível”.

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Apesar do contato com o samba, eles tiveram pouco contato com o teatro, mas abraçaram a ideia e o tema da Terceiro Milênio. E o resultado foi mais que o esperado. O coreógrafo Régis conta que se sente feliz, com uma sensação de dever cumprido, e por escolher o elenco certo para esse desfile de estreia no Grupo Especial. 

“Queria uma família preta como protagonista. Fui à busca e encontrei duas crianças empoderadas com a negritude, e achei o Léozinho e o Henrique. São nossas purezas, nossos encantos. Doçuras de crianças. Eles representam uma mistura de ingenuidade com maturidade”, comentou Régis. 

As mães contam que os filhos são carinhosos, com uma consciência racial e que, apesar de crianças, têm uma humanidade admirável. “Carinhoso, a todo momento me abraça, me beija. Tem travessuras, assim como todas crianças”, diz Heloísa ao detalhar a rotina de Henrique. 

“Incrível, carinhoso, gentil, educado. Costumo dizer que ele é a luz de nossas vidas e que temos muita sorte de ser pais dele. Temos muito orgulho dele pela criança que ele é”, relatou Alcione sobre Leonardo. 

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Assim como se deram bem na passarela do samba, os garotos também querem ir bem na escola, acompanhados de perto pelos pais. Ambos estudam o ensino fundamental — Henrique está na 6ª série, enquanto Leonardo na 3ª série. 

Os garotos e suas mães ainda estão aprendendo a lidar com toda repercussão pós-desfile. “Eu não esperava essa repercussão toda. Achava que seria um belo desfile e só. Ficamos  surpreendidos”, disse Heloísa. Já Alcione afirma que Leonardo ainda está em êxtase. “Desde ontem repetidamente ele me diz: “mãe eu to muito feliz, que nem sei explicar o que está no meu coração””. 

A expectativa agora fica por conta da apuração, que será realizada na terça-feira (21). “Com certeza o trabalho realizado pela escola foi incrível, o público ficou encantado. A expectativa é imensa e acreditamos que tudo vai dar certo”, ressaltou Alcione. 

Como funcionou a Comissão de Frente

No carro alegórico, com a escrita "Grajaú", uma família pobre e negra do Grajaú, com semblante triste, se apresentava. Do mesmo local, surgia um personagem aterrorizante, que ameaçava todos com uma cassetete.

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Em seguida, com roupas coloridas, os clowns "arrancavam a cabeça" do vilão. De dentro do corpo, surgia outra pessoa sorridente. Para finalizar, as roupas da família se transformaram instantaneamente em vestimentas coloridas, trazendo de volta a alegria.

Foram quatro trocas de roupas para a apresentação. Grupos diferentes representaram a família triste e o vilão. Ao todo, 19 pessoas fizeram parte da comissão. Dentro do portal do carro, nos bastidores, oito pessoas ajudavam na preparação. Para o desfile continuar, as trocas de roupas para reiniciar a fantasia tiveram que ser extremamente rápidas, durando no máximo um minuto.

Fonte: Visão do Corre
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