Considerada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como a favela com o maior número de moradores de São Paulo, na zona sul da capital, ainda não havia um espaço digno para as artes plásticas de quebrada.
A inauguração da Favelarte Galeria Suburbana, a primeira na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, está marcada para 15 de dezembro. Até lá, Hermeson de Morais, conhecido como Ticano, cria do território, continua o intenso corre para deixar tudo pronto.
As dificuldades estão sendo superadas coletivamente: vaquinha, doações, mutirão de artistas, parcelamento do trabalho do pedreiro. O espaço pretende receber ao menos 30 artistas consagrados da cena independente.
A galeria fica no coração de Paraisópolis, próximo ao prédio novo do hospital Albert Einstein. Trata-se do espaço térreo da casa de Ticano, de 50 anos. No andar de cima, funciona o Favela Podcast, feito pelo comunicador. A família mora no terceiro andar.
O idealizador da Favelarte Galeria Suburbana, diz que, por seu engajamento social, fez vários amigos artistas. “Um deles é o artista plástico Moisés Souza, conhecido como M. Souzarte, que abraçou a ideia e tem me ajudado a transformar o sonho em realidade”, conta Ticano.
Quem é Ticano?
Os avós de Hermeson de Morais chegaram em Paraisópolis na década de 1970. Logo depois, vieram ele e a mãe, de Mato Grosso do Sul.
A mãe o criou sozinha, após a separação do pai. Ela trabalhou na indústria e no comércio, até se aposentar. Ticano estudou em escolas públicas, fez ensino técnico e faculdade, com bolsa, na área de tecnologia da informação.
Ele é criador do Favela Podcast e, agora, quer ampliar a atuação com a Favelarte Galeria Suburbana. “A gente pretende tratar os artistas com o mesmo respeito e infraestrutura que existe fora da quebrada”, diz.
Entre os expositores estará Lando, ou Jean Bolando Joachim, haitiano que mora há cinco anos no Brasil. Ele é artista plástico, grafiteiro e tatuador.