Fotógrafa promove artistas independentes de Recife

Iniciativa audiovisual está no 6º episódio e registra trabalho de quem não pode pagar por produções profissionais

28 abr 2023 - 15h51

No início deste ano, incomodada com a falta de oportunidade para artistas periféricos da cena independente pernambucana, a fotógrafa Thalyta Tavares, ou Ignus, como é conhecida, decidiu criar um projeto audiovisual para potencializar as vozes de artistas periféricos das inúmeras comunidades de Pernambuco, assim como manifestar suas próprias inquietações enquanto artista.

Ela criou o Falas da Cena, iniciativa independente e sem apoio financeiro, idealizada para ser um espaço em que artistas possam contar histórias, mostrar seus trabalhos e, sobretudo, reivindicar espaço.

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Fotógrafa Thalyta Tavares, ou Ignus, que criou o Falas da Cena incomodada com a invisibilidade de artistas periféricos de Recife
Fotógrafa Thalyta Tavares, ou Ignus, que criou o Falas da Cena incomodada com a invisibilidade de artistas periféricos de Recife
Foto: Teu JPEG

“Me incomoda perceber que muitos artistas de comunidades menos favorecidas não tem o lugar de destaque para expressar suas artes da maneira que eles merecem e gostariam que fosse”, diz Ignus.

Projeto piloto com rapper

O primeiro episódio foi produzido e gravado por Ignus pelo celular. Mostra o corre da Rapper Negrita MC. Ela é moradora do Ibura, periferia da cidade de Jaboatão Guararapes, mãe de dois filhos, e se mantém na cena hip hop pernambucana há quase 12 anos.

Sempre com posicionamentos fortes, ela fala sobre afirmação, luta, combate ao racismo e problemas sociais. Além de rapper, Negrita é atriz e interpreta a personagem Boyzinha na série Lama dos Dias, disponível no Youtube pelo Canal Brasil e pelo Globoplay. 

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Negrita MC, também atriz, é moradora do Ibura, periferia de Jaboatão Guararapes: posicionamentos fortes
Foto: Divulgação

Segundo passo do Falas da Cena

A partir do segundo episódio, a equipe do projeto cresceu, com novos equipamentos e formatos agregados. Mauricio Mateus, conhecido como Teu.JPG, e Ronny Colors, que atuam como fotógrafos independentes, demonstraram interesse em participar do movimento que Ignus estava iniciando. 

Equipe do Falas da Cena: Ignus, Teu.JPG e Ronny Colors. Objetivo é registrar trabalho de artistas independentes de Recife
Foto: Divulgação

“Eles chegaram e agregaram muito na qualidade do produto final. Teu chegou na segunda produção e contribuiu como still de fotografia e na edição; Ronny veio na produção do terceiro episódio, atuando como videomaker e editor. E eu, além de ser a idealizadora, atuo como roteirista, videomaker, direção de fotografia e edição”, explica Ignus. 

Segundo, terceiro, quarto episódio

Além de Negrita, o Falas da Cena chegou ao casal de artistas visuais Lis de Horus e Neo Tags, moradores do bairro da Boa Vista, área central do Recife. A vida do casal é baseada na relação com a arte de forma visceral, para sobrevivência. Era o segundo episódio do projeto.

No terceiro, a equipe foi para o Alto José do Pinho, periferia na zona norte do Recife, e entrevistou o artista Cannibal, vocalista do Devotos, banda que completou 35 anos. No episódio, Cannibal fala sobre como é ser inspiração para várias gerações e da arte como instrumento de transformação.

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Cannibal, vocalista do Devotos, da periferia recifense, está no Falas da Cena discutindo arte e representatividade
Foto: Ignus

Projeto decolando

Amun Ha, a primeira cantora não-binária do brega, é a artista do quarto episódio. Carioca naturalizada em Orobó, cidade do agreste pernambucano, ela atua na cena musical recifense há cerca de quatro anos, intervindo e criando performances que focam na resistência LGBTQIAP+.

Amun Ha, primeira cantora não-binária do brega, é a artista do Recife estrelando o quarto episódio de Falas da Cena
Foto: @JEZZMAIA

Ignus quer “criar uma plataforma para que artistas periféricos possam compartilhar suas histórias e ideias com o mundo, e para que o público em geral possa ter acesso a uma visão mais autêntica e inclusiva da cultura pernambucana”.

Ela acredita que a arte é uma ferramenta poderosa para quebrar barreiras sociais e promover a igualdade de oportunidades. “Espero contribuir de alguma forma para essa mudança, através do meu trabalho como fotógrafa”, finaliza.

Serviço

A inscrição para participar do projeto pode ser feita através do formulário disponível no link https://docs.google.com/forms/d/1xPet1YmKTFuVSLqyRJX9H9b2BqPruJh6-yYngTf0FHg/edit

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Fonte: Redação Terra
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