Formado em setembro de 2020 por três amigas que queriam se exercitar para manter a saúde física e emocional, o grupo Let’s Dance (‘Vamos Dançar’, em tradução livre) utiliza espaços públicos de Perus, na zona noroeste de São Paulo, para oferecer aulas de dança de diferentes ritmos de forma gratuita.
Com uma caixinha de som, o trio se reuniu com outras quatro mulheres (que já se conheciam de um projeto de aulas de zumba interrompido pela pandemia de Covid-19) e iniciou as atividades na praça do Samba, ponto popular da região.
“Estava no começo da pandemia, então não sabia se poderíamos ser impedidas de nos exercitar ali. Aquele tempo era muito rígido com o distanciamento”, conta a cabeleireira Sandra Dias, 53, instrutora de dança e cofundadora da iniciativa.
“Mas tinham muitas pessoas correndo na rua, fazendo cooper ou algum exercício para sair do sedentarismo, então tive a ideia de dançar na praça", complementa.
Atualmente 37 pessoas – a maioria mulheres – participam das aulas que ocorrem aos sábados, às 9h, com duas horas de duração. Por ser um espaço público e ao ar livre, elas dependem que o local esteja desocupado e o clima favorável para que as atividades ocorram.
“Chego com a caixa de som e, se tiver alguém no espaço, a pessoa assiste ou até participa. Há casais, crianças e senhoras que entram para dançar com a gente. É muito bom”, diz Sandra.
“Quando estou dançando, esqueço dos problemas e do mundo aqui fora. Convido minhas clientes e algumas vão. Quando vão, elas se sentem acolhidas e costumam dizer que o nosso grupo é a segunda família delas”, destaca a cabeleireira.
Quando a dança ajuda a combater a depressão
Moradora de Francisco Morato, município da região metropolitana de São Paulo, a camareira Ana Paula Pereira, 36, conheceu o Let’s Dance logo no início dos encontros, em 2020. Na época, ela passava por um quadro de depressão e a dança foi fundamental para ajudá-la a atravessar esse período.
"O grupo me ajudou psicologicamente e mentalmente. Me redescobri como mulher, me amei mais, fui mais feliz e a saúde do meu corpo melhorou”, conta. “Hoje não vivo sem a dança ou o grupo. São pessoas maravilhosas que me ajudaram na fase mais difícil da minha vida”.
A dona de casa Rosemary Viana, 60, também passava por um momento de depressão durante a pandemia e conheceu a iniciativa através de amigas. “O Let’s Dance levantou minha autoestima”, explica.
“Estava numa depressão profunda e tudo passou com o grupo porque a gente acaba tendo intimidade com outras mulheres para falar sobre essa situação de depressão, de baixa autoestima”, explica Rosemary. Ela destaca que a dança também foi determinante para sair do sedentarismo.
“Eu era uma pessoa que não fazia nada. Era dona de casa, só. O Let’s Dance me ajudou a sair de casa, ter convivência com outras pessoas, porque eu não tinha convivência com outras amigas na redondeza de onde moro", conta a moradora de Perus.
O supervisor de segurança Fábio Alves, 41, é o único homem da turma até o momento. Ele explica que teve muita resistência a começar a dançar por ser tímido, mas o que lhe ajudou a se desenvolver na zumba foi o acolhimento e a confiança que as professoras transmitem.
“Alguns homens tem até preconceito de dançar, mas as professoras nos acolhem na zumba, no fit dance, em qualquer atividade. Elas conversam com os homens para eles perderem um pouco de timidez”, comenta.
“É um benefício muito bom. Sua coordenação motora melhora, você fica mais ativo, mais feliz, e descarrega as energias negativas. Sua rede de amizades aumenta também”, completa Alves.
Desde janeiro deste ano, o Let’s Dance também tem se reunido para dançar às segundas e quartas-feiras, às 18h, na sede da ONG DIPI (De Igual Para Igual), também na região de Perus. As aulas continuam gratuitas e têm uma hora de duração. Aos sábados, o espaço também é uma alternativa quando chove ou faz muito frio.
Professoras e alunos também costumam programar aulas em espaços públicos fora do bairro, como o Ecoparque de Caieiras, na Grande São Paulo, e o Parque Villa-Lobos, na zona oeste da capital. O grupo também já foi convidado para se apresentar em Peruíbe, no litoral paulista.