Presença da trupe é fundamental para a cena cultural da região de Taboão da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, além de bairros periféricos da capital, como Campo Limpo. O lema do grupo é “arte produzida pela periferia, na periferia e para a periferia”.
O Grupo Clariô de Teatro, atuando há 20 anos em Taboão da Serra (SP), pode ter que sair da sede histórica, alugada, que será posta à venda em abril. A campanha de arrecadação de fundos para a compra do imóvel, cuja meta é de R$ 700.000,00, não atingiu nem 7% do valor.
As atividades do Grupo Clariô acontecem em uma rua tranquila, que alaga, na divisa com a capital paulista. O local é estratégico por promover arte e cultura em Taboão da Serra e pela proximidade com quebradas da zona sul paulistana, como Campo Limpo; além de cidades da Região Metropolitana, como Embu das Artes.
O preço dos imóveis na região onde atua o Grupo Clariô subiu devido à possibilidade da chegada do metrô, com a estação Taboão, que ser a última da linha 4 - Amarela. “A especulação imobiliária está forte, fez com que o valor triplicasse e acabou inviabilizando ideias para levantar recursos”, diz Washington Gabriel, ator e produtor.
Segundo ele, “o espaço não é do grupo, é da comunidade, de outros grupos que não tem sede, de grupos do interior que vem para a capital, grupos de capoeira. O espaço é usado por muitas pessoas, sempre de graça”.
“Arte pela periferia, na periferia e para a periferia” é o lema do Clariô
O trabalho do grupo é reconhecido pela comunidade e pela crítica. Ganhou o Prêmio Shell, em 2024, “pelos 20 anos de estímulo à produção cultural e atividades culturais na periferia de Taboão da Serra e região e por sua relevância para a história do teatro negro no Brasil”, segundo a premiação.
Em 2023, a Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) premiou quatro atores do Grupo Clariô na categoria “dramaturgia” por Boi Mansinho e Santa Cruz do Deserto.
O trabalho da trupe fomenta a cena cultural e forma atores e atrizes – a mais conhecida é Naruna Costa, que atuou, entre outros trabalhos, na série Irmandade.
“A gente teve que galgar espaço e agenda durante muito tempo para as pessoas entenderem que podiam sair de São Paulo e vir assistir uma peça em Taboão da Serra”, diz Washington Gabriel.