A 3ª edição da Mostra Teatral Rosa dos Ventres Autônomas e Diversas vai até o dia 3 de abril com apresentações em Recife, Olinda e demais cidades da Região Metropolitana. A iniciativa celebra a produção artística de mulheres, com debates, oficinas e apresentações artísticas gratuitas.
Durante 30 dias a programação descentralizada da Mostra promoverá 25 espetáculos, dez performances, cinco oficinas, dois debates e um lançamento de disco. Contempladas na programação estão as performances intituladas "A cada 1h30 uma mulher reage", com o objeto de chamar atenção para os altos índices de violência contra a mulher.
Mostra como manifesto
“A situação é grave e esses dados são inaceitáveis, totalmente revoltantes. Contudo, nutrimos a certeza de que podemos colaborar, através da arte, com essa bandeira que já teve tantos avanços e que ainda apresenta tantos desafios. Estamos reconhecendo, honrando e continuando a colaboração das companheiras que vieram antes da nossa geração”, diz Hilda Torres, idealizadora da Mostra.
Segundo ela, é fundamental garantir cada vez mais espaços de protagonismo, equidade e independência da mulher. “Enfrentar e avançar contra as estruturas opressoras, construídas através dos séculos é um grande desafio, mas precisa ser uma ação contínua e coletiva, sempre com o compromisso da reparação histórica, compreendendo os processos em tempo e espaço, mas com posicionamentos firmes".
O grande momento das apresentações é a leitura do manifesto “Autônomas e Diversas”, de autoria da escritora e professora Odailta Alves, com a colaboração de outras mulheres, considerando seus diferentes perfis, vivências e interseccionalidades. O manifesto será lido durante toda a programação.
Clamor negro
Na abertura da Mostra, Odailta Alves apresentou o monólogo "Clamor Negro", em que interpreta as duras realidades da vida de uma mulher negra. A escritora enxerga a Mostra como um espaço de fortalecimento das identidades, das culturas e pluralidade do que é ser mulher.
“É fundamental para potencializar as lutas de gênero, pois sabemos o quanto é difícil para mulheres estarem inseridas nos contextos de trabalho, sobretudo na área artística e cultural que, muitas vezes, têm homens brancos à frente”.
Segundo ela, quando acontece um projeto potente como a Mostra, que acolhe e abraça o trabalho das mulheres, elas são empoderadas, criando uma rede. “Pisar em uma formiga é fácil, mas em um formigueiro, não", finaliza.
Homenageadas
Este ano a Mostra homenageia cinco mulheres: Agrinez Melo, mãe, candomblecista, professora, atriz e pesquisadora; Beta Galdino, camareira e contrarregra que integra a equipe do Centro Cultural Apolo-Hermilo; Kátia Virgínia, técnica em maquinária no Centro Cultural Apolo-Hermilo; Sharlene Esse, atriz, cantora e multiperformer; e Triana, iluminadora que iniciou seus trabalhos na área teatral na década de 70.
A programação completa pode ser conferida aqui.