Mostra Teatral no Recife é manifesto por direitos das mulheres

Durante o mês de março haverá espetáculos quase todos os dias, além de performances, oficinas e debates

8 mar 2023 - 13h57
 Cena do monólogo Clamor Negro, sobre as realidades da mulher negra, em Recife
Cena do monólogo Clamor Negro, sobre as realidades da mulher negra, em Recife
Foto: Ana Priscila/@anapriliber

A 3ª edição da Mostra Teatral Rosa dos Ventres Autônomas e Diversas vai até o dia 3 de abril com apresentações em Recife, Olinda e demais cidades da Região Metropolitana. A iniciativa celebra a produção artística de mulheres, com debates, oficinas e apresentações artísticas gratuitas.

Durante 30 dias a programação descentralizada da Mostra promoverá 25 espetáculos, dez performances, cinco oficinas, dois debates e um lançamento de disco. Contempladas na programação estão as performances intituladas "A cada 1h30 uma mulher reage", com o objeto de chamar atenção para os altos índices de violência contra a mulher. 

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Cena do espetáculo BruxaRria - Entre o Lírio e o Delírio no Recife. Mostra é um manifesto pelos direitos da mulher
Foto: @casadebarbara

Mostra como manifesto

“A situação é grave e esses dados são inaceitáveis, totalmente revoltantes. Contudo, nutrimos a certeza de que podemos colaborar, através da arte, com essa bandeira que já teve tantos avanços e que ainda apresenta tantos desafios. Estamos reconhecendo, honrando e continuando a colaboração das companheiras que vieram antes da nossa geração”, diz Hilda Torres, idealizadora da Mostra.

Segundo ela, é fundamental garantir cada vez mais espaços de protagonismo, equidade e independência da mulher. “Enfrentar e avançar contra as estruturas opressoras, construídas através dos séculos é um grande desafio, mas precisa ser uma ação contínua e coletiva, sempre com o compromisso da reparação histórica, compreendendo os processos em tempo e espaço, mas com posicionamentos firmes".

O grande momento das apresentações é a leitura do manifesto “Autônomas e Diversas”, de autoria da escritora e professora Odailta Alves, com a colaboração de outras mulheres, considerando seus diferentes perfis, vivências e interseccionalidades. O manifesto será lido durante toda a programação.

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Avançar contra opressão é um dos recados de BruxaRria, peça apresentada na mostra em Recife
Foto: @casadebarbara

Clamor negro

Na abertura da Mostra, Odailta Alves apresentou o monólogo "Clamor Negro", em que interpreta as duras realidades da vida de uma mulher negra. A escritora enxerga a Mostra como um espaço de fortalecimento das identidades, das culturas e pluralidade do que é ser mulher.

“É fundamental para potencializar as lutas de gênero, pois sabemos o quanto é difícil para mulheres estarem inseridas nos contextos de trabalho, sobretudo na área artística e cultural que, muitas vezes, têm homens brancos à frente”.

Segundo ela, quando acontece um projeto potente como a Mostra, que acolhe e abraça o trabalho das mulheres, elas são empoderadas, criando uma rede. “Pisar em uma formiga é fácil, mas em um formigueiro, não", finaliza.

Cena do espetáculo BruxaRria - Entre o Lírio e o Delírio no Recife. Mostra é um manifesto pelos direitos da mulher
Foto: @casadebarbara

Homenageadas

Este ano a Mostra homenageia cinco mulheres: Agrinez Melo, mãe, candomblecista, professora, atriz e pesquisadora; Beta Galdino, camareira e contrarregra que integra a equipe do Centro Cultural Apolo-Hermilo; Kátia Virgínia, técnica em maquinária no Centro Cultural Apolo-Hermilo; Sharlene Esse, atriz, cantora e multiperformer; e Triana, iluminadora que iniciou seus trabalhos na área teatral na década de 70.

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A programação completa pode ser conferida aqui.

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