O ano era 1965. Ney Latorraca tinha 21 anos, havia atuado em teatro estudantil e estreava profissionalmente com a peça Reportagem de um Tempo Mau, de Plínio Marcos. Houve uma única apresentação, a censura acabou com o espetáculo.
A peça tinha tudo para dar problema para Ney Latorraca e os demais envolvidos. Era o início da Ditadura no Brasil e Plínio Marcos, um ícone do teatro e da literatura marginal, atualmente reverenciado por escritoras e escritores de periferia, vivia na mira da censura.
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“Fiquei completamente arrasado, queria me matar. Voltei para Santos”, declarou o autor e diretor sobre a censura de Reportagem de um Tempo Mau.
Apesar da marca autoral marginal, dos temas ao vocabulário, a peça de Plínio Marcos usa uma técnica incomum para o dramaturgo, a colagem de textos. A história é formada pela junção de trechos de escritores como Bertold Brecht, Bíblia, entre outros.
Abordando temas sociais, a peça protagonizada por Ney Latorraca trata de exploração de trabalhadores, racismo, repressão sofrida pela mulher na vida conjugal, concentração de terras, hipocrisia moral. Foi vetada. Posteriormente, Plínio Marcos teria toda a obra proibida.
Não se pode esquecer que o local do espetáculo, Teatro Arena, promovia a renovação nos palcos brasileiros e teria seus integrantes presos. Foi fechado pela Ditadura em 1972.
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