Periferias de SP ganham grafites gigantes de final de ano

Obra em Perus se inspira na mitologia tupi-guarani; em prédio da zona leste, um símbolo da cultura popular pernambucana

26 dez 2024 - 10h22
(atualizado às 10h27)
Resumo
Obras ressignificam espaço urbano. Primeira grande produção da artista Tainha é Tupã: Manifestação do Feminino Divino. Em duas partes, obra de Osù é La Ursa pelo Direito à Cidade. As produções integram o Museu de Arte Urbana (MAR).
Osù diante do seu grafite La Ursa pelo Direito à Cidade, Jardim Ermelino Matarazzo, zona leste de SP.
Osù diante do seu grafite La Ursa pelo Direito à Cidade, Jardim Ermelino Matarazzo, zona leste de SP.
Foto: Tamara dos Santos

Duas quebradas de São Paulo, em Perus e Jardim Matarazzo, ganham grandes murais grafitados nas laterais de condomínios populares neste final de ano. Os grafites são de Tainha e Osù, homenageando, respectivamente, a mitologia indígena e a cultura popular pernambucana.

A artista Tainha registrou sua empena – grandes painéis nas laterais de prédios – na rua Alagoa Nova, 98, Perus, zona noroeste. Tratar-se de Tupã: Manifestação do Feminino Divino, inspirada na mitologia tupi-guarani, que celebra mães solo e sua capacidade de resistência e cuidado.

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“Quando pintei meu primeiro mural e ouvi de um amigo que ele reconheceu um parente no rosto que fiz, percebi o poder dessa conexão,” diz Tainha. Em relação à empena em Perus, transformar uma parede da cidade “é uma forma de ressignificar o espaço urbano”.

À direita, grafite Tupã: Manifestação do Feminino Divino, em Perus, zona noroeste de São Paulo, da artista Tainha.
Foto: Divulgação

O grafite de Tainha está em um condomínio popular no extremo noroeste de São Paulo, próximo a Caieiras. Dali são 46 quilômetros de distância da empena de Osù, no Jardim Matarazzo, zona leste da capital paulista, na divisa com Guarulhos, próximo ao aeroporto.

Imagem da Ursa para reivindicar o direito à cidade

Usando duas laterais de prédios, com imagens que se complementam, Osù, artista pernambucano, grafitou La Ursa. É uma manifestação carnavalesca típica de Pernambuco, símbolo do poder cultural do povo nordestino. Para Osù, há uma conexão muito forte entre o grafite e La Ursa.

“É a vontade de estar na rua, de movimentar a cidade, de transformar o dia das pessoas e de levar alegria de alguma forma”, compara.  “O grafite está ali, nas ruas, disponível para todos, assim como a La Ursa, que também cumpre esse papel".

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Com 375 metros quadrados, grafite mostra, à esquerda, o percussionista que, à direita, aparece com a fantasia completa.
Foto: Tamara dos Santos

O grafite do artista pernambucano Osù está localizado na Rua Japichaua, 506, Jardim Matarazzo. Essa obra e a de Tainha compõem o Museu de Arte de Rua (MAR).

Quem é Osù?

O artista pernambucano Emerson José da Silva, conhecido como Osù, tem mais de uma década de dedicação à arte urbana. Sua trajetória inclui street art, tatuagem, ilustração e encadernação. Seus temas variam entre a espiritualidade ligada à Jurema e ao candomblé, além de vivências cotidianas de pessoas periféricas.

Quem é Tainha?

Para sorrir nessa altura, Tainha está segura em estrutura profissional de segurança. Foi sua primeira "empena"
Foto: Divulgação

Tainha é produtora cultural e se apresenta com as seguintes credenciais: “grafito, ilustro, tatuo e outras coisitchas más”. Com planos de expandir seu Projeto Retraços, Tainha pretende continuar a contar histórias culturais e conectar-se com o público através da arte urbana. Em sua trajetória, a artista se dedica a trazer cor e significado ao cotidiano das cidades.

Fonte: Visão do Corre
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