Winnit: o homem trans, negro e favelado revelação do freestyle

Artista é da Favela do Pantanal, em Diadema, e descobriu sua capacidade de improvisar rimas em batalha da cidade

25 abr 2023 - 16h59
Winnit no Redbull FrancaMente, em 2018, que ele venceu. Vitória nos palcos e da representatividade
Winnit no Redbull FrancaMente, em 2018, que ele venceu. Vitória nos palcos e da representatividade
Foto: Divulgação

Winnit, 23 anos, natural de Diadema, região metropolitana de São Paulo, é uma grande revelação do freestyle, estilo improvisado de rimar. Além de talento e trabalho, ele também leva representatividade à cena hip hop: é um homem trans, negro e favelado.

Winnie Noely Patrocinio nasceu em uma família de artistas, com mãe bailarina, avó sambista e irmão pagodeiro, mas fugia do cenário artístico-musical. Contudo, em um momento difícil da adolescência, conheceu a Batalha da Central de Diadema, e se encontrou como pessoa e artista. A partir de então, pratica e multiplica a arte de rimar no improviso.

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“Como eu não sabia o que era uma batalha, cheguei, encostei, batalhei e fui embora. Ganhei a primeira fase e deixei o local, não sabia como funcionava. Mas desde então me deu uma curiosidade de entender o que que era aquilo, onde rolava, onde podia achar mais eventos”.

Ascenção no disputado mundo das rimas

As batalhas de rimas o levaram para a música, explorando desde 2017 o estilo afrobeat. O fato de gostar de escrever desde pequeno foi importante no seu despertar musical. Nesse meio tempo, entrou para o movimento Sound System, onde se sentia motivado para compor, pois via as pessoas gravando, colocando suas ideias em prática. “Quando eu entrei pra batalha de rima, onde a conexão com o mercado musical acabou sendo bem maior, foi meio que automático fazer essa migração”.

Winnit batalha em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. O trabalho do rimador está repercutindo no Brasil e no mundo
Foto: Rodolfo Gabriel @leite_vpn

Desde então, Winnit vem ganhando batalhas e lançando músicas e clipes. É considerado o primeiro homem trans numa liga internacional de freestyle, vencedor de duas importantes competições, Redbull FrancaMente, em 2018, e a maior liga de freestyle do mundo, a Freestyle Master Series (FMS), neste ano.

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Ser referência para outros homens trans

Winnit não considera a sua trajetória literalmente um sucesso, uma explosão, mas um grande passo para coisas importantes que ainda vão acontecer. “Mas é incrível, sabe, poder ter produzido um conteúdo dentro de uma favela sem estrutura”, diz ele, que mora na Favela do Pantanal, em Diadema.

“Isso tudo é assustador, não é tipo uma coisa comum pra mim, sabe? Eu não sei explicar como isso se deu, é uma surpresa tanto pra mim quanto pras pessoas que me escutam e estão envolvidas no trabalho que eu faço.”

Winnit, improvisador trans, é da Favela do Pantanal, em Diadema, Região Metropolitana de São Paulo
Foto: Divulgação

Pela relevância que conquistou, acaba sendo um referência para outros homens trans, que buscam nele o apoio e informações que Winnit não tinha quando estava se descobrindo.

Trabalho para aliviar o sofrimento do próximo

Perceber a falta de representatividade transmasculina o fez lutar para ocupar espaços e, assim, abrir caminho para outros. “O fato de não ter nenhum representativo no meu meio de trabalho, que era as batalhas de rimas, e nem na indústria musical, me deixou meio que com raiva, sabe? Eu sei que não é por falta de pessoas nesses locais, é simplesmente a falta de visibilidade.”

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Ele finaliza citando uma frase com a qual se identifica desde criança, que é “eu não me importo em sofrer se isso for aliviar o sofrimento dos próximos”. E por que a escolha desse frase? “Porque é uma coisa que eu gostaria que tivessem feito por mim”.

Fonte: Redação Terra
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