Pela primeira vez, em maio deste ano, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgou dados da Pesquisa Nacional de Saúde sobre a orientação sexual auto identificada da população adulta aqui no Brasil. Segundo o instituto, 2,9 milhões de pessoas acima de 18 anos se declaram lésbicas, gays ou bissexuais por aqui. Mas se o mês é do orgulho LGBTQIAP+, onde estão as informações sobre os outros representados na sigla?
A resposta para essa pergunta acompanha a ausência de dados sobre a população LGBTQIAP+ no geral aqui no Brasil e acompanha a subnotificação dos dados apresentados na pesquisa. Quem sente segurança para autodeclarar sua orientação ou gênero no país que mais mata LGBTQIAP+ no mundo?
Em busca de respostas e reflexões sobre o tema, conversei com o fundador e pesquisador do Instituto Cultura Arte e Memória LGBT, Rodolfo Godoi. Ele destaca que, nos últimos anos, registramos avanços. "O diálogo tem sido estreitado nas últimas décadas. Nós temos conseguido uma conscientização da população brasileira para transformar a forma de pensar e as ações das pessoas", relembra.
Ao longo dos últimos anos, a criação de políticas públicas, assim como o espaço para discussão sobre pautas da comunidade em pastas importantes, como o Ministério dos Diretos Humanos, que se tornou o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, deixaram de existir. Tudo isso, num contexto em que há cada 26 horas uma pessoa morre por LGBTfobia no país. E mais uma vez, o olhar para o futuro também atravessa nossas escolhas políticas.
"A gente quer construir uma sociedade não-opressora, mais justa. É possível realizar uma transformação social por vias positivas, observando um futuro em que a gente não precise prender ou punir pessoas LGBTfóbicas", conclui o sociólogo, quando questionado sobre o espaço que as pautas da comunidade LGBTQIAP+ precisam ocupar nas agendas dos candidatos que escolheremos em outubro. E aí, bora conversar mais sobre isso?