Basta uma ida ao mercado para perceber que, a maioria da população, tem gastado mais para comer menos. A conversa de hoje, lamentavelmente, nos leva para uma realidade que o Brasil já não vivia desde 2014, quando o Brasil saiu do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas.
Esse marco, mundialmente conhecido, foi um passo à frente rumo ao direito humano de se alimentar de forma adequada e saudável. Mas regredimos. Em conversa com a nutricionista Áurea Santa Izabel, compreendi também os problemas que a falta de uma alimentação adequada geram para a sociedade: adoecemos cada vez mais por não ter acesso aos alimentos necessários para nutrir o nosso organismo.
“A insegurança alimentar é sinônimo de fome. É não termos na mesa alimentos nem em quantidade, nem com uma boa qualidade nutricional, que possam garantir a saúde e a dignidade da população”, explica a nutricionista.
Segundo o Dieese, que já foi citado por aqui quando falamos sobre salário mínimo, a cesta básica que custa até R$ 400 é insuficiente do ponto de vista nutricional. A presença de ultraprocessados (que custam menos que alimentos in natura) e a ausência de produtos frescos, frutas, legumes e verduras são um retrato do quão inacessível uma alimentação saudável se tornou para uma grande parcela da população.
É uma realidade dura, mas que precisa ser exposta, discutida e trabalhada pelas autoridades responsáveis para que mudanças efetivas aconteçam. O Brasil está entre os maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, o que justifica a volta ao mapa da fome e a pobreza nutricional que assola a população? Essa é a nossa conversa de hoje.