Percebo que atualmente, é praticamente impossível falar sobre pandemia sem passar pelos danos que este período causou à nossa saúde mental. Quem e como você era antes de tudo isso? Essa passou a ser uma pergunta frequente feita por boa parte da população, foi o que me contou a psicanalista Natália Intasqui.
De olho nos mais jovens, além de todos os questionamentos sobre como vivíamos, como passamos a viver e como viveremos, o psiquiatra Rodrigo Ramos, destaca outro lado dessa realidade. "Um relatório do CDC (Centro de Controle de Doenças) demonstrou que desde o aumento da pandemia houve um aumento de 51% nas tentativas de suicídio em meninas de 12 a 17 anos comparados com 2019, ano que ainda não havia a Covid-19."
Durante a minha conversa com os especialistas, a presença do medo e da ansiedade na nossa realidade fez parte de quase todas as respostas. "No início as maiores queixas eram relacionadas ao medo do desconhecido e do incerto. Hoje, as pessoas já conseguiram, de certa forma, ultrapassar essa barreira, porém passaram a ter ainda mais sintomas ansiosos, agora mais voltados para o viés existencial", compara Natália.
O luto, por sua vez, também se tornou cada vez mais "comum" dentro da nossa realidade, seja pela perda de pessoas, passando por lugares, empregos e relacionamentos. Por aqui, perdi pessoas não só para o vírus, mas também por consequência do isolamento e do estranhamento que a manutenção de uma relação 100% virtual pode causar. Como foi por aí? Você pode me contar nos comentários ou lá no Twitter.
O cuidado e a atenção com a saúde mental, como já comentamos no Simplão, não podem ser privilégio de uma única parcela da população, embora ainda seja. Todos nós adoecemos nos últimos meses. Ter consciência e poder falar sobre isso pode ser um bom primeiro passo. Vamos?