O samba é terapia popular! Amo muito esse verso e penso sempre sobre o papel de cura que o ritmo teve e ainda tem na história do nosso país. Retrato de resistência, arte e com registros poéticos de uma dura realidade, neste dia do samba, a gente volta no tempo para entender esse movimento na história do Brasil.
Conversei com o Felipe Trotta, professor do Programa de Pós Graduação em Comunicação e do Departamento de Estudos e Mídia da UFF, um outro apaixonado por samba, que me trouxe dimensões interessantes sobre a chegada do ritmo da Bahia ao Rio de Janeiro e as transformações que surgiram desde então.
“O papel da preservação e da celebração é exatamente o papel para pensar na preservação de histórias e raízes, porque a música é um fenômeno vivo, em constante transformação. A transformação é sempre feita com base em referências que vêm do passado mas também com incorporações que envolve novos modos de pensar, novas sonoridades, novas soluções estéticas e até sociais que acontecem”, pontuou Trotta.
Além do dia 02 de dezembro ser considerado o dia do Samba, segundo o Senado, a Comissão de Educação do Senado já aprovou um projeto (PL 256/2019), que aguarda análise do Plenário, para reconhecer as escolas de samba como manifestação da cultura nacional. É mais uma comprovação da transformação e da grandiosidade desse ritmo que hoje conta histórias do nosso país.
Sobre isso, Felipe conta que a consolidação das escolas também foi fruto do crescimento e avanço resistente do samba. Você tem a força das rodas de samba que não vão ser mais só no morro, vão ser nas quadras das escolas, vão sair, vão pra vários espaços da cidade, vão intensificar uma circulação. Tem a consolidação das escolas de samba como um espetáculo comercial; isso é uma coisa que deu muita briga entre os sambistas, mas é um fenômeno muito importante porque abre espaços para outras formações de grupos e estéticas de samba enredo, que vira um estilo super importante.”
Na roda, na avenida ou numa palma improvisada, fato é que o samba vibra nossas raízes e perpetua sentimentos vividos e compartilhados entre muita gente. Talvez seja daí que vem a ideia de terapia popular? Do pertencimento e da identificação? Esse é o nosso papo de hoje. Vem de play.