“Bolos que transmitem sonhos em sabor.” Com este slogan, o jovem confeiteiro Gabriel Felipe Silva, 15, morador do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, faz sucesso nas redes sociais ao criar bolos decorados que despertam o desejo de quem os vê.
O primeiro contato com a confeitaria veio por meio da irmã mais velha, Ana Silva, 22, que fazia bolos por hobby. “Desde os seis anos de idade, eu gostava de acompanhar o processo. Mas somente aos 11 anos comecei a buscar conhecimento, ver vídeos e executar as receitas”, relembra Gabriel.
Em 2020, durante a pandemia, após fazer cursos e aperfeiçoar as técnicas, o jovem fez a primeira venda de bolo para uma vizinha e decidiu transformar o talento na cozinha em um negócio. “Comecei a praticar em casa, tirava fotos e postava nas redes sociais. Aí foi despertando o desejo das pessoas em pedirem”, diz.
Os bolos decorados têm 15 cm de altura, com quatro camadas de massa e três de recheio. Os sabores são muitos, como brigadeiro cremoso, brigadeiro de limão siciliano, creme de quatro leites e ganache meio amargo, e os valores começam a partir de R$ 120. “O pedido que mais sai é o de brigadeiro cremoso”, conta Gabriel.
Todo o processo de confecção de um bolo, desde o preparo até a decoração, leva de seis a oito horas. Tudo é feito a partir dos desejos do cliente, mas o que o confeiteiro considera mais difícil é fazer a gestão de tempo.
“São muitos pedidos e preciso redobrar a atenção para dar conta de tudo, inclusive dos estudos”, diz o garoto, que conta com a ajuda da irmã Ana quando está com muito trabalho.
Na rotina, o adolescente, que aspira cursar gastronomia e publicidade e propaganda, acorda às 6h e vai para a escola EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Marina Vieira de Carvalho Mesquita, onde cursa o 9º ano. Somente na volta para casa que ele se dedica aos doces.
“Tenho consciência de que os estudos precisam vir em primeiro lugar. Faço o que preciso fazer das atividades e foco nos bolos”, conta o confeiteiro.
Entre os amigos da escola, Gabriel é o único que possui um negócio. “Meus amigos me chamam de boleiro ou blogueiro. É bem normal a nossa convivência, mas em minhas conversas, sempre gosto de pontuar sobre o empreendedorismo jovem, falar sobre redes sociais e marketing”, pontua o microempreendedor.
POSICIONAMENTO NAS REDES SOCIAIS
Em terra de redes sociais, ganhar seguidores é considerado fundamental para atrair mais clientes. Com 25 mil seguidores, o jovem confeiteiro relata que tem o apoio do irmão, Matheus Rosa da Silva, 19, graduando em marketing.
“Meu instagram era pessoal, então transformamos em empresarial. Toda identidade visual foi pensada. Uma forma que consegui crescer foi divulgando o meu trabalho em grupos de bairros e de confeitaria”, conta Gabriel.
Nas publicações, ele ensina as técnicas que usa nos doces e mostra um pouco do dia a dia. Ao abrir caixinhas de perguntas, um recurso da plataforma, o assunto que mais bomba de perguntas é sobre o “buttercream”, uma receita de creme feito com manteiga, utilizada em coberturas e recheios de bolos.
Com 374 mil visualizações, o vídeo mais visto na página é sobre a trend: “quando falo que tenho 14 anos e sou confeiteiro, o que as pessoas pensam…”. O vídeo mostra bolos que deram errado e, logo depois, as obras do jovem bem decoradas e finalizadas.
Para o futuro, o jovem espera construir uma pâtisserie (padaria especializada em bolos e doces) e se tornar referência na internet no ramo da gastronomia. “Quero ministrar cursos online e ensinar tudo o que sei”, finaliza Gabriel.