Fisioterapia na quadra reúne dezenas de moradores na zona sul de SP

Há 10 anos, projeto encabeçado por UBS da Vila Natal visa aliviar dores de pacientes e estimula prática de exercícios todas as seman

29 nov 2022 - 05h00
(atualizado às 17h57)
Patrícia trabalha como fisioterapeuta na UBS Vila Natal há 9 anos e é quem comanda as aulas
Patrícia trabalha como fisioterapeuta na UBS Vila Natal há 9 anos e é quem comanda as aulas
Foto: Jessica Bernardo/Agência Mural

Todas as segundas-feiras a quadra localizada na rua Amora Natal, na Vila Natal, bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo, recebe dezenas de visitantes. São moradores que se reúnem durante a manhã para participar de uma aula de fisioterapia em grupo oferecida há 10 anos pela UBS (Unidade Básica de Saúde) da região. 

“O dia que a gente não vem, a gente já sente falta”, comenta a costureira Jailda Souza de Jesus, 51, que frequenta as aulas há um mês. A atividade aberta para a população faz parte de um projeto encabeçado por profissionais do posto de saúde para aliviar as dores dos pacientes e estimular a atividade física entre os moradores. 

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Desde que o projeto começou, os participantes contam que têm sentido melhorias e o grupo cresce toda semana. A Agência Mural acompanhou uma aula no dia 21 de novembro. Naquele dia, 66 pessoas, a maioria mulheres idosas, ocuparam a quadra para fazer os exercícios sob a orientação da fisioterapeuta Patrícia Mascena, 33. 

Jailda frequenta as aulas há um mês e sempre vai acompanhada da neta de 7 anos
Foto: Jessica Bernardo/Agência Mural

“Quem está vindo pela primeira vez, seja bem-vindo”, falava a profissional para os novatos que olhavam curiosos para o espaço. Para fazer as aulas, a única exigência é a apresentação do Cartão SUS. Mesmo assim, quem esquece o documento não é proibido de participar da atividade e pode apresentar o cartão na semana seguinte. 

As aulas na quadra foram iniciativa de um educador físico na época da inauguração da UBS Vila Natal, em 2012. No começo, os moradores foram resistentes à ideia. “A gente não tem uma cultura própria do exercício, não tem esse hábito difundido”, explica Patrícia. 

Aos poucos, no entanto, o grupo foi crescendo. Primeiramente com a indicação dos médicos do posto e depois com o “boca-a-boca” dos vizinhos. “Uma pessoa vai puxando a outra”, conta a fisioterapeuta, lembrando histórias em que participantes trouxeram a mãe, amigos e vizinhos. 

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Agora, passada uma década do início das aulas, a quadra fica lotada. E falta até papel para anotar o nome de todos os participantes, como conta a agente de saúde Francisca das Chagas Teixeira, 55. “Tem dia que trago duas folhas [para anotar] e não dá conta”, afirma Fran, como a agente é conhecida. 

As aulas começam com alongamentos e avançam para exercícios de pequena e média intensidade, enquanto músicas de cantoras pop como Rihanna e Camila Cabello tocam ao fundo. A fisioterapeuta caminha entre os participantes auxiliando aqueles com mais dificuldade de fazer o exercício. No total, a atividade dura cerca de 40 minutos, com pausas curtas para beber água. 

Josefa Maria de Siqueira, 48, faz as aulas há seis meses e diz que a atividade ajudou no tratamento das dores na coluna. “A gente se exercita e vai aliviando [as dores]. Você se sente bem melhor”, afirma a dona de casa. 

A cuidadora de crianças Neusa Rodrigues Santos, 63, também sente que os exercícios fazem diferença para a saúde. Participante do projeto há seis anos, ela mora em frente à entrada da quadra e virou referência do grupo por guardar em casa os cabos de vassoura que são usados para alguns exercícios. 

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“Guardo aqui vai fazer três anos”, conta a moradora, que diz ter mais de 60 bastões em casa para emprestar aos vizinhos que fazem a aula. 

A socialização entre os moradores é uma das características positivas dos encontros, explica Patrícia. “Ali tem amigas que vão juntas, que ficam do lado. Então a socialização é muito importante, sair de casa, ver outras pessoas”, afirma. 

Além da fisioterapia em grupo, a UBS Vila Natal também oferece grupos abertos de dança, vôlei e caminhada. Pacientes encaminhados pelos médicos também podem fazer aulas de pilates, mas neste caso o grupo é fechado.

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