Tatuador da periferia de Salvador ganha troféus na Tattoo Week

Urbano Tattoo foi premiado em evento que é considerada a maior convenção de tatuagem do mundo

8 nov 2022 - 05h00
Urbano Tattoo, os dois troféus e sua tela humana, Diego Olgiat
Urbano Tattoo, os dois troféus e sua tela humana, Diego Olgiat
Foto: Divulgação

Seja a arte na poesia, ou em seus traços, formas e sombras no papel, na parede ou na pele, ela sempre moldou a vida do tatuador William Silva, mais conhecido como Urbano Tattoo, de 24 anos. Criado em Sussuarana, na periferia de Salvador, o tatuador foi o único a trazer para Bahia dois troféus da Tattoo Week SP 2022. O artista foi premiado em segundo lugar nas categorias Fechamento e Lettering.

“Foi incrível, sensação de uma parada que eu nunca pensei e sonhei que iria conseguir realizar. Eu tinha isso como algo muito distante, e realizar foi realmente essa validação, de parar, olhar e falar: ‘o bagulho não foi em vão’”, explicou o tatuador. 

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Apesar de jovem, Urbano já soma sete anos de carreira e vem fazendo história, colecionando conquistas que tatuadores com mais anos de trabalho ainda não conseguiram alcançar. “A primeira vez que eu fui premiado na Tattoo Week, lá em 2019, em segundo lugar na categoria lettering, foi um marco sensacional porque nenhum tatuador da Bahia tinha sido premiado na Tattoo Week de São Paulo. Dode Tattoo já tinha sido premiado na do Rio de Janeiro, mas nesse ano, em São Paulo, eu e ele fomos os primeiros a trazer troféu para Bahia”, contou Urbano. 

Para a Tattoo Week SP deste ano, realizada nos dias 20, 21 e 22 de outubro, o tatuador se preparou por meses. Visto que, em algumas categorias é permitido apresentar tatuagens cicatrizadas, desde agosto, Urbano vem desenvolvendo e executando o projeto premiado em segundo lugar na categoria fechamento. Já a arte vencedora do segundo lugar na categoria lettering, foi feita, da forma tradicional, durante os dias do evento. 

Fechamento realizado pelo tatuador Urbano
Foto: Divulgação

“Fizemos a última sessão do fechamento faltando quinze dias pro evento, eu quis fazer um projeto onde a frente e as costas tivessem uma conexão. Na elaboração do projeto eu quis fazer a projeção do lado racional na parte da frente e na parte das costas a parte emocional”, explicou Urbano.

William, como é chamado pela família, aprendeu a desenhar com seu irmão, Aislan Silva, e começou a frequentar shows de rap e saraus de poesia pela influência da irmã, Lane Silva. Durante a vivência no grupo de rap e poesia que fazia parte conheceu Silada Tattoo, e assim surgiu o interesse em aprender mais essa modalidade artística, apesar de ter sido apresentado a tatuagem, a partir do pai, Seu Domingos, fazendo um “risco muito trash” na casa do vizinho. Seus desenhos realistas impressionaram Silada que foi o primeiro mentor de Urbano em seus primeiros passos, quando sua assinatura ainda era Samurai.

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“No momento que eu conheci ele, foi o que me deu o start de virar tatuador, e aí que eu fui e conversei com ele e pedi pra ele me ensinar a tatuar,  foi com ele que eu tive os primeiros toques de como funcionava o processo ali de uma tatuagem”, lembrou o artista, que além de desenhar também se arriscava no grafite. 

Dessa forma, o jovem “cria de Sussuarana”, como é chamado os moradores da região, desenvolveu e validou todo seu trabalho dentro da sua periferia, onde inclusive abriu o seu primeiro estúdio de tatuagem. E hoje, além das premiações em diversas convenções de tatuagem, Urbano também é convidado para ser jurado dos eventos e costuma esgotar as vagas para seus workshops teóricos e práticos de Preto e Cinza e Lettering.

“Eu acho que a periferia ela me deu formação. Porque acho que tudo na minha vida interligou uma coisa na outra. Até a minha postura, a forma de me posicionar, as minhas ideologias, as minhas crenças e tudo se deu por conta da onde eu vim, né?”, finalizou Urbano Tattoo.

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