‘Vozes da Margem’ celebra diversidade de artistas da zona sul

Com 5 videoclipes, projeto da coletiva Quebramundo traz o trabalho de artistas do Grajaú, em SP, e exalta o conceito da estética marginal

29 nov 2022 - 05h00
(atualizado às 16h53)
Equipe e artistas do Vozes da Margem reunidos para uma gravação
Equipe e artistas do Vozes da Margem reunidos para uma gravação
Foto: Isa Hansen

O “Vozes da Margem” é o novo projeto da coletiva Quebramundo - Da Quebrada Para o Mundo, formada por artistas do Grajaú, na periferia da zona sul de São Paulo. A proposta é produzir videoclipes de artistas que têm ligação com o distrito para enaltecer e potencializar a diversidade cultural que existe na região. 

Ao todo, seis artistas independentes compõem a primeira temporada: Marina Mathey, Yagodu, Gê de Lima, Lyryca e a dupla DeAssalto. Cada um deles gravou um material e vídeos estão disponíveis no YouTube e no Instagram. 

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“Tem um monte de gente que é talentosa por aqui, mas não temos tempo de encontrá-las. Logo que os vídeos começaram a rodar, o que apareceu de artista querendo participar do projeto não estava escrito”, diz Vic de Carvalho, 30, co-fundadora da coletiva, designer e produtora cultural. 

O conceito visual foi inspirado no COLORS, canal que tem uma identidade marcante, aliada às cores, som e uma curadoria que busca talentos musicais ao redor do mundo e em diferentes gêneros musicais. A coletiva também se baseou na série de clipes do Trio Fissura, trabalho anterior lançado pela Quebramundo em 2021. 

Diante da diversidade cultural que existe no Grajaú, a equipe decidiu incorporar símbolos que representassem a cultura regional. A “margem” faz referência à periferia como espaço situado na borda da cidade, e ao distrito que está localizado às margens da represa Billings, um dos maiores reservatórios de água da região metropolitana de São Paulo. 

No momento de seleção dos artistas que seriam contemplados pelo projeto, a coletiva deu espaço para aqueles que trazem questões de gênero, sexualidade, raça e etnia nos trabalhos e na própria vivência. 

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“Para a gente é uma missão proporcionar visibilidade para as nossas ‘corpas’ que, por muito tempo, foram colocadas à margem. A gente toma de assalto esse termo e se apropria do que é marginal para que as pessoas direcionem esse olhar e reconheçam que é um conceito só nosso”, observa Vic. 

Foram dois meses planejando os figurinos e o cenário, e cada artista foi vestido por um designer diferente da quebrada. Para as peças, foram incorporadas a moda sustentável e o upcycling (“reutilização criativa” em tradução livre). Ou seja, materiais já existentes foram reaproveitados para otimizar o ciclo de vida das roupas. 

Na 1ª temporada, participaram artistas independentes do Grajaú
Foto: Isa Hansen

Quem assina a direção de arte é o artista visual Gustavo Dias, 32, que buscou se distanciar dos clichês que são utilizados para retratar a estética das periferias. “Adoro a quebrada, cada detalhe e sempre vejo beleza no meu dia a dia. É onde busco minha referência para somar nos processos”, explica. 

As gravações ocorreram ao longo de dois dias e a atriz e cantora Marina Mathey, 29, foi a primeira voz da margem a aparecer no projeto cantando “Nina”, música inédita do álbum Boneca Pau Brasil, lançado em outubro de 2022. 

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Ela se mudou para o Grajaú durante a pandemia de Covid-19 e aponta que os shows que ocorreram de forma online durante a quarentena apresentaram uma nova maneira de construir pontes e expandir o trabalho de artistas marginalizados. 

“Poder estar no Grajaú e ser convidada para participar junto a artistas do território é muito valioso para mim, e enriquecedor para que a gente some nossas forças. Vejo aqui uma potência cultural e artística muito forte, um movimento grande de artistas periféricos e a valorização dessas potências”, celebra Marina. 

Para conhecer mais sobre o trabalho da Quebramundo, acesse o canal do YouTube e siga a coletiva nas redes sociais: @quebramundo. 

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