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Caso Marielle: acompanhe o julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz

Reús confessos do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes vão a júri popular no Rio de Janeiro

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Acompanhe o julgamento ao vivo

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Catarina Carvalho, repórter do Terra, fala sobre ato no Buraco do Lume que contou com a presença da família de Marielle Franco

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Luyara Franco, filha de Marielle Franco, fala sobre como difícil "ver a frieza com que os réus estavam falando"

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"Ainda tem muita luta, ainda tem muita coisa pela frente. A gente sabe que [condenar] o mandante não vai ser fácil", declara Anielle Franco

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Luyara Franco, ao lado da estátua em homenagem a sua mãe, Marielle Franco

Luyara ao lado da estátua da mãe, Marielle Franco, no Buraco do Lume
Luyara ao lado da estátua da mãe, Marielle Franco, no Buraco do Lume
Foto: Catarina Carvalho/Terra
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Anielle Franco em manifestação: "Tá pra nascer a pessoa que vai 'calar' isso aqui"

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, chegou acompanhada da família em manifestação realizada na noite desta quinta-feira, 31, no Buraco do Lume, no Centro do Rio de Janeiro. Em discurso, ela disse que estava com "saudades" da militância.

"[Estava com saudades] de olhar para todas as mães e pais que estão aqui. Assim como a gente se reconhece na vida, na história de vocês, a gente quer que vocês se reconheçam e que a gente sempre caminhe lado a lado. Tá pra nascer o dia que a pessoa vai 'calar' isso aqui". 

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Erika Hilton, Marcelo Freixo e outros: veja repercussão após condenação de Ronnie e Élcio no caso Marielle e Anderson

A condenação de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz nesta quinta-feira, 31, pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, repercutiu nas redes sociais de amigos, familiares e figuras públicas em geral. 

Erika Hilton, Marcelo Freixo, Duda Salabert, José Guimarães, entre outros, utilizaram seus perfis no X (antigo Twitter) para falar sobre o resultado da sentença após 6 anos e 7 meses da morte da vereadora e do motorista. Além disso, a viúva de Marielle Franco, Mônica Benício, também usou a rede para afirmar que "nenhuma condenação é restauradora da ausência". [LEIA MAIS]

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Família de Marielle Franco chega ao ato realizado no Buraco do Lume, no Centro do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (31)

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"Talvez Justiça fosse Anderson e Marielle presentes", diz juíza ao ler sentença para Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz

Juíza lê a sentença do julgamento dos assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes
Juíza lê a sentença do julgamento dos assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes
Foto: Reprodução/Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

A juíza Lúcia Glioche, responsável pelo julgamento dos assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, chamou atenção para o sofrimento que os homicídios provocaram nos familiares das vítimas ao proferir a sentença, na noite desta quinta-feira, 31, no 4º tribunal do júri do Rio de Janeiro. 

"A sentença que será lida, agora, talvez não traga aquilo que se espera da Justiça. Talvez Justiça fosse que o hoje o dia jamais tivesse ocorrido, talvez Justiça fosse Anderson e Marielle presentes. Como se a justiça tivesse o condão de trazer o morto de volta", iniciou a magistrada. [LEIA MAIS]

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Familiares de Marielle e Anderson Gomes se emocionam após condenação de assassinos

A leitura da sentença contra Ronnie Lessa e Élcio Queiroz pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes marcou o encerramento de um julgamento intenso, carregado de fortes emoções, nesta quinta-feira, 31. A família de Marielle estava na primeira fila do plenário, com o pai, a mãe, a irmã Anielle, e sua filha, Luiara, acompanhados de figuras próximas como Marcelo Freixo e Mônica Benício, além da esposa de Anderson, Ágatha Arnaus. O momento da sentença foi marcado por lágrimas, abraços e consolo, especialmente entre Ágatha e Mônica, que não conseguiu conter a emoção ao ouvir a decisão que condenou Lessa e Élcio. [LEIA MAIS]

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Marcelo Freixo, ex-parlamentar e amigo de Marielle, fala que condenação é "histórica"

Marcelo Freixo, ex-parlamentar, amigo de Marielle Franco e atual presidente da Embratur, afirmou que a condenação de Ronnie e Élcio é "histórica". Em depoimento na quinta-feira, Ronnie Lessa chegou a contar que recebeu uma oferta pra matar Freixo, antes do assassinato de Marielle.

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Manifestantes se reúnem no Buraco do Lume, no Centro do Rio de Janeiro, após condenação de Ronnie e Élcio

Manifestantes estão reunidos no Buraco do Lume, no Centro do Rio de Janeiro, após a condenação de Ronnie e Élcio pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. A sentença foi proferida no fim da tarde desta quinta-feira, 31, após mais de 18 horas de julgamento.

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"Choro não é sincero", afirma pai de Marielle

O pai de Marielle Franco, Antônio da Silva, falou brevemente com a imprensa após a condenação de Ronnie e Élcio no fim da tarde desta quinta-feira. Emocionado ao lado da família, ele disse: "Aquele choro que eles exibem em suas oitivas [os condenados] não é um choro sincero. Nós podemos até dar o perdão pra eles, mas eles não estão arrependidos. A Marielle não vai voltar, o Anderson não vai voltar, mas esse vazio nós vamos ter eternamente nas nossas vidas enquanto estivermos vivos". 

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Ágatha Arnaus: "A morte deles foi encomendada com dinheiro nosso"

Ágatha Arnaus ao lado de Mônica Benício e Luayara
Ágatha Arnaus ao lado de Mônica Benício e Luayara
Foto: Reprodução/GloboNews

A viúva de Anderson Gomes, Ágatha Arnaus, disse em coletiva de imprensa após a condenação dos réus confessos pelo assassinato de seu marido e de Marielle, que a morte deles "foi encomendada com dinheiro nosso", ao se referir às acusações contra o deputado federal Chiquinho Brazão e ao policial civil Rivaldo Barbosa, suspeitos de terem sido os mandantes do crime.

"Eu ouvi o pedido de perdão de alguém que claramente não apresenta qualquer arrependimento. E ainda diz qu eé pra aliviar a consciência. Quem tem que perdoar é Deus ou qualquer coisa no que ele acredite. Eu não perdoo nunca. Eu tenho paz na minha vida, mas não preciso perdoar", desabafou.

"Que eles eram assassinos a gente já sabia. Agora, a gente também tem ex-parlamentar e um ex-chefe de polícia que têm que ser responsabilizados também. E muito mais do que eles [Ronnie e Élcio], porque eles sim estavam gastando dinheiro [público] com isso, ao invés de estarem olhando para a população. É um absurdo, é dinheiro nosso, a morte deles foi encomendada com dinheiro nosso", completou.
 

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"Quando assassinaram minha irmã com 4 tiros na cabeça, não imaginavam a força que esse País levantaria", diz Anielle Franco

Mônica Benício, Luyara, Antônio da Silva e Anielle Franco
Mônica Benício, Luyara, Antônio da Silva e Anielle Franco
Foto: Reprodução/GloboNews

Em coletiva de imprensa após a condenação de Ronnie e Élcio no fim da tarde desta quinta-feira, a irmã de Marielle Franco e ministra da Igualdade, Anielle Franco, afirmou: "A gente sempre falou desde o começo que a gente não ia desistir, que a gente não ia parar, minimamente quando a justiça começasse a ser feita. Foram muitas noites cuidando dos meus pais, da Luyara [filha de Marielle], e vendo a dor".

"Como minha mãe disse ontem, [a dor] não tem nome. Eu falei e repito: o maior legado da Marielle, que ela deixa para esse País, é a prova de que mulheres, pessoas negras, favelas, quando chegam em seus postos, merecem permanecer vivas. Quando assassinaram minha irmã com quatro tiros na cabeça, eles não imaginavam a força que esse País, que o mundo, levantaria", continuou.

"Hoje foi o pedaço de uma resposta, a justiça começou a ser feita e eu repito, mais uma vez, justiça mesmo teria sido se a gente não estivesse aqui. Nós estávamos bem, nas nossas vidas simples e humildes, mas trabalhadoras. A gente sai daqui com a certeza de que a gente cumpriu nosso papel. É um grito guardado na nossa garganta, uma dor que tava guardada no peito de cada pessoa que está aqui na frente de vocês", finalizou.

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Luyara Franco, Anielle Franco e Antônio da Silva se emocionam após sentença

Família de Marielle Franco se emociona após sentença
Família de Marielle Franco se emociona após sentença
Foto: Reprodução/GloboNews
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Júri popular foi formado por 7 homens brancos

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro selecionou 21 civis para integrar o júri popular do julgamento do caso Marielle e Anderson. Destes, foram sorteados 5 homens e 2 mulheres. No entanto, partindo da prerrogativa de que é possível dispensar até 3 membros do júri sem critério, as mulheres foram substituídas a pedido da defesa de Lessa. Um novo sorteio foi realizado, fazendo com que o júri fosse composto por 7 homens brancos. Segundo a defesa de Ronnie Lessa, a presença de juradas mulheres poderia condenar os réus de maneira imparcial.

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Familiares e amigos de Marielle e Anderson se emocionaram após o resultado da sentença

Ronnie foi condenado a 78 anos e 9 meses e Élcio a 59 anos e 8 meses

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"A justiça por vezes é lenta, é cega, é burra, é torta, mas ela chega", diz juíza

A juíza Lúcia Glioche, do julgamento do caso Marielle Franco e Anderson Gomes, leu a sentença da condenação de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz no fim da tarde desta quinta-feira, 31, por volta das 18h20.

"A justiça por vezes é lenta, é cega, é burra, é torta, mas ela chega. Ela chega mesmo para aqueles, que como os acusados [Ronnie e Élcio], acham que jamais serão atingidos pela justiça. A justiça chega aos culpados e tira deles deles o bem mais importante, depois da vida, que é a liberdade. A justiça chegou para os senhores, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz", decretou.

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Ronnie Lessa é condenado a 78 anos e 9 meses e Élcio Queiroz a 59 anos e 8 meses pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

Após seis anos e meio das execuções de Marielle Franco e Anderson Gomes, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram julgados. Lessa, que atirou contra a vereadora e seu motorista, foi condenado a 78 anos de prisão, 9 meses de reclusão e 30 dias de multa. Já Queiroz, que dirigiu o veículo no dia do crime, foi condenado a 59 anos de prisão, 8 meses de reclusão e 10 dias de multa. Eles foram condenados por todos os crimes dos quais foram acusados.

 Além disso, os dois foram condenados a pagar uma pensão mensal para o filho de Anderson Gomes, Arthur, de 7 anos, até ele completar 24 anos. Eles também deverão pagar, juntos, R$ 706.000 de indenização por dano moral a cada uma das vítimas: Arthur, Ágatha [viúva de Anderson], Luyara [filha de Marielle], Mônica [viúva de Marielle] e Marinete [mãe de Marielle]. A prisão preventiva de ambos foi mantida e eles arcarão com as custas do processo, sem o direito de recorrer a liberdade.

A sessão, promovida no 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio de Janeiro, começou às 10h30 da quarta-feira, 30, e seguiu até 23h50. A ideia era que o julgamento fosse finalizado no mesmo dia, mas, após cerca de 13 horas de duração, a sessão foi suspensa e retomada nesta manhã. 

No total, foram mais de 18 horas de julgamento. Lessa e Queiroz foram presos em 2019, um ano após o crime, e participaram do julgamento por videoconferência da cadeia onde estão presos. Lessa está no Complexo Penitenciário de Tremembé, no interior de São Paulo, e Queiroz, no Complexo da Papuda, em Brasília. 

Como foi o julgamento?

Na manhã de quarta-feira, dezenas de pessoas começaram a se reunir em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro com lenços amarelos, cartazes e girassóis, símbolo da campanha de Marielle para vereadora do Rio de Janeiro durante a eleição municipal de 2016. 

"Marielle, justiça", "Anderson, justiça", e "Seremos resistência", gritaram os participantes durante o ato. Eles também questionaram: "Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar?".

O protesto continuou até a viúva de Anderson, Agata Arnaus, os pais e a filha de Marielle, e sua irmã, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, entrarem no tribunal. 

O julgamento começou com o depoimento das testemunhas de acusação. A principal foi Fernanda Chaves, então assessora da parlamentar, que estava no carro no momento do assassinato. Ela foi a única sobrevivente do atentado. 

Durante o depoimento, Fernanda contou em detalhes como foi o momento do ataque e o que fez para se proteger.

“A Marielle estava imóvel. Senti o braço dela por cima de mim, o peso do corpo dela sobre mim. Eu estava sem cinto, por isso consegui me abaixar atrás do banco. Eu percebi que o carro estava em movimento, eu via um pouco de luz entrando pelas janelas, que estavam estouradas, e então fiz o carro parar", relembrou.

Além dela, falaram, na ordem:

• Marinete da Silva, mãe de Marielle

• Monica Benício, viúva de Marielle

• Ágatha Arnaus Reis, viúva de Anderson

• Carlos Alberto Paúra Júnior, agente da Polícia Civil do Rio

• Luismar Cortelettili, agente da Polícia Civil do Rio

• Também estava cotada para depor a perita criminal Carolina Rodrigues Linhares, mas ela não compareceu ao júri popular. Por isso, foi exibido um vídeo com a oitiva da testemunha durante a fase de investigação inicial do caso.

Por parte da defesa, testemunharam pela parte de Ronnie Lessa o agente federal Marcelo Pasqualetti e o delegado da Polícia Civil Guilhermo Catramby. A defesa de Queiroz desistiu dos depoimentos das testemunhas que havia requerido anteriormente.

Depois disso, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram interrogados separadamente. Eles assumiram, mais uma vez, o envolvimento nos assassinatos. 

O interrogatório de Lessa durou cerca de duas horas. Ele chegou a pedir desculpas às famílias de Marielle, de Anderson e à sua própria pelas execuções. Queiroz foi ouvido durante outras duas horas e chegou a dizer que entrou no “trabalho” (o assassinato de Marielle) apenas no dia do crime.

O julgamento foi suspenso no fim da noite de quarta-feira e retomado na manhã desta quinta, por volta das 9h30. A sessão começou com a fala da promotora Audrey Castro que afirmou que "não iria se acovardar" quando foi chamada para estar à frente do caso. Em 2021, outras promotoras deixaram a investigação caso.

Em seguida, ela passou a palavra para o promotor Fábio Vieira, que por sua vez disse que crime foi  motivado por 'ideologia'. 

"Esse processo mostra, a gente vê o que é a potência dessa mulher. Ela não é essa beleza, essa potência, porque escolheu a esquerda. Porque se ela tivesse escolhido a direita, ela também seria uma beleza. É uma mulher que acredita. [...] Independente da ideologia, eu tenho que fazer o certo. É isso é que é Marielle, o Anderson e a Fernanda fizeram. Foram pessoas que escolheram fazer o certo", em uma tentativa de desassociar a parlamentar da esquerda. 

Depois, ele questionou arrependimento de Queiroz e Lessa, durante o interrogatório que ocorreu na quarta. “Que arrependimento é esse que se pede algo em troca? Os senhores já pediram arrependimento para alguém, falando, 'eu quero o seu perdão se me der algo em troca?', porque é isso que eles fizeram. Eles são réus colaboradores. Foi isso que vieram fazer”, declarou. 

Vieira ressaltou que, até fechar a delação premiada, ambos diziam que não conheciam Marielle e Anderson ou até que não estavam no carro usado para a prática do crime no dia dos fatos. 

O Ministério Público também abriu as pesquisas feitas pelo ex-policial antes do assassinato. Os documentos dão que ele buscou rastreador de veículos, 'acessórios' para uma submetralhadora HK MP5, a mesma usada no crime, como silenciador e adaptador. O ex-PM ainda buscou como 'desincronizar a conta de e-mail' de seu navegador para tentar apagar rastro da pesquisa. 

O relatório do MP também aponta que entre os dias 17 e abril de 2017 e 20 de fevereiro de 2018, Lessa utilizou o Google para fazer diversas pesquisas relacionadas ao então deputado Marcelo Freixo (PSOL), o partido dele e sua ex-esposa. A partir de 20 de fevereiro daquele ano, a busca foi feita por familiares e também pela identificação da filha do parlamentar. 

No dia de dia prisão, conforme Vieira, em 12 de março de 2019, Lessa tinha R$ 60 em espécie no carro, além de passaporte e contador de notas. 

Além dos promotores, também tiveram uma hora para dar suas considerações os defensores públicos, que estavam como assistente de acusação, Daniele Silva e Fábio Amado. 

“Mexeu com as estruturas”, disse Daniele ao afirmar que Marielle foi morta violentamente com quatro tiros na cabeça. Ela ainda ressaltou o medo que toda mãe negra tem do filho sofrer alguma violência. "É isso que toda mãe preta faz quando sai para trabalhar, de madrugada, ela beija o testa do filho, como se estivesse benzendo o seu corpo. Marinete não vai ter mais ninguém para benzer o corpo". E encerrou sua fala com "Marielle presente, hoje e sempre". 

Apesar das provas apresentadas pelo Ministério Pública, pedindo a pena máxima aos réus, a defesa dos dois tentou reverter. Enquanto o advogado de Lessa, Saulo Carvalho, declarou que a Polícia só chegou aos mandantes do assassinato "graças" a delação premiada de Lessa, senão “nunca triam chegado", a defensora de Queiroz, Ana Paula de Araújo Fonseca Cordeiro, imputou ao atirador a maior responsabilidade, pois seu cliente não teria planejado o assassinato. 

"A defesa reconhece a gravidade dos crimes que o Élcio praticou, mas o que a gente busca é que ele seja responsabilizado de acordo com a sua culpabilidade. A divergência da acusação e da defesa não é contra os fatos, mas da imputação aos fatos", disse a advogada.

Ana Paula alegou que Élcio enfrentou dificuldades financeiras após ser expulso da polícia, mas que “era um trabalhador normal” e valorizava sua família. 

Relembre as mortes

A vereadora Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes, foram mortos a tiros em uma noite de quarta-feira, em 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro.

Marielle tinha saído de uma reunião com mulheres negras na Lapa e voltava de carro para a sua casa, no bairro da Tijuca, na zona norte da cidade. Além dela e do motorista, também estava no veículo a assessora parlamentar da vereadora, Fernanda Chaves.

Nas imediações da Praça da Bandeira, na Rua Joaquim Palhares, um Chevrolet Cobalt prata emparelhou à direita do veículo onde estava Marielle. Em delação e também no julgamento, o ex-policial militar Ronnie Lessa confessou que disparou contra Marielle. O carro prata era dirigido pelo ex-PM Élcio Queiroz, que também assumiu que teve participação no atentado. 

A vereadora foi atingida por três tiros na cabeça e um no pescoço; Gomes foi alvejado três vezes nas costas. Os dois morreram no local. A assessora de Marielle foi ferida por estilhaços.

Investigações

Lessa e Queiroz foram presos um ano após o crime, em março de 2019, pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, apontados como autores dos disparos e motorista do carro usado no crime, respectivamente.

Nos anos seguintes, pouco se avançou em direção à motivação e aos possíveis mandantes do duplo homicídio. Por conta disso, em fevereiro de 2023, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou a abertura de um inquérito da Polícia Federal para investigar o assassinato de Marielle e de Anderson Gomes.

Em março deste ano, Lessa fez um acordo de delação premiada, que resultou nas prisões do deputado federal Chiquinho Brazão e do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão, suspeitos de serem os mandantes, e do delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio e teria atuado para proteger os irmãos. As defesas negam envolvimento deles no crime.

Segundo a investigação da PF,  há evidências de obstrução criminal às investigações, originadas dentro da própria Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro. O inquérito aponta que a investigação foi sabotada desde o começo, “mediante ajuste prévio dos autores intelectuais com o então responsável pela apuração de todos os homicídios ocorridos no Rio de Janeiro”, o delegado e ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa.

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Ronnie Lessa é condenado a 78 anos e 9 meses e Élcio Queiroz a 59 anos e 8 meses pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

Após seis anos e meio das execuções de Marielle Franco e Anderson Gomes, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram julgados. 

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Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados por todos os crimes dos quais foram acusados

Júri popular decidiu sentença nesta quinta-feira

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Veja fotos do julgamento de Ronie Lessa e Élcio Queiroz

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Juíza interrompe a transmissão

Jurados estão sendo informados sobre como funcionará a votação

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Defesa inicia tréplica em julgamento: "Dai a César o que é de César"

Foi dada a defesa dos acusados o tempo de duas horas para fazerem a tréplica. A defesa de Ronnie Lessa alegou:

O Ronnie [Lessa] esclareceu o que seria o cometimento do crime, que seria por conta dos loteamentos. Mas não havia qualquer vinculação política com relação a isso e, é por isso, que eu peço aos senhores que votem não.

Com relação a emboscada, vocês votem sim, como eu disse antes aos senhores, no momento dos debates, houve ali um monitoramento. Então a emboscada não há qualquer empecilho nessa votação, então peço que votem sim.

Com relação ao crime cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, peço que votem não. O crime não foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. 

Com relação a qualificadora de segurar a impunidade junto o crime, peço aos senhores que votem não. Digo isso porque ficou evidente que não foi uma queima de arquivo. Lessa nunca quis cometer esse crime pra segurar impunidade de outro crime.

Com relação ao crime de receptação, como já disse ao Ministério Público, também não se confirmou essa questão. Votem sim, a esses quesitos. [...] Eu peço a condenação, de que seja uma condenação justa, dai a César o que é de César.

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Promotor do MP: "Eles não se arrependeram"

"A família esperando um julgamento e eles recorrendo até a última instância. Eles não se arrependeram. Eles fizeram um acordo e o Ministério Público tem palavra. [...] Esses acordos serão cumpridos com os réus fazendo a contraparte deles", afirmou um promotor do Ministério do Público sobre a delação premiada de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Os dois são réus confessos, como parte de um acordo feito com o MP para darem detalhes sobre o crime, incluindo quem foram os mandantes.

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"Entrou no 'trem' como maquinista", declara MP

Após Élcio de Queiroz alegar que só ficou sabendo do assassinato de Marielle Franco no dia do atentado, o Ministério Público rebateu a declaração do réu confesso afirmando que ele "entrou no 'trem' como maquinista", em referência a ele estar dirigindo o carro usado no dia do crime.

"Entrou no trem como maquinista. [...] Não sei o que é pior: se é o sujeito chegar aqui e dizer que sabia, ou dizer que não sabia. [...] Ele não quer saber o que é que é, não quer saber se essa pessoa tem filho, tem esposa, se quem tá no carro com ela tem um filho com necessidades especiais, como é o caso do Anderson. É aí que mostra a índole do Élcio e do Ronnie, mas, especialmente, a de Élcio", disse.

"Porque no dia seguinte, pelo que se seguiu, enquanto a Agatha, a dona Marinete, a família da Marielle, a família do Anderson, estavam enterrando os seus. Enquanto a Fernanda [Chaves, ex-assessora de Marielle] saía corrida de casa e mudava sua vida, pra nunca mais voltar. O que fazia o Élcio 'arrependido'? Ele estava preocupado em se desfazer do carro, em se desfazer as provas do crime. [...] De até o amigo dele, o amigo do Élcio, o "Orelha", que ele conhecia desde 2015, aquele que desmancha carro, era isso que eles estavam fazendo os dois no dia seguinte ao crime pelo que se seguiu", completou.

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Ministério Público diz que Élcio de Queiroz sabia com quem "estava andando"

"Ele escolheu andar com Ronnie Lessa desde novo. Ele escolheu, sabendo que o Ronnie Lessa era miliciano, conhecido como matador. Ele deu o filho pra ser batizado pelo Ronnie Lessa. [...] O Élcio teve todas as oportunidades e ainda continuou no crime. [...] Quantas vezes ele poderia ter escolhido descer do carro? Ele pegou o trem, mas decidiu descer na estação da impunidade", disse o Ministério Público.

Mais cedo, Élcio de Queiroz afirmou que só ficou sabendo do crime no dia do assassinato de Marielle Franco e Anderson. Lessa, no entanto, alegou em depoimento na quarta-feira, 30, que o amigo teria ficado "empolgado" quando soube do pagamento que receberia pelo atentado. 

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Júri volta de intervalo e MP começa novo bloco

Por volta das 14h45, o júri é retomado após uma pausa para o almoço. O novo bloco é aberto pelo Ministério Público, que avisa que fará uso da réplica e tem duas horas para falar.

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Júri entra em intervalo para almoço

Às 13h25, o júri que analisa as denúncias contra Lessa e Élcio entrou em intervalo para o almoço. As atividades serão retomadas às 14h25.

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Advogada diz que Élcio não merece mesma pena que Lessa

Ana Paula de Araújo Fonseca Cordeiro, defensora de Élcio Queiroz, reconheceu a gravidade dos fatos, mas argumentou que a maior responsabilidade pelos homicídios recai sobre Ronnie Lessa, afirmando que Élcio não planejou o assassinato e só tomou conhecimento de quem era Marielle no caminho para o crime. Ana Paula alegou que Élcio enfrentou dificuldades financeiras após ser expulso da polícia, sempre trabalhou como motorista e valorizava sua família. “Ele era um trabalhador normal”, disse.

A defesa também afirma que busca que Élcio seja responsabilizado de acordo com sua culpabilidade, diferenciando sua participação da de Lessa, que “planejou o crime, adquiriu o carro, preparou a arma e executou os disparos”.

"A defesa reconhece a gravidade dos crimes que o Élcio praticou, mas o que a gente busca é que ele seja responsabilizado de acordo com a sua culpabilidade. A divergência da acusação e da defesa não é contra os fatos, mas da imputação aos fatos", disse a advogada. 

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Defesa trouxe vídeo de testemunha

O defensor de Lessa, Saulo Carvalho, trouxe um vídeo do depoimento da testemunha Natan Netuno, ouvido na Delegacia de Homicídio na épocas do fatos. Ele, que é um homem em condição vulnerável, pois mora na rua, presenciou o crime. 

"Eu vi o carro, emparelhado com o dela, um prata, Cobalt [soube depois, pela mídia]. Eu vi o braço de um negão. Ele estava com uma toca, tipo carrasco, no banco de trás. Deu muitos tiros. Emparelhou com o carro dela. Ele estava com uma camiseta rubro-negra, parecia ser do Flamengo. Ele era parrudo, gigante, o braço parecia até uma perna", afirma. Por fim, Natan pergunta ao delegado se vão pegar os mandantes do crime.

Após pausar o vídeo, a defesa diz que a Polícia só chegou aos mandantes do assassinato "graças" a delação premiada de Lessa. "Se não fosse a colaboração de Ronnie Lessa, nunca teriam chegado". 

Natan Netuno, uma das testemunhas do caso Marielle
Natan Netuno, uma das testemunhas do caso Marielle
Foto: Reprodução/TJRJ
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Com a palavra, defesa dos réus

Por volta das 12h30, os advogados de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz passam a fazer a defesa de ambos. Eles terão 2h30 na sessão.

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'Marielle presente'

A defensoria pública, que foi assistente de acusação do caso, exibiu para os jurados uma porção de fotos de Marielle e Anderson em momento de alegria com seus familiares. Fábio Amado e Daniele Silva frizaram que momento como aqueles foram tirados dos dois e de seus antes queridos. Com o final da fala, Daniele lembrou: "Marielle presente, hoje e sempre". 

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Defensor público diz que Marielle era 'incansável' na defesa da vida

Fábio Amado, defensor público do Rio de Janeiro
Fábio Amado, defensor público do Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/TJRJ

"Marielle era incansável na defesa de todos. Na defesa da vida de todas as pessoas, e um cuidado em especial com os agentes de segurança", afirma o defensor público, Fábio Amado.


 

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'Marinete não vai ter mais ninguém para benzer o corpo'

"É isso que toda mãe preta faz quando sai para trabalhar, de madrugada, ela beija o testa do filho, como se tivesse benzendo o seu corpo. Marinete não vai ter mais ninguém para benzer o corpo", declara a defensora pública. 

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Defensora pública lembra fala de Marielle no dia do crime

Relembrando Marielle, a defensora pública destacou uma fala da vereadora dita no dia do evento em que participou antes de morrer. A parlamentar, que foi a 5ª mais votada em 2016, disse que apenas outras duas mulheres negras vindas da favela tinham conseguido se eleger nos últimos 35 anos na Câmara Municipal. 

"Nesse evento, já se aproximando do fim, ela dizia assim: 'Por dez anos, foi Benedita [da Silva], por dez anos, foi Jurema [Batista], não dá para achar que eu ficareia aqui, sozinha, por dez anos. Ou não dá para achar que vamos esperar por mais dez anos'. A Marielle não teve 40 minutos. 40 minutos depois ela estava sendo violentamente executada com quatro tiros na cabeça. Essa era a urgência que Marielle vivia e por isso ela incomodou tanto. Mexeu com as estruturas", disse Daniele Silva

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Lessa foi preso com R$ 60 em espécie

Segundo o promotor Eduardo Vieira, no dia da prisão de Lessa, em 12 de março de 2019, ele tinha R$ 60 em espécie no carro, além de passaporte e contador de nota. 

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Ex-PM também fez buscas relacionadas à Marcelo Freixo

O MP aponta que entre os dias 17 e abril de 2017 e 20 de fevereiro de 2018, Lessa utilizou o Google para fazer diversas pesquisas relacionadas ao então deputado Marcelo Freixo (PSOL), o partido dele e sua ex-esposa. A partir de 20 de fevereiro daquele ano, a busca foi por familiares e também a identificação da filha do parlamentar. 

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Lessa pesquisou acessório para a arma antes do crime

Fábio Vieira aponta que Lessa pesquisou rastreador de veículos, 'acessórios' para uma submetralhadora HK MP5, como silenciador e adaptador. O ex-PM ainda buscou como 'desincronizar a conta de e-mail' de seu navegador para tentar apagar rastro da pesquisa. [LEIA MAIS

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Promotor questiona arrependimento de Lessa

O promotor Fábio Vieira passou a palavra para o colega, Eduardo Martins. A autoridade questiona sobre o arrependimento de Lessa. 

"Eu vou começar falando do arrependimento que o doutor Fávio estava falando. Que arrependimento é esse que se pede algo em troca? Os senhores já pediram arrependimento para alguém, falando, 'eu quero o seu perdão se me der algo em troca?', porque é isso que eles fizeram. Eles são réus colaboradores. Foi isso que eles vieram fazer. Eles vieram ao Ministério Público e pediram algo em troca para falar o que eles falaram. Porque até ontem, outro dia, eles estavam aqui, os dois, negando todas as imputações. Falando que não estavam no carro, não sabiam quem era Marielle ou Anderson", apontou.

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Promotor diz que crime foi 'ideológico'

Promotora Audrey Castro passa a palavra para o promotor Fábio Vieira, que por sua vez diz que crime foi  motivado por 'ideologia'. "Esse processo mostra, a gente vê o que é a potência dessa mulher. Ela não é essa beleza, essa potência, porque escolheu a esquerda. Porque se ela tivesse escolhido a diretira, ela também seria uma beleza. É uma mulher que acredita. [...] Independente da ideologia, eu tenho que fazer o certo. É isso é que é Marielle, o Anderson e a Fernanda fizeram. Foram pessoas que escolheram fazer o certo", declara.

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Promotoria inicia fala

Promotora de Justiça do Rio, Audrey Castro
Promotora de Justiça do Rio, Audrey Castro
Foto: Reprodução/TJRJ

Julgamento teve início com a fala de promotora, que terá duas horas e meia para fazer acusação. Audrey Castro afirmou que "não iria se acovardar" quando foi chamada para estar à frente do caso. Em 2021, outras promotoras deixaram o caso. [LEIA MAIS

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Julgamento é retomado

O julgamento foi retomado pela Juíza Lúcia Glioche, do 4º Tribunal do Júri da Justiça do RJ, às 9h26 desta quinta-feira, 31.

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'Não sou eu que tenho que perdoar", diz Anielle Franco sobre Ronnie Lessa

Ministra Anielle Franco conversou com jornalistas antes de entrar para o 2º dia de julgamento
Ministra Anielle Franco conversou com jornalistas antes de entrar para o 2º dia de julgamento
Foto: Reprodução/TV Globo

A ministra Anielle Franco chegou por volta das 8h no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) para acompanhar o  2º dia de julgamento e falou com jornalistas. A irmã de Marielle afirmou que não cabe a ela ou aos seus familiares perdoar Ronnie Lessa.

“Eu sou uma mulher, assim como Luyara e a minha mãe, que fomos ensinadas a sermos cristãs. Acho que não sou eu que tenho que perdoá-lo. Ele tem que ser perdoado por qualquer religião que ele tenha, mas é difícil falar de perdão e de sentimento quando a gente não tem a Mari aqui”, afirmou na entrada do Fórum. 

Durante seu depoimento na quarta, 30, o ex-PM pediu desculpas à família da parlamentar. 

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Mãe e filha de Marielle Franco choram ao ouvir Lessa detalhar o crime

Lessa deu detalhes do crime e descreveu como foi o planejamento. As afirmativas deles chocaram familiares e integrantes do PSOL. Ao ser questionado se mitou na cabeça de Marielle, ele declarou: "foquei". Nesse momento, a mãe Marinete da Silva abaixou a cabeça, chorando. A filha da vítima saiu do plenário ainda durante o depoimento, e foi amparada enquanto também chorava. [LEIA MAIS]

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Como foi o 1º dia do julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz

O primeiro dia do julgamento dos réus confessos do homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes durou mais de 13 horas. Nesta quarta, 30, foram ouvidas nove testemunhas, entre elas a única sobrevivente do crime, Fernanda Chaves, assessora da parlamentar. Ela estava no carro quando o caso ocorreu. 

Além disso, Lessa e Queiroz também foram ouvidos. Enquanto o primeiro deu detalhes do crime, o segundo réu afirmou que só soube que a vítima seria Marielle pouco antes do assassinato ocorrer. 

Fernanda contou que sentiu o “peso do corpo dela” quando a vereadora foi atingida pelos disparos. “Houve a rajada, eu me abaixei, me encolhi atrás do banco, percebi que o Anderson esboçou dor, falou 'ai', mas não foi alto, foi um suspiro", relatou. 

Lessa frisou ter "ficado cego" com a proposta do assassinato, que renderia a ele R$ 25 milhões, e pediu desculpas às famílias de Marielle, de Anderson e à sua própria pelas execuções.

Ele disse que já tirou um "peso das costas" confessando o crime e que seguirá dando "continuidade a isso para amenizar a angústia de todos".

"Tô fazendo o máximo, vou cumprir o meu papel até o final. E tenho certeza absoluta que a Justiça vai ser feita. Ninguém vai ficar de fora", complementou.

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Choque na descrição do depoimento de Ronie Lessa

Ronnie Lessa em depoimento nesta quarta-feira, 30
Ronnie Lessa em depoimento nesta quarta-feira, 30
Foto: Reprodução/TJRJ

Durante o depoimento, que aconteceu por videoconferência do presídio em que está preso, Ronie Lessa deu detalhes do crime. Tratando o assunto com muita naturalidade e sangue frio, as falas do ex-PM chocaram quem assistia. Familiares da vereadora precisaram ser amparados em determinado momento. [LEIA MAIS]

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Qual é a programação de hoje?

A expectativa é pelo debate entre o Ministério Público e a defesa de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Na sequências, os jurados irão se reunir para tomar a decisão sobre culpa ou inocência dos réus confessos pelos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes 

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8h - Expectativa é que o julgamento seja reiniciado

O julgamento foi suspenso às 23h50 de quarta-feira após 13 horas de duração. A expectativa é que ele seja retomado a partir das 8h. 

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23h50 - Após cerca de 13 horas de duração, o julgamento é suspenso e será retomado nesta 5ª, às 8h

"Os jurados por maioria votaram... É mais importante que eles se sintam bem, do que cada um de nós. Embora eu saiba, o Ministério Público, as Defesas e assistentes de acusação de prepararam para essa fala. Eu também estou bastante cansada. Então vamos parar agora os trabalhos e vamos recomeçar amanhã [quinta-feira, 31] às 8h", declarou a juiza Lúcia Mothé Glioche, titular da 4ª Vara Criminal do Rio.

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23h40 - Assistência de acusação segue com o interrogatório

As defesas e os jurados ainda poderão fazer perguntas a Élcio Queiroz, após a assistência de acusação

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Queiroz conhece Lessa há mais de 30 anos, sabia de seu histórico com atividades criminosas e, mesmo assim, diz não ter desconfiado que o "trabalho" se tratava de uma execução

"O senhor, como amigo de Ronnie Lessa há decadas, sabia da capacidade dele como atirador?"

"Sabia".

"O senhor disse, na sua colaboração, o que você chamou de 'carrinho ruim', que é um carro de procedência criminosa, não era o primeiro que o senhor via o Ronnie Lessa tendo acesso e utilizando, correto?"

"É, não lembro se cheguei a ver algum. Mas eu sei que ele já teve outros carros assim."

"O senhor também declarou, na sua colaboração, que presenciou Ronnie Lessa montando silenciadores de arma de fogo, correto?"

"Presenciei sim, depois do fato".

"O senhor, sabedor de todo o histórico de Ronnie Lessa, de todo o envolvimento dele em atividades criminosas, mesmo assim o senhor diz que foi chamado para irem nesse alvo, o senhor não desconfiou imediatamente que se tratava de uma execução, só quando ele sacou a arma da mala, correto?"

"Eu já não me senti confortável quando eu vi o carro. Eu já sabia que não sairia uma coisa boa ali".

"Quando perguntado o que o senhor imaginava que seria feito, o senhor falou alguma outra coisa, uma campana. Agora eu pergunto ao senhor, para que um sujeito como Ronnie Lessa, cujos atributos eram de pleno conhecimento do senhor, para que ele faria uma campana? O senhor não tinha uma mínima capacidade de deduzir?"

"Se ele já estava a um tempo fazendo uma vigilância, ele poderia me chamar para fazer uma vigilância, não uma execução"

"Mas ao fim, pra que se destinavam essas vigilâncias? Mesmo se o senhor fosse fazer uma vigilância, e não um homicídio naquele dia, o senhor não desconfiava minimamente, intuitivamente, que aquela vigilância ao fim, ao cabo, se transformaria num homicídio?"

"Poderia ser sim, mas eu só tive a confirmação quando eu vi ele se equipando. Ele falou que era um alvo, que a situação era pessoal. Até então ele não falou que iria executar. Mas, para mim, seria sim."

Élcio afirma não ter perguntado para Ronnie Lessa o que eles iriam fazer no dia. Ele foi perguntado se já fez algo criminoso junto com Lessa, para além do caso do homicídio, mas não respondeu. 

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Élcio Queiroz afirma ter "entrado no trabalho", o assassinato de Marielle Franco, apenas no dia do crime

Já Ronnie Lessa afirma que convidou Queiroz com antecedência para o crime e que ele teria ficado "empolgado". 

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"Quem [mais] iria utilizar uma metralhadora na área da Tijuca?", diz Élcio sobre 'modus operandis' de Ronnie Lessa

Em seu depoimento, Queiroz disse que após as execuções, ao chegar no bar com Lessa, uma pessoa teria dito: "Sabia que tinha sido vocês". E que esse reconhecimento seria devido ao "modus operandi" que o crime aconteceu.

Questionado sobre qual seria esse "modus operandi", respondeu: "Quem [mais] iria utilizar uma metralhadora na área da Tijuca se eles estavam nesse trabalho, com uma metralhadora, na área da Tijuca?". 

"Essa forma de execução, então, pelo que o senhor está querendo dizer, tem assinatura do Ronnie Lessa e do senhor?", foi interrogado. "Não, tinha assinatura do Ronnie Lessa, porque a arma era dele. Eu não sou atirador de MP5", respondeu.

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22h53 - Julgamento é retomado

Élcio Queiroz segue sendo interrogado.

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22h45 - Júri entra em breve pausa

Até o momento, já são mais de 12 horas de transmissão. Há cerca de três horas, o juri decidiu seguir, ainda hoje, com o julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz.

Anteriormente, a previsão era de que o julgamento seguiria para quinta-feira, 31.

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Élcio diz que "quase entrou em pânico" quando soube que Marielle e Anderson morreram

Após o crime, ele e Ronnie Lessa foram para um bar e seguiram bebendo até a madrugada. Foi lá que souberam da notícia de que a vereadora e seu motorista foram mortos. Até então, Élcio alega que imaginava que a única vítima teria sido Marielle. "Quase entrei em pânico", disse, no interrogatório.

Ao longo da noite no bar, Ronnie teria tentado o acalmá-lo dizendo que iria ficar tudo bem. 

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Élcio Queiroz diz que seu objetivo era persuadir Ronnie Lessa para que o crime não acontecesse

Foto: Reprodução/TJRJ

Relembrando os momentos antes do crime, Élcio diz que esperava que "vários obstáculos" pelo caminho fizessem com que Ronnie Lessa não executasse Marielle. 

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Élcio disse para esposa que ia assistir futebol quando foi dar suporte a Ronnie no assassinato de Marielle

Élcio Queiroz alega que Ronnie Lessa o chamou para o um "trabalho", mas que ele não sabia que se tratava de um assassinato. Quando ele recebeu a mesagem de Ronnie o chamando para dirigir, lhe foi enviada uma foto de Marielle Franco. Por estarem conversando por meio de um aplicativo de mansagem criptografada, a foto sumiu rapidamente. Élcio diz que não conhecia a vereadora e que não a reconheceu. 

Após ser dispensado do trabalho, ele foi encontrar Ronnie. Ele disse para a esposa que ia assistir futebol na rua ao sair rumo ao cime de excecução de Marielle e Anderson.

Apenas quando estavam a caminho do local, em busca de Marielle, que Ronnie Lessa teria contado a Élcio que ela seria seu "alvo". Élcio Queiroz diz que só teve certeza de que se trataria de um homicídio quando eles estacionaram o carro próximo ao local que Marielle estava pela primeira vez e Ronnie começou a se "equipar" para o crime.

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21h40 - Julgamento é retomado; Élcio é interrogado

Interrogatório de Élcio começa com perguntas da juiza Lúcia Mothé Glioche, titular da 4ª Vara Criminal do Rio, depois terá perguntas do Ministério Público, de assistentes de acusação, das defesas e, se quiserem, de jurados.

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21h20 - interrogatório com Ronnie Lessa é encerrado

Julgamento terá intervalo e, na sequência, Élcio Queiroz será interrogado.

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"Apesar do dinheiro ser sujo, eu ia tentar rebocar as pessoas que eu gosto", diz Ronnie Lessa sobre o dinheiro que lhe foi prometido pelo assassinato; na época, segundo ele, ele tinha tendências suicidas

Em resposta a pergunta de jurados, Ronnie Lessa diz que, na época em que recebeu o convite para executar Marielle Franco, ele tinha tendências suicidas e chegava a beber cinco garrafas de whisky.

Ele também disse nunca ter tido acompanhamento psicológico. "A Polícia nunca me deu. Não existe um acompanhamento. Não tem. Então, na verdade, você fica sequelado sim", disse.

"É um desabafo. Sei que ninguém tem que ouvir isso e que isso também não justifica a besteira que eu fiz, a covardia que eu fiz. Nada disso justifica". Ele seguiu usando a oportunidade de fala para pedir perdão às famílias. "Perder um filho deve ser uma das coisas mais tristes do mundo. Perder um marido deve ser terrível. E eu fiz isso com a Marielle e o Anderson".

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"Tô fazendo o máximo", diz Ronnie Lessa ao se desculpar pela execução de Marielle e Anderson

Ronnie Lessa afirmou, novamente, ter "ficado cego" com a proposta do assassinato, que lhe renderia R$ 25 milhões, e pediu desculpas às famílias de Marielle, de Anderson e à sua própria pelas execuções.

Ele disse que já tirou um "peso das costas" confessando o crime e que seguirá dando "continuidade a isso pra amenizar a angustia de todos".

"Tô fazendo o máximo, vou cumprir o meu papel até o final. E tenho certeza absoluta que a Justiça vai ser feita. Ninguém vai ficar de fora", complementou.

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Ronnie Lessa fala que casa luxuosa em frente à praia é fruto de "dinheiro lícito"

“Minha casa foi adquirida com dinheiro limpo, dinheiro lícito, sim. Andei fazendo umas besteiras? Tudo bem. Mas aquilo ali não tem nada a ver com isso, não”, disse Lessa, em resposta a pergunta de sua defesa. Segundo ele, o dinheiro vinha da academia que mantinha.

A luxuosa rotina de Lessa já tinha sido mencionada no julgamento. Mais cedo, Queiroz havia descrito o estilo de vida do ex-policial, revelando que ele possuía uma Range Rover Evoque, uma Dodge Ram blindada e uma lancha. Lessa ainda mantinha duas residências e cuidava de um terreno em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro.

Queiroz relatou que o patrimônio de Lessa cresceu expressivamente após o crime. “Depois do fato, vi um acréscimo muito grande no patrimônio [dele]. Tinha a Evoque, comprou uma Dodge Ram blindada; uma lancha nova, viajou com o meu filho, depois teve a situação do terreno dele de Angra dos Reis”, relatou Queiroz ao tribunal. [LEIA MAIS]

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Ministério Público encerra suas perguntas

Assistentes de acusação seguem conduzindo o julgamento

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"Nessa época eu era quase um alcoólatra, era a forma que eu tinha de tentar me tranquilizar", diz Lessa sobre ida ao bar após o crime

Após o assassinato de Marielle e Anderson, Ronnie Lessa foi a um bar -- e seguiu até cerca de 5 horas da manhã. Segundo seu depoimento, na época ele era "quase um alcoólatra" e essa era a forma que tinha de lidar com a situação. Ele afirmou que não bebeu antes do crime. 

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Ronnie Lessa diz que se tivesse utilizado o armamento "mais apropriado", "reduziria o risco de acontecer o que aconteceu com Anderson"

Em meio ao trânsito, quando Élcio emparelhou o carro com o que estava a vereadora, Lessa efetuou os disparos que mataram Marielle e Anderson, que dirigia o veículo. O foco do assassinato era Marielle, mas o motorista também foi atingido pelos disparos e não resistiu.

"Tentei concentrar no máximo no alvo, que era Marielle, sabendo do risco que aquela munição não era apropriada para aquilo, [usei] a munição mais perfurante que tem do calibre de 9 milímetros, parece que é a ponta de um lápis", disse Lessa.

"O mais apropriado seria um revólver. Tendo mais pessoas dentro do carro, você reduziria o risco de acontecer o que aconteceu com Anderson. Com revólver somente a vereadora teria falecido, não o Anderson. Mas, na agonia de resolver, eu corri o risco consciente e, infelizmente, aconteceu a questão do Anderson. Não era a finalidade", complementa o réu confesso, em seu depoimento.

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Ronnie Lessa chama assassinato de Marielle de 'afronta'

Lessa não atirou no carro de Marielle na primeira oportunidade que teve, no dia do crime. "Afronta já foi, porque era uma vereadora em pleno exercício de sua função. E praticamente no pátio da Secretaria da Policia Civil, seria mais afronta ainda", disse Lessa sobre a escolha do local do assassinato.

Ele e Élcio de Queiroz seguiram aguardando por outra oportunidade. Quando viram Marielle, Anderson e Vanessa entrando no carro novamente, seguiram o veículo. 

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Ronnie Lessa fala sobre "pessoa" que ajudaria a obstruir provas do atentado

De acordo com Ronnie Lessa, um dos mandantes do asssassinato de Marielle e Anderson afirmou a ele que "uma pessoa ajudaria a obstruir" as provas.

"Na minha opinião, eu achava que a questão da Câmara dos Vereadores [de não cometer o crime nas redondezas do local] era somente para não chamar atenção de algum vereador. Só que depois de todo esse processo, que eu li a denúncia, que eu vi que existe uma Lei que se ela morresse ao sair da Câmara dos Vereadores, a Polícia Federal entraria automaticamente no caso", declarou.

O delegado Rivaldo Barbosa, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, é réu por ter ajudado a comprometer as investigações do assassinato de Marielle e Anderson. Por isso, Lessa afirmou que o crime deveria ser cometido longe da Câmara dos Vereadores do RJ, para que a PF não se envolvesse.

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"Falou comigo sobre o assunto, mas eu não sabia o nome dela", diz Lessa em depoimento do caso Marielle Franco

Ronnie Lessa em depoimento nesta quarta-feira, 30
Ronnie Lessa em depoimento nesta quarta-feira, 30
Foto: Reprodução/TJRJ

Ronnie Lessa, réu confesso do assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes, afirmou em depoimento ao júri do caso que uma pessoa falou com ele "sobre o assunto", que seria o atentado contra a vereadora, mas que ele não sabia o nome dela. 

"Ele já tinha me adiantado qual seria a proposta e o que eu ganharia com isso. Aquilo ali foi chocante. Eu aceitei. Marcamos a primeira reunião com os mandantes, tivemos com os mandantes pessoalmente, e aí nessa reunião eles me disseram o nome. Eu não conhecia a Marielle, nunca tinha visto ela", afirmou.

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Julgamento dos réus confessos será feito ainda nesta quarta-feira

Júri decidiu julgar Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz na noite desta quarta-feira. Anteriormente, a previsão era de que o julgamento ocorreria na quinta-feira, 31, contudo, como os depoimentos terminaram em tempo ábil, optou-se por julgar o caso hoje.

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Marcelo Pasqualetti, agente da Polícia Federal, é 2ª testemunha de defesa de Ronnie Lessa

"Não temos nenhum elemento que aponte que Élcio participou do monitoramento anterior ao crime", disse o agente da Polícia Federal Marcelo Pasqualetti em seu depoimento no caso Marielle Franco e Anderson Gomes. 

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"Mandato de Marielle foi uma pedra no sapato nos interesses milicianos", diz testemunha de defesa

"A motivação do crime tem como ponto nelvrágico a atuação de Marielle junto a pauta fundiária", alegou o delegado Catramby. Segundo a testemunha de defesa de Ronnie Lessa, apesar da pauta fundiária não ter sido motriz do mandato de Marielle, o mandato dela "tangeciou essa atividade" por algumas vezes. 

"Não só o mandato dela, mas a bancada do PSOL [também]. A questão da verticalização de Rio das Pedras [por exemplo]. Embora ela e Chiquinho [Brazao] estivessem do mesmo lado, eles estavam do mesmo lado por motivos distintos. [...] O mandato de Marielle foi uma pedra no sapato nos interesses milicianos", afirmou.

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Delegado diz que Lessa trouxe Élcio como "figura de confiança" no atentado de Marielle Franco e Anderson Gomes

O delegado Guilhermo Catramby disse em julgamento do caso Marielle Frango e Anderson Gomes, nesta quarta-feira, que Ronnie Lessa trouxe Élcio de Queiroz para o crime como uma "figura de confiança" para executar o crime.

Os dois são réus confessos do atentado. Ao receber o convite de Lessa, Élcio teria demonstrado "empolgação" pelo dinheiro que seria pago após o crime. O terceiro envolvido no crime, Maxwell Simões Correa, o Suel, foi a júri popular em agosto, em outra acusação. Ele foi responsável por seguir os passos de Marielle antes do assassinato, além de ter levado o Cobalt [carro usado para o crime] para um desmanche.

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Guilhermo Catramby, delegado da Polícia Federal, é 1ª testemunha de defesa de Ronnie Lessa

O réu confesso Ronnie Lessa celebrou um acordo de delação premiada. Segundo Guilhermo Catramby, a descrição da rota de fuga dos executoras era fundamental para a investigação e para determinar quem havia mandado o réu cometer o crime.

"Na colaboração dele, ele menciona que a arma adveio dessas pessoas [milicianos], mas que Chiquinho Brazão [deputado federal acusado de ser o mandante do crime] o alertou sobre a necessidade de devolver o armamento. No primeiro momento, Ronnie desprezou o aviso. [...] Ele foi cobrado e precisou devolver", explicou o delegado, em relação à arma utilizada no crime.

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Carolina Rodrigues Linhares, perita criminal, não comparece para depor; júri exibe vídeo

A perita criminal Carolina Rodrigues Linhares não compareceu ao júri popular do caso Marielle Franco e Anderson Gomes. Por isso, foi exibido um vídeo com a oitiva da testemunha durante a fase de investigação inicial do caso, em 2018.

"No tempo que foi os disparos e com o carro em movimento, você não conseguiria pelo peril dos disparos [usar] uma pistola intermitente. Teria que ser uma pistola rajada. Mesmo assim, é muito difícil controlar a arma [com o carro em movimento]. Já as submetralhadoras elas conseguem dar um maior suporte [ao tiro]", disse.

A hipótese, antes dos réus confessarem o crime, era de que o assassino de Marielle e Anderson era um "exímio atirador" e que a arma utilizada no atentado era uma submetralhadora do modelo MP5. Os tiros teriam sido disparados no modo automático, ou seja, no modo rajada.

No depoimento exibido no julgamento desta quarta-feira, ela descreveu o trabalho feito pela perícia criminal para determinar o perfil dos criminosos e da arma usada para cometer o atentado.

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Luismar Cortelettili, policial civil do Rio de Janeiro, é 5ª testemunha do julgamento

O policial civil do Rio de Janeiro, Luismar Cortelettili, investigou o telefone do réu confesso Élcio de Queiroz.
No dia do crime, 14 de março de 2018, o senhor Élcio se deslocou para a residência de Ronnie Lessa. Por meio do rastreio do telefone, foi possível verificar que Élcio ficou algumas horas na casa de Lessa.
 

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Júri do caso Marielle Franco e Anderson Gomes faz pausa até às 16h20

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Policial Civil fala sobre arma usada no crime

Questionado pela defesa de Ronnie Lessa sobre detalhes do assassinato de Marielle e Anderson, o policial civil Carlos Alberto afirmou que a equipe de agentes sabe e conhece o calibre de armas, além do tipo de furos que elas podem fazer "num corpo, num objeto metálico ou num objeto de concreto". A submetralhadora MP5 foi apontada como a arma utilizada no crime. 

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"Um jornal divulgou a placa e nós perdemos o carro", relata investigador

O policia civil, que participou das diligências referentes à morte de Marielle e Anderson, relatou em depoimento nesta quarta-feira que os agentes não queriam divulgar a placa do carro Cobalt, apontado como o veículo utilizado pelos criminosos. "A gente não queria divulgar a placa, mas um jornal divulgou a placa e nós perdemos o carro", disse.

Pela investigação, os criminosos utilizavam o carro para seguir a vereadora semanas antes do crime. A polícia concluiu que o carro utilizado para o assassinato possuía uma placa clonada. "Só um exímio atirador consegue agrupar tiros com uma submetralhadora", afirmou Carlos Alberto. 

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Carlos Alberto Paúra Junior, policial civil, é 4ª testemunha de julgamento

Carlos Alberto Paúra Junior é a quarta testemunha do julgamento
Carlos Alberto Paúra Junior é a quarta testemunha do julgamento
Foto: Reprodução/TJRJ

O policia civil Carlos Alberto Paúra Junior, que fez parte do núcleo que investigou o carro usado no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, detalhou como foi feito o trabalho de investigação. A equipe se mobilizou para pegar imagens de câmeras de ruas, além de simularem possíveis trajetos realizados pelo carro com criminosos responsáveis por alvejar a vereadora e o motorista. 

No entanto, as câmeras não foram tão eficazes assim. O que se sabia, na época, é que o carro era um Cobalt que teria fugido no sentido Centro do Rio de Janeiro. "Essa placa [do carro] em especial foi clonada em 2016. E esse cobalt clonado começou a andar muito em Campo Grande, saiu de Campo Grande, e passa na frente da Delegacia de Homicídios. Tinha uma peridiciocidade de fazer a cada três dias. Em um determinado momento ele começa a sair no sentido da Tijuca. Em eventos que a vereadora estava na Tijuca, o Cobalt estava próximo a ela", disse.

Meses depois, este carro voltou a andar em um trajeto de Campo Grande - Avenida das Américas - Leblon. Para a proprietária do carro Cobalt com placa original, foi orientado que ela mantivesse o carro parado, para que não fosse presa por engano enquanto a polícia estive realizando as diligências em busca do Cobalt clonado.

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Veja como foi o depoimento da mãe de Marielle

‘Não tem como definir o que passei nesses anos’, diz mãe de Marielle em julgamento:

Marinete Silva, emocionou o Tribunal ao compartilhar o impacto devastador do assassinato de sua filha. “Não tem como definir o que passei nesses anos”, desabafou Marinete ao relatar a experiência de perder a filha em 2018. Ela foi a segunda a prestar depoimento no julgamento de Ronie Lessa e Élcio Queiroz. [LEIA MAIS]

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Veja como foi o depoimento da ex-assessora de Marielle

‘Senti o peso do corpo dela em cima de mim’, diz ex-assessora de Marielle que sobreviveu ao ataque:

Fernanda Chaves, ex-assessora da vereadora Marielle Franco, relatou os momentos de tensão que viveu enquanto estava no carro com a vereadora e o motorista, Anderson Gomes. A assessora foi a única sobrevivente do ataque a tiros que vitimou Marielle e Anderson, e afirmou que conseguiu fazer o veículo parar após os tiros. Ela foi a primeira testemunha ouvida no julgamento sobre a morte da então vereadora do Rio de Janeiro e de Anderson Gomes, em 2018. [LEIA MAIS]

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Muita emoção do depoimento de Agatha Arnaus

A viúva de Anderson Gomes mostrou muita emoção durante o depoimento. De acordo com Agatha, o motorista era o seu melhor amigo. Ela ainda contou um episódio em que Arthur, filho do casal, ficou olhando para o céu após o assassinato e falava: "Papai". No momento da fala, Agatha chorou bastante.  

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"Recebi fotos deles mortos", diz viúva de Anderson

Durante depoimento, Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, revelou que teve muito apoio nas redes sociais. Porém, ela também recebeu imagens do marido e de Marielle Franco mortos, além de charges ironizando o crime. 

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Agatha Arnaus: 'Tínhamos pouco tempo juntos'

A viúva de Anderson Gomes contou que ela e o marido dividiam os gastos e os cuidados com o filho, Arthur. De acordo com Agatha Arnaus, o marido preferia trabalhar como motorista de Uber durante a noite, então ele ficava com a criança quando ela saía para conversar. 

Após a morte de Anderson, ela passou a receber uma pensão do INSS. De acordo com Agatha, o valor é um pouco abaixo da contribuição de Anderson para a família no momento do crime. Ela tem altos custos para cuidar de Arthur, que nasceu com onfalocele --quando o intestino e o fígado se desenvolvem dentro do cordão umbilical-- e ainda tem cinco alterações genéticas.

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"Levei um ano para voltar para casa", diz viúva de Anderson Gomes

Durante depoimento, a viúva de Anderson Gomes revelou que demorou um um ano para voltar para casa após o assassinato do marido. Agatha Arnaus afirmou que a sua preocupação desde o momento do crime foi cuidar do filho do casal, Arthur, que tinha 1 ano e 10 meses na época. Segundo ela, a "dor não vai passar nunca", já que o marido perdeu a primeira vez que a criança falou, andou e tantas outras primeiras vezes. 

Segundo Agatha Arnaus, o marido era uma pessoa de coração enorme: "Não conheço outra pessoa com essa vontade boa, de graça, gestos genuínos, não precisava receber nada em troca."

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Depoimento de viúva de Anderson Gomes

Viúva de Anderson Gomes
Viúva de Anderson Gomes
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Ágatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, também é ouvida como testemunha da Promotoria no primeiro dia de julgamento de Ronie Lessa e Élcio Queiroz, réus confessos dos assassinatos do motorista e de Marielle Franco.  

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"A única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter Marielle e Anderson vivos", desabafa Mônica Benício

Questionada em julgamento do caso Marielle Franco sobre o que ela espera em relação aos réus confessos, a viúva de Marielle Franco afirmou: "Se eu dissesse [que espero] justiça talvez tivesse uma leitura equivocada dessa fala. Porque a única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos. Mas, para além disso, dentro do que é possível, eu espero que se faça a justiça que o Brasil, que o mundo, espera há 6 anos e sete meses".

Ela completou: "Porque isso é importante também, não só por símbolo, mas para a Marielle Francisco, defensora dos Direitos Humanos, pro Anderson, pai do Arthur e esposo da Agatha. Para que a gente possa dar o exemplo de que crimes como esse não podem voltar a acontecer. Para que Marielles possam voltar a existir em sua potência com segurança e que Andersons possam chegar em casa após um dia de trabalho digno".

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Aos prantos, viúva de Marielle relata que as últimas palavras que ouviu dela foi "eu te amo"

"Eu conheci a Marielle, eu tinha acabado de fazer 18 anos de idade. Eu lembro exatamente da primeira vez que eu olehi pra ela. E, depois daquele momento, a minha vida nunca mais foi a mesma. A gente teve um relacionamento com muitas idas e vindas, descobriu a sexualidade juntas. A gente nem questionava. Eu fui fazer pré-vestibular porque a Marielle me incentivou. E, quando eu passei no vestibular, ela foi fazer a matrícula comigo. Quando passei no mestrado, ela foi fazer a matrícula comigo. E, eu larguei um bom emprego em um escritório de arquiteto, quando eu queria fazer mestrado e a Marielle me incentivou", declarou Mônica Benício.

"Eu lembro exatamente dos últimos segundos que eu vi minha esposa com vida. E a última coisa que ela me disse foi: 'Eu te amo'. [...] Depois da morte dela, foram algumas vezes que eu pensei em me matar e algumas que eu tentei. Eu não acredito na morte física como o fim. E, talvez, só por acreditar que ela ainda existe, é a razão de estar aqui. Eu não vou conseguir dizer pra você em palavras qual o tamanho da falta. A gente tinha planos de se casar. Quando a Marielle morreu, o que eu senti é que tinham tirado todo meu futuro", completou. 

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Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, é 3ª testemunha ouvida em julgamento

Mônica Benício não conteve as lágrimas ao falar de Marielle
Mônica Benício não conteve as lágrimas ao falar de Marielle
Foto: Reprodução/TJRJ

Mônica Benício não conteve as lágrimas ao iniciar seu depoimento no julgamento do caso Marielle Franco. A ex-esposa de vereadora descreveu a vereadora como "afetuosa" e "pra cima". 

"Tudo pra ela era um grande evento. Você marcava um café e virava uma festa. Na nossa relação pessoal, tinha uma coisa que era mais particular. Em casa, era a pessoa que falava fazendo 'vozinha' e se permitia ser cuidada. Era uma pessoa com poder de empatia que eu nunca vi", disse.

"A Marielle nunca deixou de ser minha amiga, justamente pelo companheirismo que ela tinha. [...] Ela estava no momento mais feliz da vida dela. [...] Marielle era uma figura em ascensão política no partido, isso era notório. Essa empatia que ela tinha fazia dela uma figura muito carismática, então, ela era muito querida e muito dedicada no trabalho", completou.

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"Não é normal uma mãe enterrar um filho", diz mãe de Marielle Franco

"Imagina você pensar que alguém, de alguma maneira, foi pago pra tirar a vida do seu filho. Está aqui hoje é dizer que a gente vai continuar nessa luta. A falta, a dor, mas a perseverança de estar cada vez mais consciente, de que algo tem que ser feito. Isso não é o ciclo normal da vida. Não é normal uma mãe enterrar um filho. Não importa a idade do teu filho, porque é o teu filho", afirmou Marinete da Silva.

Ao ser questionada em seu depoimento, nesta quarta-feira, sobre como se sente em relação ao assassinato da filha, Marinete disse: "Vou continuar falando. A gente não para por aqui. Não é o fim. Se fosse o fim, não estaríamos aqui. Não podemos normalizar o que a gente viveu e continua vivendo. [...] Eu perdi minha filha eu já era uma idosa. É uma dor muito maior. Surreal, foi assim que me senti naquela noite. [...] Eu não criei ódio no meu coração, criei muita dor. [...] O livre arbítrio daqueles homens, daqueles covardes. Foi o que eles fizeram. Deus não queria isso".

A mãe da vereadora também relatou como era o convívio dela com a família: "A Marielle tinha autorização pra assistir reunião de catequese e representar a gente [os pais] desde muito nova. [...] Era um amor [pela Anielle, sua irmã] enorme. A criação que ela dava pra Luyara [filha de Marielle], era mais rígida que eu. A dedicação que ela tinha, de um sonho melhor pra filha dela, pra gente. Ela sempre ajudou dentro de casa".

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Marinete da Silva enviou mensagem para Marielle Franco 45 dias após o atentado

Marinete da Silva enviou mensagem pra Marielle Franco 45 dias após o atentado
Marinete da Silva enviou mensagem pra Marielle Franco 45 dias após o atentado
Foto: Reprodução/TJRJ

Ao ser questionada sobre uma mensagem enviada para a filha 45 dias após o atentado, Marinete da Silva afirmou que teria sido o "delírio de uma mãe" de não acreditar que a filha estava morta. "Seria insanidade de uma mãe achar que uma filha estava viva? Não", relatou. 

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"Não sentia no meu coração uma coisa boa em relação a um mandato partidário", conta mãe de Marielle Franco

Marinete Silva em depoimento
Marinete Silva em depoimento
Foto: Reprodução/TJRJ

"Eu não sentia no meu coração uma coisa boa em relação a um mandato partidário. Mas quem era eu naquela época pra contrariar uma mulher de quase 40 anos? O partido queria uma mulher negra. Ela poderia fazer muito mais [do que fazia em relação aos direitos humanos]. Foi o momento sim", disse Marinete da Silva.

Marielle Franco foi eleita vereadora em sua primeira tentativa, com mais de 46 mil votos, e assumiu o mandato em janeiro de 2017. 

"Falar o quanto minha filha faz falta não tem como definir. Esses anos, passei por um câncer, fiz quatro cirurgias. A Marielle fez falta como mãe, porque teve a Luayara muito cedo. Uma mulher que teve uma superação, depois de criar aquela filha. Desde a parte financeira, porque sempre nos ajudou, a parte física. É conviver com a falta de uma filha que poderia estar aqui", declarou.

"Uma mulher que traz o recorte de uma família católica, que prima pela educação. [...] Eu me dediquei a vida inteira pra criar. [...] É uma dor, a cada dia que eu penso na minha filha, é um pedaço que tiraram de mim, foi um pedaço que foi tirado".

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Marinete da Silva, mãe da Marielle Franco, é 2ª testemunha de julgamento

Marinete da Silva foi chamada pelo Ministério Público para depor como testemunha de acusação no julgamento do caso Marielle Franco. Ela iniciou seu depoimento dizendo que a vereadora foi uma criança desejada por ela e pelo pai, Antônio da Silva. 

"Foi um encadeamento de coisas boas que aconteceram. Ela era muito nova e sentia muita vontade de ser aquela menina que se destacava. Ela queria ser sempre a 'professora', sempre a 'mãe'. Com 11 anos, minha filha foi estagiária [dentro da escola], já ajudando dentro da família. Era uma coisa normal [naquela época]. Ela já estava pra fazer a primeira comunhão e se dedicava muito na escola porque queria ser monitora dentro da sala de aula", disse.

Marinete descreveu a infância e o crescimento da vereadora. "Ela trabalhou muito. A Luyara nasceu ela tinha 19 anos, ela era muito lésbica. Esse período foi mais difícil. Fez um teste pra ser recreadora na prefeitura do Rio de Janeiro. Se separou muito cedo. Tenho maior prazer de falar a história do que foi. Na verdade, não foi. A história é da Marielle. Era uma boa mãe e uma excelente filha. É inadmissível que não tenha um desfecho disso aqui que a gente está tendo hoje", declarou.

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Fernanda Chaves se emociona ao falar de relacionamento com Marielle Franco

Fernanda Chaves se emociona ao falar de Marielle Franco
Fernanda Chaves se emociona ao falar de Marielle Franco
Foto: Reprodução/TJRJ

A ex-assessora de Marielle Franco se emocionou ao falar sobre o relacionamento das duas. Em um áudio exibido durante o julgamento do caso que envolve o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, Fernanda Chaves falou sobre sua amizade com Marielle.

"Minha filha sempre mandava mensagens pra ela e sempre recebia mensagens de volta através do meu Whatsapp. [...] A Marielle acompanhou muito o crescimento da minha filha. Nós trabalhávamos juntas há alguns anos. [...] Eu sai do Rio de Janeiro, mas sempre voltava, encontrava a Marielle. Ela tinha uma coisa com criança, com bebê, que era uma muito especial. Todo mundo sabe do que eu estou falando".

Ao ser questionada sobre a pressa que Marielle tinha para chegar em casa no dia 14 de março de 2018, Fernanda comentou sobre um acordo que ela tinha com a esposa Mônica Benício.

"A Marielle tinha feito um acordo com a Mônica. A Marielle chegava sempre muito tarde e o volume de trabalho dela era muito intenso. E, naquela virada de ano, porque era começo do ano parlamentar [março de 2018], de fato o ano tava começando ali. Ela queria cumprir a risco um combinado dela com a Mônica, de chegar em casa no máximo 21h, 21h30, de ter esse momento mais em casa, até porque o ano seria um ano eleitoral e a partir de junho as coisas ficariam muito mais complicadas de agenda", disse.

Além de ser madrinha de casamento de Fernanda Chaves, Marielle Franco também era madrinha de sua filha. "Muito difícil falar porque ela era uma pessoa presente demais na minha vida. As pessoas sabem como ela era. Ela se fazia presente. Ela fazia questão de está na vida das pessoas. A presença dela era gigante. [...] A gente tinha uma relação muito próxima, ela me ajudou demais quando minha filha nasceu".

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Imagens da perícia mostram projétil que atingiu carro onde estava Marielle e Anderson

Projétil que atingiu o carro
Projétil que atingiu o carro
Foto: TJRJ
Janela do banco do carona onde estava Marielle Franco
Janela do banco do carona onde estava Marielle Franco
Foto: TJRJ
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Ex-assessora de Marielle Franco declara: "Minha vida mudou completamente"

Fernanda Chaves precisou deixar o Brasil após o assassinato de Marielle Franco em março de 2018. Com ela, foram o marido e a filha, acolhidos pela Anistia Internacional. Contudo, ela contou em depoimento que sofreu uma série de dificuldades.

"Minha vida mudou completamente embora sejam 7 anos, quase, desse atentado, não há normalidade. Eu tive que sair do país, eu fui orientada a sair imediatamente da minha casa. A Anistia Internacional ofereceu um acolhimento fora do Brasil. Eu tive que sair do Rio de Janeiro, nós fomos pra Brasília, aguardar esse trâmite das passagens. Fui pra Madri, na Espanha, passamos três meses com o visto comum de turismo. E era o tempo que eu tinha pra pensar em como eu viveria a partir daquele dia", afirmou.

"Com um mês [da morte de Marielle e Anderson], a Polícia Civil queria fazer uma reconstituição do caso e eu saí de onde eu estava com os recursos da anistia. Quando voltei, não tinha mais recurso para manter minha família nesse período de três meses", declarou. Ela relatou que seu marido precisou pedir ajuda de amigos e de autoridades para auxiliar a família na época.

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"Senti o peso do corpo dela em cima de mim", diz Fernanda Chaves

Fernanda Chaves
Fernanda Chaves
Foto: Reprodução/Youtube

Em continuidade ao seu depoimento como primeira testemunha ouvida no julgamento do caso Marielle Franco nesta quarta-feira, Fernanda Chaves afirmou que estava no carro com a vereadora e o motorista Anderson Gomes quando ouviu uma "rajada".

"Em um ato de reflexo me enrolei e me enfiei atrás do banco do Anderson, mas nesse momento os tiros já tinham atravessado a janela. Eu pude perceber que o carro continuava em movimento. A Marielle não disse absolutamente nada. (...) Notei os braços do Anderson soltarem o volante. A Marielle tava imóvel e senti o braço dela por cima de mim, senti o peso dela em cima de mim", disse.

Por um momento, Chaves relatou que pensou estar em meio a um confronto entre a polícia do Rio de Janeiro e criminosos. Posteriormente, ela foi ajudada por moradores da região que chamaram a ambulância e prestaram socorro.

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Fernanda Chaves, ex-assessora de Marielle Franco, é 1ª testemunha ouvida de julgamento

Fernanda Chaves, primeira testemunha ouvida no julgamento do caso Marielle Franco, afirmou ao Ministério Público que em 14 de março de 2018, data na qual a vereadora foi assassinada juntamente com seu motorista Andersom Gomes, foi um "dia comum e muito atarefado".

Em depoimento, ela relatou que Marielle tinha uma pressa de chegar em casa naquele dia, então a vereadora ficou pouco em um evento organizado pela "Casa das Pretas". Fernanda é ex-assessora de Marielle e estava no carro ao lado da vereadora no dia do atentado. Ela foi a única sobrevivente. 

Neste dia, Marielle entrou no banco de trás por estar cansada. Segundo relatou Chaves, não era costume da vereadora sentar no banco do carona, pois ela sempre andava de carro no banco da frente. Era por volta das 21h10, quando ela, Marielle e Anderson deixaram o evento. 

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Pai de Marielle Franco fala sobre impunidade de réus confessos

O pai de Marielle Franco também esteve presente na manifestação organizada no Centro do Rio de Janeiro antes do julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Em discurso, ele afirmou que os réus confessos "não podem tirar a vida de nenhum ser humano e ficarem impunes". 

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Marielle, presente!

Manifestantes se reuniram em frente a estátua de Marielle Franco, no Centro do Rio de Janeiro, em ato antes do julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, réus confessos pelo assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes. 

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Atraso para começo

O julgamento estava previsto para começar às 9h, mas até agora não houve indícios de começo. Os familiares já estão dentro do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 

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"7 anos de muita dor", diz Anielle Franco

Ativistas protestaram antes de julgamento de réus acusados de matar Marielle Franco e Anderson Gomes
Ativistas protestaram antes de julgamento de réus acusados de matar Marielle Franco e Anderson Gomes
Foto: Catarina Carvalho/Terra

A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, desabafou em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro antes do início do julgamento de Ronie Lessa e Élcio de Queiroz.

"Quando eu cheguei agora, lembrei da minha mãe falando que parecia que a gente estava chegando de novo no velório. São quase sete anos de muita dor, de um vazio, de uma mulher que lutava exatamente contra isso e que foi assassinada da maneira que foi", desabafou. [LEIA MAIS]

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Mãe de Marielle Franco elogia o STF na condução da investigação

Marinete da Silva, a mãe da vereadora assassinada Marielle Franco, disse nesta quarta-feira, 30, que o processo que envolve os supostos mandantes do crime está avançando no Supremo Tribunal Federal (STF) e elogiou o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, afirmando que ele é uma "pessoa séria". [LEIA MAIS]

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Informações direto do Rio de Janeiro

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Grupo protesta por Marielle e Anderson

Grupo protesta antes de julgamento e pede justiça por Marielle e Anderson:
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Testemunhas de defesa de Élcio de Queiroz

A defesa de Queiroz desistiu dos depoimentos das testemunhas que havia requerido anteriormente.

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Testemunhas de defesa de Ronnie Lessa

• Marcelo Pasqualetti: agente federal
• Guilhermo Catramby: delegado da Polícia Federal

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Testemunhas de acusação

O julgamento começa nesta quarta-feira, com depoimentos das testemunhas de acusação. A principal a ser ouvida será Fernanda Chaves, então assessora da parlamentar que estava no carro e foi a única sobrevivente do atentado. Além dela, são esperados depoimentos de outras oito testemunhas. Saiba quem deverá ser ouvido de cada lado:

• Fernanda Gonçalves Chaves: vítima sobrevivente do ataque
• Ágatha Arnaus Reis: viúva de Anderson
• Monica Benício: viúva de Marielle
• Marinete da Silva: mãe de Marielle
• Carolina Rodrigues Linhares: perita criminal
• Luismar Cortelettili: agente da Polícia Civil do Rio
• Carlos Alberto Paúra Júnior: agente da Polícia Civil do Rio

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Familiares presentes

Anielle Franco em ato em frente a tribunal no RJ que pede justiça por Marielle
Anielle Franco em ato em frente a tribunal no RJ que pede justiça por Marielle
Foto: Catarina Carvalho/Redação Terra

Por volta das 8h30, se juntaram ao ato a viúva de Anderson, Agata Arnaus, os pais e a filha de Marielle, além da irmã, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O ex-deputado Marcelo Freixo (PT) também está no local com a família. Após discurso, eles entraram no tribunal do Rio de Janeiro e o ato seguiu em passeata até o Buraco do Leme, onde há uma estátua de Marielle.

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Protesto

O Instituto Marielle Franco realiza um ato na manhã desta quarta-feira, 30, em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pedindo justiça pela vereadora e pelo motorista Anderson Gomes. Desde às 6h20, dezenas de pessoas começaram a se reunir em frente ao local com lenços amarelos, vários cartazes e girassóis, símbolo da campanha de Marielle para vereadora do Rio de Janeiro durante a eleição municipal de 2016. "Marielle, justiça", "Anderson, justiça", e "seremos resistência", gritam os participantes durante o ato. Eles também questionam "Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar?".

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Início de julgamento

Após seis anos e meio das execuções de Marielle Franco e Anderson Gomes, os réus confessos, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz começam a ser julgados hoje pelo caso. Eles vão a júri popular. 

Fonte: Redação Terra
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