Caso Marielle: acompanhe o julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz
Reús confessos do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes vão a júri popular no Rio de Janeiro
Acompanhe o julgamento ao vivo
Julgamento dos réus confessos será feito ainda nesta quarta-feira
Júri decidiu julgar Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz na noite desta quarta-feira. Anteriormente, a previsão era de que o julgamento ocorreria na quinta-feira, 31, contudo, como os depoimentos terminaram em tempo ábil, optou-se por julgar o caso hoje.
Marcelo Pasqualetti, agente da Polícia Federal, é 2ª testemunha de defesa de Ronnie Lessa
"Não temos nenhum elemento que aponte que Élcio participou do monitoramento anterior ao crime", disse o agente da Polícia Federal Marcelo Pasqualetti em seu depoimento no caso Marielle Franco e Anderson Gomes.
"Mandato de Marielle foi uma pedra no sapato nos interesses milicianos", diz testemunha de defesa
"A motivação do crime tem como ponto nelvrágico a atuação de Marielle junto a pauta fundiária", alegou o delegado Catramby. Segundo a testemunha de defesa de Ronnie Lessa, apesar da pauta fundiária não ter sido motriz do mandato de Marielle, o mandato dela "tangeciou essa atividade" por algumas vezes.
"Não só o mandato dela, mas a bancada do PSOL [também]. A questão da verticalização de Rio das Pedras [por exemplo]. Embora ela e Chiquinho [Brazao] estivessem do mesmo lado, eles estavam do mesmo lado por motivos distintos. [...] O mandato de Marielle foi uma pedra no sapato nos interesses milicianos", afirmou.
Delegado diz que Lessa trouxe Élcio como "figura de confiança" no atentado de Marielle Franco e Anderson Gomes
O delegado Guilhermo Catramby disse em julgamento do caso Marielle Frango e Anderson Gomes, nesta quarta-feira, que Ronnie Lessa trouxe Élcio de Queiroz para o crime como uma "figura de confiança" para executar o crime.
Os dois são réus confessos do atentado. Ao receber o convite de Lessa, Élcio teria demonstrado "empolgação" pelo dinheiro que seria pago após o crime. O terceiro envolvido no crime, Maxwell Simões Correa, o Suel, foi a júri popular em agosto, em outra acusação. Ele foi responsável por seguir os passos de Marielle antes do assassinato, além de ter levado o Cobalt [carro usado para o crime] para um desmanche.
Guilhermo Catramby, delegado da Polícia Federal, é 1ª testemunha de defesa de Ronnie Lessa
O réu confesso Ronnie Lessa celebrou um acordo de delação premiada. Segundo Guilhermo Catramby, a descrição da rota de fuga dos executoras era fundamental para a investigação e para determinar quem havia mandado o réu cometer o crime.
"Na colaboração dele, ele menciona que a arma adveio dessas pessoas [milicianos], mas que Chiquinho Brazão [deputado federal acusado de ser o mandante do crime] o alertou sobre a necessidade de devolver o armamento. No primeiro momento, Ronnie desprezou o aviso. [...] Ele foi cobrado e precisou devolver", explicou o delegado, em relação à arma utilizada no crime.
Carolina Rodrigues Linhares, perita criminal, não comparece para depor; júri exibe vídeo
A perita criminal Carolina Rodrigues Linhares não compareceu ao júri popular do caso Marielle Franco e Anderson Gomes. Por isso, foi exibido um vídeo com a oitiva da testemunha durante a fase de investigação inicial do caso, em 2018.
"No tempo que foi os disparos e com o carro em movimento, você não conseguiria pelo peril dos disparos [usar] uma pistola intermitente. Teria que ser uma pistola rajada. Mesmo assim, é muito difícil controlar a arma [com o carro em movimento]. Já as submetralhadoras elas conseguem dar um maior suporte [ao tiro]", disse.
A hipótese, antes dos réus confessarem o crime, era de que o assassino de Marielle e Anderson era um "exímio atirador" e que a arma utilizada no atentado era uma submetralhadora do modelo MP5. Os tiros teriam sido disparados no modo automático, ou seja, no modo rajada.
No depoimento exibido no julgamento desta quarta-feira, ela descreveu o trabalho feito pela perícia criminal para determinar o perfil dos criminosos e da arma usada para cometer o atentado.
Luismar Cortelettili, policial civil do Rio de Janeiro, é 5ª testemunha do julgamento
O policial civil do Rio de Janeiro, Luismar Cortelettili, investigou o telefone do réu confesso Élcio de Queiroz.
No dia do crime, 14 de março de 2018, o senhor Élcio se deslocou para a residência de Ronnie Lessa. Por meio do rastreio do telefone, foi possível verificar que Élcio ficou algumas horas na casa de Lessa.
Júri do caso Marielle Franco e Anderson Gomes faz pausa até às 16h20
Policial Civil fala sobre arma usada no crime
Questionado pela defesa de Ronnie Lessa sobre detalhes do assassinato de Marielle e Anderson, o policial civil Carlos Alberto afirmou que a equipe de agentes sabe e conhece o calibre de armas, além do tipo de furos que elas podem fazer "num corpo, num objeto metálico ou num objeto de concreto". A submetralhadora MP5 foi apontada como a arma utilizada no crime.
"Um jornal divulgou a placa e nós perdemos o carro", relata investigador
O policia civil, que participou das diligências referentes à morte de Marielle e Anderson, relatou em depoimento nesta quarta-feira que os agentes não queriam divulgar a placa do carro Cobalt, apontado como o veículo utilizado pelos criminosos. "A gente não queria divulgar a placa, mas um jornal divulgou a placa e nós perdemos o carro", disse.
Pela investigação, os criminosos utilizavam o carro para seguir a vereadora semanas antes do crime. A polícia concluiu que o carro utilizado para o assassinato possuía uma placa clonada. "Só um exímio atirador consegue agrupar tiros com uma submetralhadora", afirmou Carlos Alberto.
Carlos Alberto Paúra Junior, policial civil, é 4ª testemunha de julgamento
O policia civil Carlos Alberto Paúra Junior, que fez parte do núcleo que investigou o carro usado no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, detalhou como foi feito o trabalho de investigação. A equipe se mobilizou para pegar imagens de câmeras de ruas, além de simularem possíveis trajetos realizados pelo carro com criminosos responsáveis por alvejar a vereadora e o motorista.
No entanto, as câmeras não foram tão eficazes assim. O que se sabia, na época, é que o carro era um Cobalt que teria fugido no sentido Centro do Rio de Janeiro. "Essa placa [do carro] em especial foi clonada em 2016. E esse cobalt clonado começou a andar muito em Campo Grande, saiu de Campo Grande, e passa na frente da Delegacia de Homicídios. Tinha uma peridiciocidade de fazer a cada três dias. Em um determinado momento ele começa a sair no sentido da Tijuca. Em eventos que a vereadora estava na Tijuca, o Cobalt estava próximo a ela", disse.
Meses depois, este carro voltou a andar em um trajeto de Campo Grande - Avenida das Américas - Leblon. Para a proprietária do carro Cobalt com placa original, foi orientado que ela mantivesse o carro parado, para que não fosse presa por engano enquanto a polícia estive realizando as diligências em busca do Cobalt clonado.
Veja como foi o depoimento da mãe de Marielle
Marinete Silva, emocionou o Tribunal ao compartilhar o impacto devastador do assassinato de sua filha. “Não tem como definir o que passei nesses anos”, desabafou Marinete ao relatar a experiência de perder a filha em 2018. Ela foi a segunda a prestar depoimento no julgamento de Ronie Lessa e Élcio Queiroz. [LEIA MAIS]
Veja como foi o depoimento da ex-assessora de Marielle
Fernanda Chaves, ex-assessora da vereadora Marielle Franco, relatou os momentos de tensão que viveu enquanto estava no carro com a vereadora e o motorista, Anderson Gomes. A assessora foi a única sobrevivente do ataque a tiros que vitimou Marielle e Anderson, e afirmou que conseguiu fazer o veículo parar após os tiros. Ela foi a primeira testemunha ouvida no julgamento sobre a morte da então vereadora do Rio de Janeiro e de Anderson Gomes, em 2018. [LEIA MAIS]
Muita emoção do depoimento de Agatha Arnaus
A viúva de Anderson Gomes mostrou muita emoção durante o depoimento. De acordo com Agatha, o motorista era o seu melhor amigo. Ela ainda contou um episódio em que Arthur, filho do casal, ficou olhando para o céu após o assassinato e falava: "Papai". No momento da fala, Agatha chorou bastante.
"Recebi fotos deles mortos", diz viúva de Anderson
Durante depoimento, Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, revelou que teve muito apoio nas redes sociais. Porém, ela também recebeu imagens do marido e de Marielle Franco mortos, além de charges ironizando o crime.
Agatha Arnaus: 'Tínhamos pouco tempo juntos'
A viúva de Anderson Gomes contou que ela e o marido dividiam os gastos e os cuidados com o filho, Arthur. De acordo com Agatha Arnaus, o marido preferia trabalhar como motorista de Uber durante a noite, então ele ficava com a criança quando ela saía para conversar.
Após a morte de Anderson, ela passou a receber uma pensão do INSS. De acordo com Agatha, o valor é um pouco abaixo da contribuição de Anderson para a família no momento do crime. Ela tem altos custos para cuidar de Arthur, que nasceu com onfalocele --quando o intestino e o fígado se desenvolvem dentro do cordão umbilical-- e ainda tem cinco alterações genéticas.
"Levei um ano para voltar para casa", diz viúva de Anderson Gomes
Durante depoimento, a viúva de Anderson Gomes revelou que demorou um um ano para voltar para casa após o assassinato do marido. Agatha Arnaus afirmou que a sua preocupação desde o momento do crime foi cuidar do filho do casal, Arthur, que tinha 1 ano e 10 meses na época. Segundo ela, a "dor não vai passar nunca", já que o marido perdeu a primeira vez que a criança falou, andou e tantas outras primeiras vezes.
Segundo Agatha Arnaus, o marido era uma pessoa de coração enorme: "Não conheço outra pessoa com essa vontade boa, de graça, gestos genuínos, não precisava receber nada em troca."
Depoimento de viúva de Anderson Gomes
Ágatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, também é ouvida como testemunha da Promotoria no primeiro dia de julgamento de Ronie Lessa e Élcio Queiroz, réus confessos dos assassinatos do motorista e de Marielle Franco.
"A única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter Marielle e Anderson vivos", desabafa Mônica Benício
Questionada em julgamento do caso Marielle Franco sobre o que ela espera em relação aos réus confessos, a viúva de Marielle Franco afirmou: "Se eu dissesse [que espero] justiça talvez tivesse uma leitura equivocada dessa fala. Porque a única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos. Mas, para além disso, dentro do que é possível, eu espero que se faça a justiça que o Brasil, que o mundo, espera há 6 anos e sete meses".
Ela completou: "Porque isso é importante também, não só por símbolo, mas para a Marielle Francisco, defensora dos Direitos Humanos, pro Anderson, pai do Arthur e esposo da Agatha. Para que a gente possa dar o exemplo de que crimes como esse não podem voltar a acontecer. Para que Marielles possam voltar a existir em sua potência com segurança e que Andersons possam chegar em casa após um dia de trabalho digno".
Aos prantos, viúva de Marielle relata que as últimas palavras que ouviu dela foi "eu te amo"
"Eu conheci a Marielle, eu tinha acabado de fazer 18 anos de idade. Eu lembro exatamente da primeira vez que eu olehi pra ela. E, depois daquele momento, a minha vida nunca mais foi a mesma. A gente teve um relacionamento com muitas idas e vindas, descobriu a sexualidade juntas. A gente nem questionava. Eu fui fazer pré-vestibular porque a Marielle me incentivou. E, quando eu passei no vestibular, ela foi fazer a matrícula comigo. Quando passei no mestrado, ela foi fazer a matrícula comigo. E, eu larguei um bom emprego em um escritório de arquiteto, quando eu queria fazer mestrado e a Marielle me incentivou", declarou Mônica Benício.
"Eu lembro exatamente dos últimos segundos que eu vi minha esposa com vida. E a última coisa que ela me disse foi: 'Eu te amo'. [...] Depois da morte dela, foram algumas vezes que eu pensei em me matar e algumas que eu tentei. Eu não acredito na morte física como o fim. E, talvez, só por acreditar que ela ainda existe, é a razão de estar aqui. Eu não vou conseguir dizer pra você em palavras qual o tamanho da falta. A gente tinha planos de se casar. Quando a Marielle morreu, o que eu senti é que tinham tirado todo meu futuro", completou.