Morre refém baleada por assaltante no Rio
Segunda, 12 de junho de 2000, 19h46min
Atualizado à s 4h14min Um assaltante não identificado manteve nesta segunda-feira (12) como reféns, por mais de quatro horas, 11 passageiros do ônibus da linha 174 da Viação Amigos Unidos, no Jardim Botânico, zona sul do Rio. Muito nervoso, ele ameaçava matar as pessoas com um revólver. A polÃcia negociou o tempo todo. Às 18h47min, o bandido desceu do ônibus usando como escudo a refém Geilsa Firmo Gonçalves. Um policial aproximou-se e fez dois disparos na cabeça do bandido, que morreu no Hospital Souza Aguiar. Ferida com tres tiros, Geilsa morreu no Hospital Miguel Couto. De acordo com o diretor do hospital, Edson Paixão, ela foi atingida no pescoço, no tórax e no abdômen, e sofreu duas paradas cardÃacas. O motorista do ônibus, José Fernandes do Nascimento, de 51 anos, contou que o homem embarcara pouco depois de o carro ter deixado o ponto final, na Gávea, por volta das 14h. Ele pagou passagem e sentou-se no banco atrás do motorista. Segundo Nascimento, não houve anúncio de assalto. "De repente, carros da polÃcia cercaram o ônibus; o homem agarrou a menina e colocou uma arma encostada em seu rosto", disse. Nascimento abriu as duas portas do ônibus e pulou pela janela. "Fiquei apavorado", contou. "Trabalho há 20 anos e já presenciei dez assaltos, mas nunca vivi nada parecido". A polÃcia informou que cercou o ônibus por ter desconfiado de dois homens que teriam entrado no veÃculo para praticar um assalto. O cúmplice do assaltante baleado seria Carlos Leite Faria, de 35 anos, que saiu por uma das janelas do ônibus à s 16h. Levado para a 15.ª Delegacia Policial (Gávea), ele continua detido. Na DP, Faria disse que trabalha como pedreiro e era passageiro do ônibus. Ele não tem passagem pela polÃcia, mas um sargento da PM, que chegou a entrar no veÃculo assim que se formou o cerco, ouviu-o dizendo "perdi, perdi", numa alusão ao assalto frustrado. O operador de loteria Edmar Floriano, de 32 anos, conversava com o cobrador quando a polÃcia cercou o veÃculo e conseguiu saltar pela porta de trás. "Do jeito que ele estava alterado, gritando muito, no mÃnimo estava drogado". O estudante William Nunes de Moura, 28 anos, liberado por volta das 16 horas, também disse que o assaltante parecia estar drogado. Ele contou que o bandido lhe disse: "Você deu sorte, está sendo liberado". "Pacto" - Por volta das 16h, o bandido, agarrando uma jovem, colocou a cabeça para fora de uma das janelas e disse: "Vocês estão pensando que isso é um filme? Não é, ela vai morrer". Ele obrigou a mulher escrever num dos vidros, com batom, a frase "Ele tem pacto com o diabo". Às 17h15min, o assaltante libertou Damiana Nascimento de Souza, de 39 anos, encaminhada desfalecida para o Miguel Couto. Às 17h50min, ele simulou a execução de um dos passageiros, disparando um tiro no ônibus. Mas ninguém ficou ferido. Cansaço - Comandado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), o cerco teve a participação de policiais do 2.º e 23.º Batalhões da PolÃcia Militar e da 10.ª e 15.ª DPs, além de atiradores de elite distribuÃdos por prédios vizinhos. A polÃcia tentou dialogar com o bandido por meio de um telefone celular, jogado para fora do veÃculo. "Vamos vencê-lo pelo cansaço", apostava o relações-públicas da PM, coronel Nilton Lourenço. Leia mais: Entenda como foi o seqüestro
Redação Terra/Agência Estado
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