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Deputado do PT pede substituição de Eurico na CPI da Nike

Quinta, 19 de outubro de 2000, 19h59min
O deputado federal Padre Roque (PT-PR) solicitou hoje à presidência da Câmara a substituição dos deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Eurico Miranda (PPB-RJ) da CPI da Nike, criada para investigar o contrato entre esta empresa e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Os dois deputados tiveram ajuda financeira da CBF para suas campanhas eleitorais, em 1998. "Isso tira toda a credibilidade e imparcialidade da CPI", alegou o deputado Roque. "Se os dois não saírem, a CPI ficará sob eterna suspeição."

Há um cheque da CBF, no valor de R$ 50 mil, na prestação de contas da campanha de Eurico, no TRE do Rio de Janeiro. Perondi, irmão do presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Emídio Perondi, foi beneficiado com R$ 100 mil. A divulgação do fato causou constrangimento entre os membros da CPI da Câmara.

Além do pedido de Padre Roque, o deputado Dr. Rosinha, membro da comissão e também do PT do Paraná, vai discutir coma bancada a substituição dos dois colegas. "Não sei se o regimento permite, mas seria muito melhor para a CPI que eles saíssem da comissão", afirmou o Dr. Rosinha. "Eles deveriam se considerar impedidos de investigar uma entidade que ajudou em suas campanhas."

A doação também repercutiu mal na CPI do Senado, instalada hoje. Por essas e outras, o senador Antero Paes de Barros (PMDB-MT) chegou a pedir a convocação de Eurico Miranda para depor. "Ele que vá procurar a turma dele", reagiu Eurico ao ser informado do pedido. Ele também não acredita na sua retirada da CPI. "Quem me coloca ou me tira de lá é o líder do meu partido e não o presidente da Câmara", respondeu o dirigente do Vasco.

Se depender do entendimento do deputado José Genoíno (PT-SP), especialista em regimento interno, Eurico pode ficar mesmo tranqüilo. "Infelizmente, não há nenhuma brecha no regimento interno para isso", lamentou Genoíno. Segundo ele, a substituição dos dois só seria possível se o Código de Ética Parlamentar estivesse em vigor. "Pelo código, o deputado fica proibido de participar de CPIs sobre assuntos de seu interesse indireto, mas esse projeto ainda não foi aprovado."

Membro suplente da CPI da Câmara, Genoíno admitiu que está preocupado com o andamento dos trabalhos. Na primeira sessão, Eurico conseguiu derrubar dois requerimentos do PT, além de adiar outro do deputado Ayrton Xeréz (PPS-RJ) sobre os contratos entre alguns clubes, incluindo o Vasco, e empresas multinacionais.

"Não podemos permitir que eles comecem a brecar nossas investigações", criticou Genoíno, que não estava presente na primeira sessão. "Se começar desse jeito, o Eurico vai deitar e rolar." O deputado petista, porém, garantiu que isso vai mudar a partir da próxima sessão. "Não vamos deixar ele tomar conta da CPI."

» Veja especial sobre as CPIs que vão investigar o futebol
Agência Estado

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