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Luxemburgo é o alvo da CPI do Senado

Quinta, 19 de outubro de 2000, 23h18min
Wanderley Luxemburgo vai ser o alvo principal do início dos trabalhos da CPI do Futebol, instalada nesta quinta-feira no Senado. Requerimentos pedindo o depoimento do ex-técnico da seleção e da ex-secretária do técnico, Renata Alves, que iniciou a série de denúncias contra ele, já foram aprovados hoje mesmo. Os dois podem até ser chamados para uma acareação.

Os depoimentos só devem ocorrer no começo de novembro, depois do segundo turno das eleições municipais. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), confirmado nesta quinta-feira como o presidente da Comissão, diz que o sigilo bancário e fiscal de Luxemburgo devem ser quebrados. "Essa é uma tendência, até porque ele já teve seu sigilo quebrado pelo Ministério Público", disse.

A hipótese da acareação foi confirmada pelo senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), que deseja esclarecer as denúncias de Renata. Ela acusou Luxemburgo de sonegação fiscal e de ter lucrado com a venda de passes de jogadores para o exterior.

Outros seis requerimentos foram aprovados na primeira sessão. Os senadores querem ter em mãos informações sobre operações cambiais, recolhimento de contribuições previdenciárias, fiscalizações realizadas pelo Ministério da Fazenda, Imposto de Renda e FGTS e até uma lista completa de todos os jogadores negociados com o exterior nos últimos cinco anos.

Ainda nesta quinta-feira, foram aprovados os nomes de Geraldo Althoff (PFL-SC) como relator e Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) como primeiro vice-presidente.

José Roberto Arruda diz que também quer pedir a convocação de juízes do Superior Tribunal de Justiça Desportiva e de árbitros de futebol para explicar os resultados de alguns jogos e julgamentos. "Se não ficarmos satisfeitos, vamos pedir a quebra do sigilo bancário e fiscal dessas pessoas", antecipou o senador.

Como era previsto, as duas CPIs começaram a trombar em alguns assuntos e já ameaçam uma dupla investigação. Os senadores pediram que a CBF envie uma cópia do contrato da entidade com a Nike, o que a CPI da Câmara já havia aprovado em seu primeiro dia de funcionamento.

Arruda quer atenção especial para o que teria acontecido na final da Copa de 1998. Para isso, quer chamar para depor o ex-técnico Zagallo, o médico Lídio Toledo e o atacante Ronaldinho. "Essa CPI tem de explicar, afinal de contas, se a seleção brasileira reflete os interesses do País ou da Nike.

Queremos saber se interessava a Nike uma vitória da França", disse Arruda, ignorando o fato de a Federação Francesa ter contrato com a Adidas, concorrente mundial da Nike. "Temos o melhor futebol do mundo e a pior classe dirigente", repetiu várias vezes o senador tucano.

Álvaro Dias repetiu o discurso moralizador. "Temos de acabar com essa impunidade absoluta e essa corrupção que assola o nosso futebol", disse o senador, argumentando com os valores de sonegação de impostos de clubes e jogadores nos últimos anos.

De acordo com ele, a Receita Federal já aplicou multas de R$ 23,7 milhões. Outros R$ 180 milhões são devidos à Previdência Social e mais R$ 61 milhões não foram recolhidos de Imposto de Renda. "A CPI tem de mudar isso e propor um novo modelo para o nosso futebol", resumiu Dias.
Agência Estado

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