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Lavagem de dinheiro é alvo da CPI do Futebol
A CPI recebeu documentos para comparar com as informações dos clubes (Agência Estado)

Sexta, 17 de novembro de 2000, 19h35min
O relator da CPI do Futebol, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), disse nesta sexta-feira que as investigações nos contratos internacionais de jogadores, recebidos esta semana do Banco Central, vão identificar os casos de lavagem de dinheiro ou de subfaturamente que possam ter ocorrido nessas transações. A estratégia da comissão, de acordo com o senador, é a de comparar os dados fornecidos pelos times ao banco com os valores dos contratos registrados pela Fifa. "Se o valor for menor, saberemos que houve sonegação", explicou. "Se o contrato estiver mais alto, saberemos que houve lavagem de dinheiro".

Althoff informou que o requerimento para fazer essa "acareação de dados" foi encaminhado à Fifa dia 20 do mês passado.

Nas quatros pastas azuis que recebeu do Banco Central, a CPI teve acesso aos processos administrativos instaurados contra 22 clubes, por "ilícito cambial". O total das transações realizadas antes de 1998 é de US$ 42,5 milhões. As transferências feitas por seis clubes de São Paulo - Corinthians Guarani, Palmeiras, Portuguesa, Santos e São Paulo - somam US$ 5,2 milhões até aquele ano. O Grêmio aparece como o time que mais movimentou dinheiro na transferência de jogadores, com US$ 15,2 milhões.

A partir de 1999, com a vigência da Lei Pelé, os dados sobre as transferências passaram a ser feitas pelos clubes à Confederação Brasileira de Esportes (CBF). Depois dessa data, foram abertos cerca de 1.800 processos sobre compra e venda de jogadores, mas assessores do banco informaram à CPI que as investigações sobre esses casos ainda estão em fase inicial.

Na lista enviada à CPI há um caso curioso: o do Goiás Esporte Clube, que está criando "embaraço na fiscalização" e até agora, não forneceu os documentos solicitados pelo Banco Central. Já na pasta que contém o processo contra o Clube Atlético Mineiro, o técnico do Banco Central também colocou na etiqueta o nome "Galo", como o time é tratado carinhosamente por seus torcedores. Os demais clubes são tratados apenas pelos nomes "oficiais".

Para o Banco Central, ocorre crime de sonegação de cobertura cambial quando as transações são realizadas sem a comunicação dos valores reais envolvidos ou quando o câmbio não é feito de forma regular por um banco do sistema financeiro nacional.

CPI da Nike - O presidente da CPI da Nike, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse nesta sexta-feira que os deputados Pedro Celso (PT-DF) e Jurandil Juarez (PMDB-AP) vão limitar apenas a Portugal e Itália as investigações sobre a falsificação de passaportes utilizados por jogadores brasileiros. Eles embarcam na próxima terça-feira.

A viagem à Bélgica, segundo ele, foi deixada para uma nova ocasião, porque naquele país também ocorreria o que está sendo chamado pela CPI da "tráfico de menores". É o caso de jogadores menores de idade que são levados para países europeus, sem nenhum tipo de contrato, para "arriscar" a sorte em clubes da segunda divisão. De acordo com as denúncias recebidas pela comissão, os que não "emplacam", são abandonados à própria sorte, não dispondo nem mesmo de condições para retornar ao Brasil.

Os valores das transações de compra e venda de jogadores
até 1998 são os seguintes:
1.Grêmio US$ 15,25 milhões
2.Flamengo US$ 4,73 milhões
3.ParanáUS$ 3,97 milhões
4.InternacionalUS$ 3,94 milhões
5.BotafogoUS$ 2,75 milhões
6.Sport Clube do RecifeUS$ 1,53 milhões
7.Vitória da BahiaUS$ 1,39 milhões
8.Atlético de Minas GeraisUS$ 1,35 milhões
9.PalmeirasUS$ 1,34 milhões
10.VascoUS$ 1,30 milhões
10.VascoUS$ 1,30 milhões
11.GuaraniUS$ 1,26 milhões
12.CoritibaUS$ 980 mil
13.PortuguesaUS$ 956 mil
14.Santa CruzUS$ 675 mil
15.São PauloUS$ 670 mil
16.SantosUS$ 600 mil
17.CorinthiansUS$ 441 mil
18.Volta RedondaUS$ 300 mil
19.Atlético do ParanáUS$ 218 mil
20.BanguUS$ 103 mil
21.Campo GrandeUS$ 16 mil
22.Goiásnão encaminhou a documentação
solicitada pelo BC
Os dados foram repassados pelos clubes ao Banco Central

Saiba mais:
» Especial:As CPIs que investigam o futebol brasileiro
Agência Estado

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