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Contas de Luxemburgo na mira da CPI do Futebol

Quarta, 29 de novembro de 2000, 18h48min
O tema principal do depoimento que o ex-técnico da seleção brasileira, Wanderley Luxemburgo, prestará amanhã à CPI do Futebol, a partir das 9 horas, é a enorme quantidade de dinheiro que ele movimentou nos últimos anos. Os valores foram registrados nas 30 contas bancárias abertas em seu nome de 1993 para cá.

De acordo com o relator da comissão, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), o montante ficou acima do previsto, mesmo em se tratando de um profissional de sucesso como ele. A CPI constatou que só no Bradesco, Luxemburgo operou em 7 contas bancárias. Dois procuradores do Ministério Público vão acompanhar o depoimento.

A vinda de Luxemburgo a Brasília agora é bem diferente da visita de julho do ano passado, quando a seleção brasileira se sagrou campeã da Copa América. Ele foi ovacionado pela população no aeroporto, antes de se dirigir ao Palácio da Alvorada, onde foi recepcionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesta quinta-feira, o treinador deve ter apenas seus advogados como companhia. Se for necessário, Althoff disse que ele será reconvocado para falar à CPI.

"Quem viveu o dia a dia do futebol, como ele, tem muito o que cooperar com a comissão", alegou. O depoimento tomou todo o tempo da comissão esta semana. Ainda assim, segundo Althoff, não foi possível reunir todos os dados solicitados a órgãos públicos.

Faltam dados sobre o registro dos veículos que a ex-procuradora de Luxemburgo teria arrematado em leilões para ele e sobre as contas CC5 (remessas de dinheiro para o exterior) identificadas pelo Banco Central. Os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) serviriam para comparar com os dados fornecidos por Renata à CPI. Segundo ela, na "frota" arrematada pelo treinador estariam cinco caminhões, quatro kombis, dois ônibus, um fusca, um automóvel Miúra e um trator.

A ex-procuradora disse que ele movimentaria contas bancárias no paraíso fiscal das ilhas Cayman, mas não forneceu nenhum outro dado para ajudar nessa investigação.

O relator disse contar com o "fator surpresa" nas indagações que fará ao treinador. Althoff disse que suas perguntas serão feitas com base em fatos já constatados pela comissão e sobre indícios de denúncias ainda não apuradas. Ele lembrou que a CPI dispõe de mecanismos "únicos" de investigação, que permitem checar todas as afirmações colhidas em depoimentos.

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Agência Estado

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