O ex-técnico da seleção brasileira não satisfez os senadores em seu depoimento de hoje na CPI do Futebol. Depois de ser ouvido por cerca de cinco horas, ele não conseguiu responder a algumas perguntas sobre seus rendimentos. O relator da CPI, Geraldo Althoff (PFL-SC), disse que serão necessárias várias acareações para confrontar as informações do treinador. O presidente da CPI, Álvaro Dias (PSDB-PR), também disse não ter ficado satisfeito com as respostas de Luxemburgo. A principal dúvida envolve as transações bancárias do treinador. Apesar de ter recebido cerca de R$ 8 milhões nos últimos cinco anos, ele movimentou R$ 18 milhões. A diferença, de R$ 10 milhões, foi considerada elevada por Dias e Althoff.
Os principais pontos do depoimento:
Renata Alves – O treinador acusou a ex-secretária de ter tentado chantageá-lo exigindo R$ 200 mil para não fazer mais acusações. Depois, segundo ele, um advogado teria sugerido o pagamento de R$ 1,5 milhão. Luxemburgo disse que recusou as duas propostas. Também negou a acusação de que traficava cocaína em bolas de futebol e entregou à CPI um exame antidoping a que se submeteu para provar que não é usuário de drogas.
Suborno – A CPI exibiu um video do programa Cartão Verde, da TV Cultura, em que o técnico diz ter sofrido tentativa de suborno de um empresário. Luxemburgo inicialmente tentou negar a história – "Eu digo na fita que é uma coisa que corre no futebol" —, mas, pressionado pelo senador Geraldo Althoff, que chegou a ameaçá-lo de prisão, à tarde identificou o empresário apenas como Vadinho, que teria proposto dinheiro em troca da convocação de um jogador do Sport, cujo nome não citou. O jogador, segundo ele, não foi convocado.
Certidão falsa – Luxemburgo admitiu aos senadores que nasceu em 1952 e não em 1955, como consta em sua certidão de nascimento. Segundo ele, o erro foi cometido por seu pai,Sebastião da Silva, já falecido, ao registrá-lo. O treinador disse que o ano está sendo corrigido em nova certidão e acrescentou que pretende continuar usando o nome de Wanderley e não Vanderlei, como consta numa outra certidão.
Nike – O treinador revelou ter recebido 10.041,38 da Nike no ano passado como pagamento por uma palestra. Ele afirmou que a empresa não interferia nas convocações e escolha dos adversários da seleção brasileira. Confirmou, porém, que Luizão, um funcionário da Nike, freqüentava o ambiente da seleção.
"Embaixada" – Wanderley Luxemburgo negou ter freqüentado uma mansão no Rio, conhecida como "embaixada", onde teria, segundo Renata Alves, recebido dinheiro de empresários pela negociação de jogadores. Também disse que não conhecia Manuel Rodrigues, dono da casa, mas admitiu conhecer Jorge Rodrigues – que seria sócio do imóvel –, apontando-o como um ex-diretor do Flamengo.
Contas bancárias – Luxemburgo afirmou ter esquecido de declarar 29 contas bancárias ao Imposto de Renda. Também não soube explicar cheques depositados em suas contas e disse não saber se sua mulher, Josefa Costa Santos Luxemburgo, tem uma conta em Miami, nos Estados Unidos.