O advogado Marcos Malucelli, um dos que auxiliam o ex-técnico da seleção brasileira Wanderley Luxemburgo, disse hoje que seu cliente foi submetido a um processo "inquisitório" na CPI do Futebol, na última quinta-feira, no Senado. "Só deram alternativa para ele responder sim ou não", reclamou Malucelli. "Não teve direito de defesa, mas só de resposta, e sem assistência direta do advogado."De acordo com ele, Luxemburgo estava preparado para qualquer pergunta, embora admitisse que a expectativa era ver "coisas do futebol". Quando os questionamentos partiram para questões financeiras e aumento patrimonial, Malucelli entende que Luxemburgo "precisava de assessoria do advogado". Mas ele próprio admite que não tinha todas as documentações sobre contas correntes, poupanças e escrituras de imóveis do treinador.
Agora, o advogado pretende reunir os documentos e procurar a "tribuna" que considera ideal para as explicações: a imprensa. "Vamos convocar a imprensa e poderemos explicar tudo", disse. "O advogado terá liberdade e o Wanderley poderá explicar tudo, será uma tribuna onde ele terá voz." Para Malucelli, todos os questionamentos podem ser feitos, "desde que se dê tempo para a resposta".
Malucelli disse que o ex-técnico da seleção ficou "perturbado" quando os advogados foram impedidos de dar-lhe o "start" para que desenvolvesse a defesa. De acordo com ele, o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), havia concordado com a atuação dos advogados. "A regra do jogo mudou lá", afirmou. "Passamos a ser meros repassadores de documentos."
O advogado reclamou também de os senadores não terem mostrado documentos sobre possível movimentação bancária de R$ 18,8 milhões entre 95 e 99, período em que o ex-técnico declarou à Receita Federal ter recebido R$ 8,5 milhões. "Eu pedi mas não mostraram", afirmou. O advogado disse suspeitar que os senadores estão somando todos os valores que passaram pelas contas.
"Ele recebeu R$ 1,5 milhão da CBF em determinada época no Banco Real, como não queria manter nesse banco transferiu para o Bradesco e aí somam como se tivesse recebido R$ 3 milhões", suspeita. "Eu acho que fizeram isso, porque não teria como omitir esse valor." Ele acredita ainda que foram computados como receita valores emprestados ao ex-técnico da seleção e que foram devolvidos depois. "Isso não é ganho", afirmou.
Malucelli disse que ele próprio emprestou R$ 160 mil a Luxemburgo. "Agora vou ter que ir atrás do meu banco para pegar os extratos." Ele também garantiu que Luxemburgo nunca teve 30 contas-correntes em movimentação simultaneamente. "O que importa não é a quantidade, mas a movimentação", argumentou. "E isso os senadores não mostraram." O advogado acredita que, depois do depoimento de quinta-feira na CPI, a Receita Federal deve intensificar as análises sobre as movimentações financeiras aquisições imobiliárias e declarações de renda do ex-técnico da seleção. "Do jeito que foi plantado, a Receita pode vir para cima", disse. Segundo ele, o trabalho de defesa precisa ser reforçado porque "a notícia que sai primeiro é a que fica".
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