Se dependesse do senador Maguito Vilela (PMDB-GO), o depoimento do ex-técnico da seleção brasileira Wanderley Luxemburgo não teria passado de uma bem humorada conversação sobre os rumos do futebol no Brasil. Num dos momentos mais reveladores do depoimento, ele interrompeu o relator Geraldo Althoff (PFL-SC) para propor que os assuntos relacionados a finanças do treinador fossem deixados de lado. "Poderíamos falar um pouco do objetivo maior do futebol, dos problemas da CBF, da desorganização do calendário, da questão Romário", propôs ele a seus colegas. "Gostaria de dividir isso em duas partes, para não ficar realmente cansativo falar só em finanças, finanças, finanças". O presidente da comissão, Álvaro Dias (PSDB-PR), respondeu que as investigações têm por alvo o futebol como atividade econômica.
Maguito disse que havia feito a intervenção porque "ousava" afirmar que entre todos os treinadores de futebol do Brasil, jogadores e dirigentes "nenhum, talvez, cumpra rigorosamente com as suas obrigações em relação aos impostos". "Esse é um mundo que precisa ser disciplinado", alegou. O senador concordou com Luxemburgo de que a desorganização é um dos motivos da sonegação.
"O treinador, o jogador, ele não tem tempo, nesse calendário do futebol brasileiro, para cuidar dos negócios", justificou. "Então nomeia um procurador e deixa as coisas acontecerem".
Para Maguito Vilela, a dificuldade em explicar a movimentação das contas bancárias não é só de Luxemburgo. "Treinadores ou jogadores brasileiros, qualquer um que vier aqui não saberá explicar os fatos e por isso, às vezes, lança mão dos seus advogados".
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