O depoimento do ex-técnico da seleção brasileira Wanderley Luxemburgo à CPI do Futebol, no Senado, desagradou a seu advogado, Michel Assef, que reclamou com veemência das respostas do cliente aos parlamentares, que o sabatinaram por quase seis horas, na quinta-feira. Segundo Assef Luxemburgo começou a errar ao insistir em aceitar o convite dos senadores para ir a Brasília. E enrolou-se "ao tentar explicar o inexplicável".Assef irritou-se com o que considerou "teimosia" de Luxemburgo ao se dispor a responder a todas as perguntas. "Eu o instruí a ficar calado, mas ele não seguiu minha orientação." Para o advogado, o treinador demonstrou ser muito vaidoso e inábil. "Ele achava que era mais brilhante que os senadores e que daria um nó em todos eles. Aconteceu exatamente o contrário", afirmou.
Ao dizer que vai estudar agora se Luxemburgo deve comparecer à acareação com a estudante Renata Alves, autora de várias denúncias contra o treinador, Assef contou que teve um pequeno desentendimento com o senador Romeu Tuma (PFL-SP), pouco antes da sessão, ao assegurar que Luxemburgo não assinaria o termo de compromisso, que obrigaria o técnico a dizer a verdade. "Eu deixei claro ao senador que meu cliente não assinaria nada." Luxemburgo resolveu, por conta própria, acatar a sugestão de Tuma e, mais uma, vez contrariou o advogado. "Cliente que não segue as recomendações, então por que paga?"
Assef também criticou o comportamento do relator da CPI, o senador e médico pediatra Geraldo Althoff (PFL-SC), que ameaçou Luxemburgo de prisão se faltasse com a verdade. "O senador entende de pediatria, mas não sabe nada de Direito." Para Assef o silêncio na CPI seria uma boa estratégia de defesa, porque Luxemburgo já responde na Justiça a todos os pontos polêmicos levantados pelos senadores.
O advogado explicou que a suposta conta em Miami, em nome da mulher do treinador, Josefa Costa Luxemburgo, pode ter sido aberta num período em que uma das filhas do casal estudava nos Estados Unidos. Não soube dar mais dados sobre o assunto. Assef ressaltou que o depoimento pode acarretar problemas para a defesa de Luxemburgo.
A Traffic explicou que o dinheiro repassado pela empresa a Luxemburgo durante o período em que ele treinava a seleção refere-se ao cachê por sua participação no programa Super Técnico, da TV Bandeirantes. A quantia paga aos convidados é de R$ 2 mil líquidos, já descontados o Imposto de Renda e demais obrigações fiscais, como esclareceu a empresa de marketing esportivo.
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