Sexta, 08 de dezembro de 2000, 21h58min
Atualizado à 1h10

O ministro da Justiça, José Gregori, convocou a imprensa para anunciar que a prisão do juiz Nicolau dos Santos Neto foi “incondicionada” e que não será concedida “nenhuma regalia” ao ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, que estava foragido havia 228 dias. Na porta de sua casa, em São Paulo, Gregori afirmou que estava ordenando ao diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, o “cumprimento das determinações da lei”.

Acompanhado do próprio Agílio, o ministro leu uma nota oficial de sua autoria, relatando o processo de prisão de Nicolau, iniciado no dia anterior, com um contato do advogado do juiz, Alberto Toron, ao delegado da Polícia Federal, Roberto Precioso. A nota reafirmava posição do presidente Fernando Henrique Cardoso, manifestada há cerca de um mês, contra qualquer concessão em troca da entrega do juiz.

Gregori negou que tenha havido uma tentativa de negociação de sua parte para facilitar a entrega do juiz. O que houve, segundo o ministro, foi um esclarecimento ao advogado Toron sobre a conduta que seria adotada pela polícia na eventual entrega de Nicolau. “Há cerca de 25 dias, ele (o advogado) me procurou dando notícia de que uma das hipóteses era o juiz se apresentar. Mas nessa conversa não ficou absolutamente nada condicionado.”

Ele disse que Nicolau temia represálias. “O juiz naturalmente julgava que pudesse ter qualquer tipo de falta de respeito à sua integridade física, o que, na realidade, é impensável do ponto de vista deste ministro da Justiça”, declarou Gregori, informando ter prometido “o óbvio” ao advogado. “Prometi pleno respeito à lei, pleno respeito à sua integridade e nenhuma regalia. Por força de lei, ele, por conta de ser juiz, terá direito a uma cela especial.”

Aparência – Gregori disse que desconhecia a atual aparência física de Nicolau. Mas informou que o delegado da Polícia Federal Roberto Precioso já havia divulgado que o juiz se encontrava em condições “satisfatórias” de saúde. O ministro informou ainda que os detalhes sobre o trajeto de Nicolau durante os 228 dias em que esteve foragido ainda seriam objeto de investigação.

O cerco feito pela Polícia Federal ao juiz e o trabalho investigativo da força-tarefa do Ministério da Justiça, foram, de acordo com Gregori, os principais fatores que desencadearam a entrega de Nicolau. “Não tenho dúvida de que, se a Polícia Federal estivesse longe e se o grupo-tarefa não tivesse trabalhado como trabalhou, a atitude de quem estava foragido há tanto tempo poderia ser de prolongar esta situação.”

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Agência Estado / O Estado de S. Paulo

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