A primeira hora da reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado foi dedicada a esclarecer as circunstâncias que levaram à quebra do sigilo do painel eletrônico da casa. Apenas o senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) e a ex-diretora do Prodasen Regina Célia Borges falaram. Arruda se desmentiu duas vezes durante a acareação.O senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) reconsiderou o primeiro depoimento dado ao Conselho. Questionado pelo relator Saturnino Braga (SB-RJ) se havia conversado por telefone com Regina Borges, Arruda afirma que conversou com a servidora na tarde de 28 de junho, data da votação da cassação do mandato de Luiz Estevão. Regina diz que o telefonema foi pela manhã.
Saturnino perguntou por que o senador negou os telefonemas. "Sobre as ligações, eu deixei muito claro que não tinha nenhuma lembrança disso", afirma Arruda. O senador disse que costuma deixar o telefone com uma secretária quando chega ao Senado. Ele leu uma relação de ligações feitas de seu telefone no dia 28 de junho e disse que retornou os telefonemas de Regina às 17h42.
Sobre a contradição anterior, Arruda se defendeu citando trechos do depoimento de Regina Borges. Segundo ele, a interpretação da ex-diretora do Prodasen, que encarou um pedido como uma ordem, fez com que ela agisse por iniciativa própria. "Eu contei 12 vezes a palavra "pedido" no depoimento da dra. Regina".
"Pedido e ordem são palavras tênues que dependem das circunstâncias para terem sentido. No caso da violação do painel do Senado, eu segui a orientação como se estivesse obedecendo uma ordem", disse. Regina Borges afirmou que considerava o sistema do painel seguro e que não havia nenhum motivo para ela querer provar o contrário. "Isso só foi feito porque recebemos uma determinação para obter a lista com os votos", garantiu.
Mais tarde, pressionado pela senadora Heloísa Helena (PT-AL), Arruda voltou a se contradizer, ao afirmar que o encontro com Regina ocorreu na noite anterior à cassação de Luiz Estevão. O senador dissera, em outro depoimento, que a reunião tinha ocorrido na noite da cassação.
"Se era uma questão de segurança do painel, por que fazer o pedido em nome do senador Antônio Carlos e marcar a reunião para sua casa", perguntou Heloísa. "Eu estava em um deslocamento para casa e tinha pedido para minha secretária localizá-la. Ela me disse: 'Eu moro perto do senhor' Não vi problema nenhum".
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