O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) discursou durante aproximadamente 40 minutos ao anunciar sua renúncia da presidência do Senado. O novo presidente do Senado será eleito em sessão extraordinária amanhã (quarta-feira) às 17h. Pela manhã, o PMDB se reúne para definir qual nome vai indicar para ocupar o cargo.O senador disse que não vai renunciar ao mandato. A manutenção do mandato garante a ele a preservação da imunidade parlamentar, portanto, mais proteção em caso de ser processado. Jader afirmou estar se sentindo "bem e cada vez mais jovem", agora que renunciou à presidência do Senado. "Saio com a certeza de que cumpri deveres e obrigações", disse.
Jader disse que começou a ser acusado após desentendimentos com o ex-presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães. "A partir do momento em que me envolvi com desententimento político com o ex-presidente desta casa comecei a ser alvo de denúncias. Ao assumir a presidência do Senado pedi sabedoria a Deus para enfrentar a guerra suja através da imprensa em nome de falsa ética, procurando em me transformar no símbolo do erro nacional para desviar a atenção da opinião pública com problemas que preocupam o povo brasileiro".
Sobre a violação do painel eletrônico do plenário do Senado, Jader disse que os oportunistas se aproveitaram para "dar vazão à sede de vingança". Jader afirmou que, apesar dos embates com ACM, falou com ele por telefone durante o episódio da violação do painel do Senado, dando ao então senador todas as chances de defesa.
"Ao longo da via crúcis que tenho sido submetido não conseguiram encontrar provas que sustentassem as denúncias para destruir um homem público deste país". Com relação a matéria publicada na revista IstoÉ sobre o recebimento de cheques em um hotel de São Paulo há 13 anos, Jader considerou um "estardalhaço", assim como o pedido de propinas, envolvendo a fraude na extina Sudam "eram irresponsavelmente repetidas".
Sobre seu afastamento da presidência do Senado, Jader disse que foi para que as acusações fossem apuradas sem nenhum tipo de influência. Jader afirmou que "desgastaram minha imagem com linchamento moral sem limites constrangendo a todos". Jader acusou seus inimigos de serem "piores que Maquiavel", pois não se contentam em acusar, mas também desonram as vítimas.
O senador disse que no relatório da comissão do Conselho de Ética apenas remanesceram o episódio do Banpará, de 17 anos atrás e o requerimento no qual ele teria impedido a abertura de investigações no banco. "Ao declarar minha inocência não usei mais do que o meu direito de cidadão". "Me acusaram de mentir por negar a acusação, minto porque nego. Não usei nenhum recurso do Banpará nas minhas contas pessoais", referindo-se ao possível quebra de decoro parlamentar. Jader insistiu que no relatório do Banco Central não foi detectada nenhuma prova convincente para indiciá-lo.
Sobre o requerimento no qual Jader teria impedido investigações sobre o Banpará, o senador disse que solicitou diversos documentos para facilitar a apuração dos fatos, "Ofereci espontâneamente meus extratos das contas bancárias de 1984 a 1988", além de ter se afastado da presidência do Senado.
Jader se comparou a Galileu Galilei que diante do Tribunal da Inquisição para escapar da pena de morte teve que negar sua crença de que o sol era o centro do univero. "Se concordar com as acusaçoes deixarei de infringir o decoro parlamentar".
"Em respeito à instituição que fui escolhido para presidir a Casa, que me afasto hoje da presidência para preservá-lo e serví-lo. Meu gesto é precedido de acordo político garantindo ao PMDB a manutenção do cargo que lhe pertence."
Jader encerrou o discurso lendo um trecho de Eclesiastes e falando sobre o estado do Pará e sua contribuição "lamento que nosso estado seja privado do privilégio do cargo. Que o povo do Pará compreenda que meu crime foi ousar politicamente".
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