Alysson Muotri: quem é o brasileiro que deve ir à Estação Espacial em 2024
Viagem de Alysson Muotri à Estação Espacial Internacional (ISS) deve acontecer em novembro de 2024
Alysson Muotri, professor dos departamentos de Pediatria e Medicina Celular da Universidade de San Diego, na Califórnia (EUA), deve se tornar o primeiro cientista brasileiro na Estação Espacial Internacional (ISS) em 2024, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Muotri é diretor do programa de células-tronco da universidade e coordena pesquisas em diversos campos e finalidades, como reparo de DNA, câncer, terapia e modulação gênica. Foi um dos primeiros pesquisadores brasileiros a cultivar células-tronco embrionárias.
Estudo com "minicérebros"
Em seus estudos, Muotri investiga o comportamento de culturas de neurônios e "minicérebros" cultivados em laboratório, buscando compreender as disfunções nas redes neuronais de pacientes com transtornos mentais.
Os minicérebros são criados por meio de células-tronco feitas a partir de células da pele ou da urina de voluntários. Os cientistas manipulam estas células para transformá-las em neurônios, que são agrupados em um emaranhado de esferas, formando os organoides.
Eles não possuem uma estrutura completa nem consciência, mas simulam de forma simples a organização celular encontrada no cérebro humano. Assim, cientistas podem realizar pesquisas mais avançadas, replicando o ambiente de um cérebro de tamanho real.
Polêmica com autismo
Os estudos de Muotri também analisam a resposta dessas células a possíveis medicamentos, sendo o autismo um dos focos principais do seu trabalho. Cultivando células neurais em laboratório, ele busca uma cura para a condição.
Ele é considerado uma figura polêmica nesse cenário, com alguns ativistas do movimento de direitos dos autistas discordando de suas afirmações sobre cura, além de criticarem como ele aborda o transtorno em seus pronunciamentos públicos.
Em entrevista ao jornal Pioneiro em 2018, ele afirmou que “o futuro do autismo é o fim do autismo".
Viagem à ISS
A ida do brasileiro à Estação Espacial Internacional pode ocorrer porque a entidade recebe especialistas de várias partes do mundo para experimentos em ambiente de microgravidade, para observar e monitorar a Terra e para dar suporte a estudos diversos.
Se for à ISS em 2024, Muotri deverá usar a oportunidade para experimentar o impacto da microgravidade nos seus minicérebros, segundo a Folha de S. Paulo. Assim, terá mais dados para achar formas de proteger cérebros dos astronautas em missões de longa duração. Além disso, o cientista pretende estudar novas opções de tratamento para Alzheimer e outras doenças neurológicas.
Na última terça-feira (27), o pesquisador brasileiro se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Conversei hoje com o cientista brasileiro, pesquisador da Universidade de San Diego, Alysson Muotri... Em novembro de 2024 ele deve se tornar o primeiro cientista brasileiro na Estação Espacial. Parabéns pelo seu trabalho, Alysson", escreveu Lula em uma publicação no Twitter.
O Ministério da Ciência e Tecnologia informou que não financiará o projeto, e indicou que os investimentos devem ser todos custeados pela Universidade da Califórnia, segundo informações do g1. O governo não deu informações adicionais sobre a missão.
Tentamos contato com a ISS e a Universidade da Califórnia para saber mais detalhes sobre a iniciativa, mas, até o fechamento desta nota, não obtivemos retorno.