Anomalia magnética no Brasil aumenta e já preocupa a Nasa
Relatório de agências dos EUA e Reino Unido aponta que a região enfraquecida do campo magnético da Terra está indo para direção Oeste
O relatório do governo dos Estados Unidos constata que a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Amas) está se expandindo, o que pode acarretar riscos para a saúde humana e interferências na propagação das ondas de rádio, e também para satélites, que podem ser afetados pela radiação proveniente da anomalia.
Um relatório feito pelo governo dos Estados Unidos mostra que uma anomalia magnética no Oceano Atlântico Sul, que cobre o sul e o sudeste do Brasil, está se expandindo.
A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Amas), monitorada por agências governamentais internacionais, está localizada no Atlântico Sul, numa parte que a magnetosfera, que envolve o planeta Terra, é mais fraca.
De acordo com o relatório, a anomalia magnética aumentou em 5% e está se movendo em direção ao Oeste.
“Esse contorno se aproxima da região onde é mais provável que ocorram danos por radiação nos satélites”, disseram os autores, em relatório.
As informações coletadas também ressaltaram que a anomalia pode causar diversos impactos, desde possíveis danos aos satélites, por conta de radiação excessiva, até a interferência na propagação das ondas de rádio.
Com o crescimento da Amas e sua proximidade com a América do Sul, a proteção magnética da Terra nessa região foi reduzida. Além do Brasil, ela também está abrangendo uma área que chega até a África.
A magnetosfera desvia a energia prejudicial à vida na Terra, mantendo a maior parte dessa energia a uma distância segura da superfície terrestre em regiões em forma de rosca, conhecidas como cinturões de Van Allen.
Quais são os riscos da anomalia?
A intensidade do campo magnético nessa área é aproximadamente um terço da média no restante do planeta. A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) disse, em 2020, que grupos de pesquisa estão observando a AMAS para diversos propósitos, inclusive para ajudar em possíveis desafios no futuro, que podem ser enfrentados por satélites e humanos no espaço.
Apesar da anomalia não ocasionar riscos para a saúde humana na Terra ou durante atividades diárias das pessoas, ela impacta satélites e cria problemas na propagação de rádio, o que é agravado pelo seu crescimento, segundo o novo relatório.
A Amas está sendo acompanhada pela Agência Espacial Europeia (ESA), junto com a Nasa, e agora pelo Brasil, com o lançamento do nanossatélite NanosatC-BR2com, com a missão de monitorar a anomalia.
Marcel Nogueira, doutor em Física e pesquisador do Observatório Nacional, disse à Agência Brasil que como a região tem um campo magnético enfraquecido, é mais fácil de entrar partículas do vento solar, além de intensificar o fluxo de partículas carregadas que passam por aquela área.
Ele explica que essa situação faz com que satélites tenham que ficar em desligar temporariamente alguns dos componentes para evitar perdas e não queimar nada, toda vez que passaram pela região.
"Porque a radiação, principalmente elétrons, nessa região é muito forte. Então é de interesse das agências espaciais monitorar constantemente a evolução dessa anomalia, principalmente nessa faixa central", disse.