Apesar de potencial, mercado de drones ainda é incipiente
Em evento de inovação na mobilidade, painel debateu o potencial do mercado das aeronaves não tripuladas dentro da indústria brasileira.
A utilização de aeronaves não tripuladas para prestação de serviços deve se tornar cada vez mais frequente até 2030. Em Dubai, por exemplo, já existem testes para que drones levam passageiros de um ponto da cidade até o outro. O Brasil, no entanto, entrou de vez nesse segmento de mercado após a regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para utilização de drones.
No evento de inovação no setor de mobilidade "Welcome Tomorrow", que ocorre em São Paulo (SP) até o próximo domingo (10), o diretor executivo da feira de aeronaves não tripuladas DroneShow, Emerson Granemann, comenta sobre o potencial do mercado voltado para os equipamentos no País. “A indústria de prestação de serviços com drones é muito recente”, diz. “Mas, nós sabemos que os drones não são apenas objetos que voam, eles podem ter muitas utilidades produtivas.”
Segundo a consultoria global Pwc, o mercado mundial de empresas que utilizam drones para prestação de serviços chegará a um valor de aproximadamente US$ 127 bilhões no ano que vem. A tendência é de que, com adoção das mais variadas indústrias, o tamanho desse segmento cresça ainda mais. De acordo com a consultoria CB Insights, essa tecnologia terá pelo menos 38 diferentes utilidades, desde controle de pragas, na agricultura, até as entregas de comida, na indústria de alimentos.
No Brasil, a utilização de drones tem sido feita tanto para fins profissionais, quanto para fins de lazer. O número de equipamentos designado para esses dois objetivos, no entanto, é discrepante, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Hoje, o País tem mais de 78 mil aeronaves não tripuladas cadastradas, sendo que 49 mil são de uso pessoal, enquanto 29 mil são para prestação de serviços.
O número já foi diferente, se comparado com 2017, quando a regulamentação da Anac e do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) começou a cadastrar e fiscalizar drones no Brasil. Há dois anos, o número de equipamentos voltados para uso pessoal era de 29 mil, enquanto que para utilização profissional chegava em 11 mil. Para fins de comércio, o salto foi de 160% entre 2017 e 2019.
Para Granemann, a regulamentação foi um incentivo maior para dar segurança a quem quer investir na tecnologia. “Hoje o mercado é regulamentado, existem regras a serem cumpridas para colocar um drone no ar”, diz. “Agora, empresas que já existiam e prestavam serviços diversos estão incorporando a utilização desses equipamentos em seus negócios.”
O grande impeditivo, para uma adoção maior da tecnologia na indústria continua sendo os preços. Um drone para fins comerciais e produtivos, segundo uma pesquisa do Pitt Street Research, em parceria com a consultoria Gartner, costuma exigir um maior investimento - em torno de US$ 10 mil -, por conta de seu tamanho e especificações técnicas. Já para uso pessoal e de lazer, o equipamento custa, em média, US$ 1,2 mil, valor 88% menor.