Aplicativo de celular aponta antigas cidades palestinas em Israel
Uma ONG israelense está lançando nesta segunda-feira um aplicativo para 'smartphones' que permite aos usuários encontrar vestígios de cidades palestinas que hoje estão localizadas dentro das fronteiras da moderna Israel.
O lançamento está marcado para coincidir com o 66º aniversário da independência de Israel, que começa no pôr-do-sol de 14 de maio, quando os palestinos lembram a "Nakba", ou "catástrofe", que se abateu sobre eles quando Israel começou a existir, em 1948, e 760.000 palestinos fugiram ou foram forçados a partir para o exílio.
O "iNakba" apresenta um mapa interativo, bem como fotos de prédios e casas que os palestinos deixaram durante os combates travados depois que Israel se autoproclamou independente.
"Muitos palestinos têm dificuldades em localizar suas cidades e vilarejos natais (em Israel e na Cisjordânia) porque as cidades ou assentamentos judaicos foram construídos sobre eles", afirmou Raneen Jeries, da Zochrot, a ONG que desenvolveu o aplicativo.
"Há um arquivo sobre cada uma das centenas de cidades ou vilarejos palestinos e você pode encontrar informações, e ver fotos antigas e novas postadas por usuários sobre a localidade", contou ela à AFP.
Com sede em Tel Aviv, a organização Zochrot defende que Israel reconheça o direito de os refugiados palestinos retornarem a seus lares, juntamente com seus descendentes.
O direito ao retorno dos refugiados palestinos é, há muito tempo, um ponto de impasse chave nas negociações de paz israelenses-palestinas, que tiveram sua última rodada no final de abril em fracasso, depois de nove meses de negociações aparentemente infrutíferas.
Israel teme que qualquer flexibilização na questão possa abrir as portas para uma enxurrada de milhões de refugiados, o que representaria um perigo demográfico para o "judaísmo e o caráter democrático" do Estado.
Os palestinos lembram o Dia da Nakba todos os anos no dia 15 de maio.
"Nosso objetivo é conscientizar os israelenses sobre a Nakba, que desarraigou centenas de milhares de palestinos", afirmou Liat Rosenberg, diretor da organização Zochrot.
Os palestinos na diáspora podem "seguir" suas cidades e ver novas informações e fotos postadas por aqueles que conseguem visitá-las dentro das fronteiras israelenses, explicou Jeries.
"Os refugiados que moram no Líbano, por exemplo, podem seguir sua cidade e toda vez que alguém postar uma foto ou escrever um comentário, eles poderão ver uma atualização", prosseguiu.
A Zochrot usa mapas do Mandado Britânico da Palestina (1920-1948) para localizar as cidades, disse Jeries, e as marca, com "pins" virtuais, no aplicativo interativo baseado no Google Maps.
Rosenberg admitiu que o iNakba pode não ter o impacto desejado para a maioria dos judeus israelenses, mas insistiu que "os israelenses de orientação esquerdista vão se interessar pelo aplicativo".