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Aplicativos fazem do Android 'mais que um sistema', diz diretor do Google

Para Anwar Ghuloum, diretor de engenharia da plataforma, serviços como Google Maps e Play Store são diferencial do sistema operacional, que fez 10 anos em 2018 e acaba de ganhar nova versão

17 ago 2018 - 05h12
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Em 2018, o sistema operacional Android está completando 10 anos de existência, sendo usado todos os dias por mais de 2 bilhões de pessoas no mundo todo. Para Amwar Ghuloum, diretor sênior de engenharia responsável pela plataforma, o sistema se transformou em algo maior do que apenas uma base para smartphones, graças aos aplicativos do Google. "Hoje, conseguimos mudar bastante a cara do Android apenas atualizando os nossos aplicativos, como o Google Maps ou o Play Services", explicou o executivo, em entrevista a jornalistas da América Latina realizada na última semana.

Para ele, o ápice desse paradigma poderá ser conferido no Android 9.0 Pie, nova atualização do sistema operacional que começa a chegar aos celulares - por enquanto, apenas os aparelhos desenvolvidos pelo próprio Google, os Pixel, receberam a versão. Anunciado em maio, durante a conferência de desenvolvedores Google I/O, o Android 9.0 Pie traz foco em duas áreas: inteligência artificial (IA) e bem-estar digital.

Na primeira, diz Ghuloum, os usuários poderão sentir mudanças não só na maneira como interagem com o aparelho - com presença cada vez maior de comandos de voz e do assistente pessoal Google Assistant -, mas também no desempenho. "Com IA, conseguimos melhorar o uso de processamento do celular, ao tentar prever, por exemplo, quais aplicativos devem ser mantidos em segundo plano, a partir da chance do usuário precisar deles na próxima hora", explica.

Um sistema parecido também está sendo usado para melhorar o gasto de bateria, o que pode deixar os smartphones mais eficientes do ponto de vista energético. Isso para não falar em pequenos detalhes. "Se o usuário está com o email aberto e coloca o celular em modo avião, preservaremos os dados daquelas mensagens para que ele possa respondê-las enquanto estiver desconectado", afirma Ghuloum. A ideia, aqui, é identificar as necessidades dos usuários antes mesmo que eles saibam que precisam de uma funcionalidade específica.

O novo sistema também traz uma série de funções para o usuário controlar melhor seus hábitos de uso do smartphone. Entre elas, será possível configurar a tela do celular para que ela seja exibida em preto-e-branco após as 22 horas - a fim de desestimular seu uso - e também limitações de tempo ao uso de certos aplicativos. É uma tendência no mercado de tecnologia: recentemente, Apple e Facebook anunciaram funções semelhantes. Para Ghuloum, é algo positivo. "Os celulares são dispositivos convenientes, mas não superam a vida real. Eles devem melhorar a nossa vida, e não consumi-la aos poucos", diz o executivo. "É importante fazer as pessoas refletirem sobre quanto tempo gastam."

Multa. O novo sistema do Google é também o primeiro a ser lançado depois da multa de R$ 19,3 bilhões imposta pela União Europeia, em julho, por encorajar as fabricantes a já instalarem previamente aplicativos e serviços em seus dispositivos. Além da pena financeira, a gigante americana também terá de fazer alterações no sistema - algo que ainda não está presente no Android 9.0 Pie, uma vez que o Google ainda recorre da decisão. E talvez não aconteça tão cedo, afirmou Ghuloum.

"Decidimos não mudar nada tecnicamente no Android porque acreditamos que foi uma decisão de negócios. Não sou advogado, mas sentimos que o Android ajudou a criar um ecossistema competitivo, não o contrário", declarou o executivo, durante a entrevista. "Nosso time ficou desapontado com a decisão da UE." Enquanto isso, aqui no Brasil, já se cogita uma investigação semelhante - nesta semana, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) afirmou que analisa a questão.

Ecossistema. Durante a entrevista, Ghuloum também reforçou a importância de outras versões do Android. A principal delas, na visão do executivo, é o Android Pie Go - uma roupagem "light" do sistema, com aplicativos mais simples e projetada para smartphones de entrada, populares em países emergentes. Nesta semana, o Google anunciou que o sistema vai começar a ser liberado para as fabricantes no último trimestre de 2018, voltado especialmente para celulares com até 1 GB de memória RAM.

Ele também reafirmou que haverá novidades em breve para três sistemas "primos" do Android, que ultimamente foram deixados de lado pela empresa: o Android Wear, para dispositivos vestíveis; o Android Auto, voltado para conectividade nos carros; e o Android TV, para TVs conectadas. "Algumas das coisas que fizemos com otimização de bateria ou Assistant poderão estar disponíveis em breve para os sistemas. É um ecossistema forte", garantiu o executivo. É esperar para ver.

Estadão
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