Após cortes de custos, Twitter falha em detectar pornografia infantil
Investigação do New York Times descobriu que demissões de moderadores e cortes em contratação de softwares de detecção permitem cenário
Após cortar boa parte de sua equipe de moderadores e parar de pagar por software de detecção de conteúdo, o Twitter tem falhado em conter o fluxo de tweets de pornografia infantil na plataforma, de acordo com uma investigação do New York Times.
COMO É QUE É? O NYT criou um bot para fazer pesquisas automatizadas em busca de materiais de pornografia infantil. Segundo o jornal, "o material não foi difícil de encontrar", e teria sido promovido pelo algoritmo de recomendação do Twitter.
No total, o bot descobriu imagens de 10 vítimas que apareceram mais de 150 vezes em diversos perfis. Entre os conteúdos encontrados estava um vídeo com mais de 120 mil visualizações de um menino sendo agredido sexualmente.
"Nas primeiras poucas horas de busca, o programa de computador encontrou diversas imagens anteriormente identificadas como abusivas - e contas que ofereciam para vender mais", disse investigação do jornal.
O QUE DIZ O TWITTER? O Twitter diz que está agindo "agressivamente" contra perfis de exploração sexual infantil, suspendendo mais de 400 mil perfis que criaram, distribuíram ou se engajaram com esse tipo de conteúdo.
In January, we suspended ~404k accounts that created, distributed, or engaged with this content, which represents a 112% increase in CSE suspensions since November. pic.twitter.com/GzDh9DVBba
— Twitter Safety (@TwitterSafety) February 1, 2023
CONTEXTO. O Twitter tinha planos de monetizar canais de conteúdo adulto a partir de um serviço de assinatura, semelhante ao que faz o Only Fans. O projeto foi interrompido após funcionários descobrirem que a plataforma é incapaz de detectar e moderar conteúdos relacionados a pornografia, incluindo nudez consensual e imagens de abuso infantil.
A rede também está infestada de pornografia explícita, que pode ser facilmente encontra a partir de simples buscas, conforme o Núcleo mostrou em jan.2023.
OUTRAS REDES. Reportagem do Núcleo em fev.2022 encontrou pelo menos sete
grupos públicos no Facebook - acessíveis a qualquer usuário e com milhares de membros - que poderiam ser usados para aliciamento de menores e que mostravam conteúdo de conotação sexual referindo-se a crianças e adolescentes.