Astrônomo diz que existe tecnologia alienígena no fundo do oceano; entenda
Ela teria vindo de um meteoro interestelar que chegou à Terra em 2014; teoria de Avi Loeb é vista com reservas por outros astrônomos
O CNEOS 2014-01-08, meteoro que caiu no mar da Papua Nova Guiné em 2014, pode ter trazido tecnologia alienígena à Terra. A teoria é do professor Avi Loeb, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, que está planejando uma expedição, ainda sem data para começar, para recuperar fragmentos do objeto do fundo do oceano.
Em abril deste ano, o Comando Espacial dos Estados Unidos (USSC) publicou um memorando confirmando que um meteoro que iluminou o céu da Papua Nova Guiné em 2014 era, de fato, um objeto interestelar. Embora ainda não haja uma classificação científica oficial, os pesquisadores Amir Siraj, Abraham (Avi) Loeb e Tim Gallaudet já planejam um "resgate" dos detritos no fundo do oceano.
Acredita-se que o objeto tinha dois metros de comprimento e entrou na atmosfera da Terra a mais de 160.000 km/h antes de explodir em pequenos fragmentos quentes e cair na região, pertencente ao Oceano Pacífico Sul.
Alguns cientistas acreditam que o meteoro veio de outro sistema estelar, o que o tornaria o primeiro objeto interestelar conhecido a impactar a Terra.
Objetos interestelares ainda intrigam a ciência devido ao pouco que sabemos sobre as suas origens. Outro exemplo é o 1I/'Oumuamua, o primeiro do tipo a ser detectado no Sistema Solar em 2017. Não por acaso, ele também é alvo de teorias de que veio de civilizações alienígenas. E elas vêm do mesmo astrônomo: Avi Loeb.
A história do meteoro misterioso no oceano
O CNEOS 2014-01-08 foi detectado há oito anos por uma rede de satélites usados para monitorar os céus de asteroides potencialmente perigosos. Usando dados publicados pela Nasa, Loeb e Amir Siraj, então um estudante de astrofísica da Universidade de Harvard, sugeriu pela primeira vez que o objeto veio de fora do nosso sistema solar em 2019.
O motivo: o meteoro estaria se movendo muito rápido, a cerca de 40 quilômetros por segundo, segundo a dupla. Então inferiram que ele estava se movendo muito rápido para estar atrelado à gravidade do nosso Sol.
Loeb e Siraj submeteram um artigo sobre o caso para um periódico de astronomia revisado por pares. O artigo foi rejeitado porque os dados estavam incompletos, pois se baseavam em observações de sistemas de detecção de mísseis classificados, tornando as estimativas de Loeb e Siraj da velocidade do objeto impossíveis de verificar.
Mas em abril, um memorando publicado pelo Comando Espacial dos EUA parecia confirmar que o objeto veio de outro sistema estelar. Isso motivou Loeb a iniciar uma expedição de US$ 1,5 milhões (R$ 7,5 milhões) para recuperar pedaços do meteoro do fundo do oceano.
O cientista quer testar a composição do objeto para saber se ela se aproxima dos materiais encontrados em asteroides do nosso Sistema Solar. "Há também a possibilidade de que ela seja feita de alguma liga que a natureza não cria, e isso implicaria que o objeto é tecnológico", disse Loeb ao site NPR. "Se você perguntar qual é o meu desejo, se é de origem artificial, e havia algum componente do objeto que sobreviveu, e se ele tem algum botão nele, eu adoraria pressioná-lo."
O ceticismo dos astrônomos
No entanto, muitos astrônomos descartam a ideia de que o objeto seja uma criação artificial. Por dois motivos: há explicações naturais muito mais simples e muito mais prováveis; e a escassez de dados para comprovar a teoria de que é interestelar.
"Se você é um satélite e está olhando para um meteoro... você pode obter o movimento da esquerda para a direita, mas é difícil dizer se ele está vindo em sua direção ou se afastando de você", disse Steve Desch, professor de astrofísica na Universidade Estadual do Arizona, também para o site NPR. Isso tornaria as estimativas da velocidade do objeto — e, por tabela, sua origem interestelar — propensas a erros.
O astrônomo Robert Weryk, que estuda objetos próximos à Terra detectados pelo telescópio Pan-STARRS, disse que o comunicado do Comando Espacial não foi suficiente para tirar conclusões firmes sobre as origens do objeto.
"Eu meio que tenho que considerá-lo um grão de sal", disse ele. "Eu entendo por que eles não vão divulgar mais informações, mas eu acho que isso seria essencial ... para realmente chegar a uma conclusão sobre este objeto ser interestelar".