Bactéria Vibrio vulnificus: entenda por que ela é tão perigosa à saúde
Laura Barajas morreu dois meses depois que ingeriu carne de peixe — tilápia, no caso — comprada em um mercado e cozinhada em casa
A americana Laura Barajas, de 40 anos, teve que amputar os braços e as pernas na Califórnia (EUA) por conta de uma infecção bacteriana grave contraída após comer um peixe mal passado.
Na ocasião, ela contraiu uma infecção causada pela bactéria Vibrio vulnificus, que a deixou em coma.
O caso trágico ocorreu dois meses depois que Barajas ingeriu carne de peixe — tilápia, no caso — comprada em um mercado local e cozinhada em casa.
Uma amiga dela, Anna Messina, disse ao canal de notícias americano Kron que os braços e pernas da mulher estavam "pretos", por conta de uma infecção generalizada e falência nos rins. Como último recurso para salvar a sua vida, Barajas teve os braços e as pernas amputados na quinta-feira (14).
O que é a bactéria Vibrio vulnificus?
A Vibrio vulnificus é uma bactéria em forma de bastonete, pertencente à família Vibrionaceae. É um patógeno humano mortal, responsável pela maioria das mortes associadas a frutos do mar em todo o mundo, de acordo com um estudo de 2017. Ele foi assinado por dez pesquisadores da China, Malásia e Taiwan e publicado no site da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA.
A mesma pesquisa diz que havia, até 2017, 95 casos relatados com 85 hospitalizações e 35 mortes por ano em todo o mundo, em países como Dinamarca, Suécia, Alemanha, Espanha, Turquia, Holanda, Bélgica, Israel, Itália, Coreia, Japão, Taiwan, Índia, Tailândia, Austrália e Brasil.
Alguns de seus sintomas são lesões vesiculares, necrose, febre, calafrios, estado mental alterado, diarréia, cólicas abdominais, náuseas e vômitos. A morte ocorre por septicemia primária (choque séptico), uma infecção generalizada que causa falência de órgãos.
"A emergência de V. vulnificus multirresistente com perfis regionais de resistência altamente variáveis é um importante problema de saúde. É essencial obter uma compreensão mais completa do perfil de resistência aos antibióticos em diferentes países", concluiu o estudo.
De acordo com um manual da Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, ela é encontrada em todo o litoral dos Estados Unidos, com casos esporádicos ocorrendo nos meses quentes do ano. Não há
dados concretos sobre a freqüência do patógeno no Brasil. Um caso relatado ocorreu no Sul do Brasil em 2012, segundo o site dos Anais Brasileiros de Dermatologia, sem fatalidade.
O modo de transmissão se dá por ingestão de produtos do mar crus ou mal cozidos, ou por contaminação cruzada no preparo de alimentos ou pela higienização dos alimentos.
Ela já foi apelidada na mídia de "bactéria comedora de carne" porque gera degradação de células da pele humana. O furacão Ian, que atingiu a Flórida em setembro do ano passado, não só inundou casas e empresas como infectou 28 pessoas com o Vibrio vulnificus.