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Banca da USP: por que determinar se alguém é pardo por chamada de vídeo é problemático

USP utilizou chamadas de vídeo para avaliar cotistas, método polêmico em contexto racial

7 mar 2024 - 12h29
(atualizado às 14h07)
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Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, teve sua matrícula cancelada pela Universidade de São Paulo (USP) depois que sua autodeclaração racial foi rejeitada
Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, teve sua matrícula cancelada pela Universidade de São Paulo (USP) depois que sua autodeclaração racial foi rejeitada
Foto: Reprodução/Redes sociais

Estudantes aprovados na Universidade de São Paulo (USP) pelo Provão Paulista, utilizando cotas raciais, recorreram à Justiça nas últimas semanas após terem matrículas negadas por não serem reconhecidos como pardos.

No centro do debate, está a adoção por parte da USP de um método controverso para a verificação da autodeclaração racial de candidatos aprovados via cotas: a avaliação por chamada de vídeo. Por que isso pode ser problemático do ponto de vista tecnológico?

Entenda triagem

Segundo a USP, os candidatos que se autodeclaram Pretos, Pardos e Indígenas (PPI) passam por uma análise fotográfica, por duas bancas de cinco pessoas, que se baseiam em fatores de fenótipo (características externas, morfológicas, fisiológicas dos indivíduos).

Se a foto não for aprovada por nenhuma banca, o candidato que prestou Fuvest, o vestibular da instituição, é chamado para uma análise presencial. No caso do Enem e do Provão Paulista, essa entrevista é realizada virtualmente.

A USP afirma que as bancas avaliam cor da pele, cabelos, forma da boca e do nariz. A universidade justificou que as entrevistas foram feitas virtualmente porque muito dos candidatos moram longe.

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Câmeras são a melhor opção?

A adocção da tecnologia de videochamada para assuntos envolvendo raça é polêmica. O que está em jogo é a fidelidade da representação de cores pelas câmeras, historicamente desenvolvidas e calibradas com base em padrões que favorecem tons de pele mais claros.

O candidato que se apresenta por uma vídeochamada para uma validação de raça, por exemplo, está sujeito a distorções comuns causadas em peles escuras pela captura de imagem.

Além disso, a iluminação e a qualidade do equipamento utilizado influenciam significativamente o resultado visual.

O que diz a USP

Ao Byte, a USP afirmou  que tem tomado todas as medidas necessárias para assegurar uma avaliação justa e adequada das características fenotípicas, mesmo em um ambiente virtual.

"O processo foi desenhado a partir de um estudo do funcionamento das bancas em outras universidades, mas sempre pode ser aprimorado. No caso em pauta, a USP entende que tomou todas as medidas para garantir uma boa verificação das características fenotípicas, independentemente do suporte de visualização".

A universidade também afirma que, nas avaliações virtuais, "a banca de heteroidentificação toma todo o cuidado para que a visualização das características fenotípicas seja feita de maneira adequada, pedindo, por exemplo, para que os candidatos mudem a posição do corpo e procurem lugares com melhor iluminação".

*Nota atualizada às 14h00 com o posicionamento da USP

Fonte: Redação Byte
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