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Bancos brasileiros investem alto contra fraudes

4 out 2012 - 08h32
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Com o uso crescente da internet para efetuar pagamentos, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) tem registrado também aumento nas fraudes bancárias. Para impedir as ações dos criminosos, as instituições investem pesado em tecnologias para aprimorar a segurança das transações e dos dados do cliente, desde softwares até equipamentos que impõem uma barreira contra os ataques.

Bancos adotam estratégias para garantir segurança de clientes contra fraudes em internet banking
Bancos adotam estratégias para garantir segurança de clientes contra fraudes em internet banking
Foto: Getty Images

No primeiro semestre de 2011, o prejuízo com fraudes em meios eletrônicos foi de R$ 685 milhões, 36% a mais do que no mesmo período do ano anterior, conforme dados da Febraban. Segundo o especialista em segurança digital da SmartSec e presidente da Associação Brasileira de Segurança da Informação (Abrasinfo), Fábio Leto Biolo, os bancos investem alto para evitar fraudes, mas o hábito de resguardar os dados ainda não é muito bem disseminada entre os brasileiros. "Metade das pessoas que acessam a internet não conhece as medidas de segurança. É uma questão de educação e cultura. Há falhas que o banco não tem como consertar", analisa.

Tecnologias que aumentam a segurança

Para garantir uma transação segura a seus clientes, os bancos geralmente solicitam a instalação de um software, que opera integrado ao navegador e criptografa os dados que são transmitidos. Esse módulo de segurança reduz os riscos de outros programas captarem as informações e enviá-las para outros computadores.

Além desse recurso, os bancos podem utilizar até três tipos de autenticações. Biolo explica que o primeiro deles é a autenticação exclusivamente por senha. O segundo nível, contudo, consiste no emprego de hardwares como os tokens de segurança, os leitores de smart card e os cartões de senha.

O Token OTP ("one time password", ou senha descartável) é uma tecnologia que combina dados únicos do dispositivo com informações armazenadas no servidor do banco, cruzando ainda com o horário da transação. Essa operação gera uma senha randômica, que tem validade por segundos ou minutos e deve ser informada pelo cliente para concluir a transação no internet banking. "O token acaba com a ação do hacker", define Biolo. No Brasil, várias instituições bancárias dispõem desse recurso.

Biolo diz que essa é uma estratégia adotada pelos bancos com clientes empresariais ou que efetuam grandes movimentações de valores. Para outros clientes, as instituições também oferecem um sistema semelhante, porém mais simples. Trata-se dos cartões de senha, que trazem uma tabela com várias combinações possíveis para o momento da transação. Em qualquer um desses casos, mesmo que o computador do cliente fosse invadido e a senha da conta roubada, as transações não poderiam ser concluídas, já que o hacker não teria acesso à senha adicional definida por token ou cartão.

Os leitores de smart card são, segundo Biolo, uma tecnologia entre o cartão de senhas e o token. No Brasil, o principal utilizador desse serviço é o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). O acesso é feito por um cartão que possui certificado digital único. O cliente, além do cartão, deve ter o leitor e fornecer uma senha PIN a cada vez que for entrar na conta - ao fornecer a senha errada por mais de uma vez, o sistema bloqueia o acesso.

Neste ano, o Banco do Brasil lançou uma autenticação por QR Code (código de barras bidimensional) para usuários de smartphones que também previne as fraudes eletrônicas. Disponível para iPhone, Android e Blackberry, o BB Code funciona por meio do aplicativo para celular e requer o cadastramento do celular, que pode ser feito em uma agência ou em um terminal de autoatendimento. O gerente-executivo da diretoria de gestão da segurança do BB, Luiz Fernando Martins, explica que o QR Code armazena informações da conta do cliente e da transação. "Depois de ter feito a adesão, o cliente não vai mais expor a senha de seis dígitos da conta corrente em operações de internet banking", ressalta.

Utilizando a câmera do smartphone e um leitor de QR Code, o usuário decodifica a imagem e recebe um número, que deve ser informado para completar a operação. "Com essa solução, inclusive o ataque mais sofisticado não vai lograr êxito", garante Martins. O BB Code ainda permite que o mesmo celular autorize transações para mais de uma conta, desde que o titular seja a mesma pessoa. Em caso de perda ou roubo do smartphone, basta efetuar o descadastramento do aparelho sem que haja risco de fraude, já que o aplicativo exige senha para acessar a conta.

Um terceiro modelo, enumera Biolo, seria o uso de autenticação biométrica. No Brasil, ele destaca que alguns projetos já chegaram a ter um projeto piloto formulado, mas os altos custos da operação ainda fazem com que a ideia permaneça no papel.

Domínios diferenciados

Desde 2009, o Brasil oferece um domínio diferenciado para os bancos, o b.br. A principal vantagem é o uso do protocolo DNSSEC, que garante a autenticidade da assinatura que o servidor envia para o computador do usuário. A tecnologia é a mesma utilizada em domínios leg.br e jus.br. Em domínios com.br, essa assinatura não é obrigatória.

O diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko, explica que essa não é uma medida única de segurança. Ao acessar um site b.br, contudo, os usuários evitam se tornar vítimas de phishing - quando alguém interfere na transmissão de dados e direciona para sites falsos que simulam o original e roubam as informações fornecidas pelo usuário.

Hoje, existem 257 domínios b.br, segundo Getschko. "É um clubinho fechado onde só entra quem tem registro no Banco Central", define. O recurso ainda é desconhecido por muitos, e alguns bancos optam por manter os registros com.br. Mas o diretor-presidente do NIC.br aposta na confiabilidade do domínio. "Se o link termina em b.br, é certo que é site de banco", assegura.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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