Basta um dia comendo muita gordura para mudar o intestino, diz estudo
Apenas um dia de dieta rica em gordura é o suficiente para causar estresse no intestino, pelo menos em camundongos
Alterações profundas na dieta são conhecidas por provocar mudanças metabólicas e fisiológicas ao longo do tempo. Agora, cientistas descobriram que um único dia em uma dieta gordurosa transforma o intestino. Os resultados foram publicados na terça-feira (15), na revista científica Cell Reports.
O trato gastrointestinal é o local que primeiro detecta e absorve proteínas, gorduras e carboidratos usados pelas células do corpo para manter a atividade energética.
Para identificar como e em quanto tempo as mudanças de uma dieta calórica poderia mudar o intestino, pesquisadores usaram a calorimetria indireta, um tipo de exame de calorias diárias, para monitorar camundongos selvagens adultos mantidos com ração normal.
Os resultados mostraram que no primeiro dia de alimentação com dieta rica em gordura (HFD, na sigla em inglês) os níveis de troca respiratória (RER) — fonte primária de combustível metabolizada pelo organismo — diminuíram de cerca de 0,9 para 0,8, e essa diferença foi mantida ao longo do tempo.
Mudanças no intestino
Isso quer dizer que uma HFD altera o metabolismo de todo o corpo em 24 horas. Dentro do tecido intestinal, um dia de dieta causa uma resposta de estresse nas células da cripta intestinal (que produzem enzimas de defesa no órgão), provocando alterações metabólicas imediatas.
Os pesquisadores também avaliaram o consumo de ração gordurosa durante três e sete dias. Em uma semana, um tipo de célula intestinal chamada enterócito, responsável por quebrar moléculas e movê-las para dentro dos tecidos, adapta-se funcionalmente à absorção robusta de gorduras.
A equipe demonstrou que, à medida que uma dieta gordurosa é consumida repentinamente, o intestino é um dos primeiros órgãos a responder a mudanças na alimentação.
Com as mudanças na dieta, provavelmente existem outras variáveis responsáveis pela adaptação dentro do ambiente de digestão, como o microbioma (flora intestinal, onde ficam as bactérias do intestino).
Segundo o estudo, o intestino pode ser totalmente capaz de se adaptar rapidamente às mudanças na dieta sem efeito a longo prazo. No futuro, os cientistas escreveram que seria “interessante mapear a estabilidade das alterações induzidas pela dieta no órgão”.
Eles acreditam, por exemplo, que após o retorno de uma HFD para uma dieta balanceada, pode haver alguns parâmetros metabólicos ou de transcrição que retornam rapidamente ao normal, enquanto outras alterações induzidas pela dieta gordurosa podem ser mais estáveis. No entanto, mais estudos são necessários.
