Black Mirror: série de TV inspira memes paranoicos após ironizar Netflix
"Joan is Awful", o primeiro episódio da sexta temporada da série, aborda deepfake, inteligência artificial e monitoramento pela web
Se você acompanhou o primeiro episódio da sexta temporada da série de ficção científica Black Mirror, que estreou na Netflix nesta quinta-feira (16), provavelmente ficou intrigado com o episódio "Joan is Awful" (A Joan é péssima, em português). Se ainda não assistiu, alertamos que essa matéria contém spoilers!
Na trama, a personagem principal do primeiro capítulo passa a ter sua vida monitorada 24 horas. À noite, quando ela vai assistir a uma série no streaming "Streamberry" — uma sátira feita à própria Netflix, que imita o logo e o famoso som do "tudum" — a mulher é surpreendida ao descobrir que seu dia está sendo fielmente relatado em uma série.
Porém, apesar das semelhanças físicas, quem a interpreta é a atriz Salma Hayek.
Para piorar a situação, naquele dia ela havia:
- Demitido uma funcionária; comentado dados confidenciais da empresa em que trabalha;
- Reclamado do noivo na sessão de terapia e traído o companheiro com um ex-namorado;
- E tudo isso sem nunca imaginar que estava vivendo uma espécie de reality show.
Com isso, ela perde o emprego e o noivo termina o relacionamento. Intrigada em saber como isso pode estar acontecendo, ela recorre à sua advogada.
Então, chega a parte mais preocupante da história: a advogada afirma que não há nada a ser feito, uma vez que, ao contratar o serviço de streaming, ela assinou o documento sem ler todas as cláusulas. Uma delas dizia que ela autorizava a reprodução de sua vida pessoal nas telinhas.
Para explicar como eles conseguem saber tudo que acontece na sua rotina, a advogada afirma à mulher que o monitoramento é feito por meio do celular, que ouve suas conversas e mapeia os lugares por onde ela passou. Pareceu familiar?
Repercussão na web
Afinal, você sempre lê item por item ao assinar um serviço de streaming? Foi neste ponto que os internautas começaram a criar paranoias e gerar memes na web.
"1.3 - Ao concordar com os termos de uso você estará assinando um pacto com satanás, cedendo-lhe sua alma e a da sua família', escreveu um usuário no Twitter.
"Q episódio genial, Netflix zoando os próprios assinantes, mostrando o q vai fazer no futuro", escreveu outro internauta.
Um dos usuários postou a foto do "Termos de Uso do Netflix", indicando que após assistir ao episódio "Joan is Awful", do Black Mirror, irá prestar mais atenção nas cláusulas.
Eu depois de terminar o episódio "joan is awful" de black mirror: pic.twitter.com/o9dxr7rT4W
— sam 📖 (@creatusam) June 16, 2023
Outra usuária publicou um vídeo da cantora Adele lendo atentamente os comentários durante uma live, e brincou: "eu lendo os termos e condições da Netflix após assistir ao primeiro episódio de Black Mirror".
Me reading the terms and conditions of Netflix after Joan is Awful #blackmirror pic.twitter.com/pLLLadnboK
— 𝔞𝔩𝔩𝔦𝔢⁷ (@alliesonoh) June 15, 2023
Conexões com nossa realidade tecnológica
A nova temporada de Black Mirror já começou abordando diversas polêmicas tecnológicas que são muito comentadas ultimamente: a deepfake é uma delas. Trata-se de um recurso de inteligência artificial para simular rostos e vozes.
A prática é muito convincente e costuma ser utilizada em crimes virtuais, como golpes financeiros e vídeos de pornografia, onde os criadores do conteúdo utilizam a imagem de outra pessoa em uma determinada situação.
No episódio "Joan is Awful", a atriz Salma Hayek aparece como a personagem principal de uma série, porém, ela não participa das gravações: seu rosto é inserido por meio de deepfake.
Com isso, a produção da série do streaming fictício Streamberry usa diversos elementos da computação gráfica para as gravações.