Bolacha com bacon? Braian Rizzo viraliza na web com comidas duvidosas
Braian Rizzo tem mais de 273 mil seguidores no Instagram e faz sucesso na internet provando comidas improváveis
Se algum dia você pensou em misturar bacon com bolacha ou strogonoff de Bis (aquele pequeno chocolate) e descobrir os sabores mais estranhos que a sua cozinha pode proporcionar, saiba que alguém já fez isso. O nome do corajoso é Braian Rizzo.
Como ele mesmo se denomina em seu perfil do Instagram, que tem 273 mil seguidores, o “sommelier de comidas duvidosas” prova todas as besteiras que seu público sugere.
O gaúcho de 33 anos não é nenhum chefe de cozinha e sequer é formado em gastronomia: o que ele tem é muita experiência no que diz respeito a comer “porcarias” durante anos. Seu canal no YouTube tem mais de 425 mil seguidores e os vídeos ultrapassam milhares de visualizações.
Em entrevista a Byte, Rizzo contou que desde 2008, na “era dos blogs”, ele já produzia conteúdos para internet como hobby, antes de saber que poderia ganhar dinheiro com isso.
Desde 2013, no entanto, ele vive exclusivamente da produção de conteúdo. Saiu do Rio Grande do Sul para São Paulo e nesse meio tempo teve diversas participações em blogs, podcasts e virou fenômeno nas redes sociais.
Quando e por que você começou a experimentar comidas duvidosas, tipo Oreo com bacon ou milk shake de bacon?
No meio de 2020, em plena pandemia, eu tinha cerca de 20 mil seguidores no Instagram e percebi que as pessoas davam uma atenção especial quando eu publicava conteúdo relacionado ao que depois passei a chamar de “comidas duvidosas”.
Um story normal meu era visto por 3.000 ou 4.000 pessoas, mas quando eu falava sobre “pastel burguer", “temaki de salmão com leite ninho”, os stories chegavam a alcançar mais de 20 mil pessoas, mais do que eu tinha de seguidores na rede. As pessoas compartilhavam com os amigos e eles vinham ver o que eu estava publicando, mas não me seguiam depois.
Essas pautas sempre foram sucesso no Reddit como “stupid foods” e também via muita coisa viralizar no Twitter. Então os conteúdos que eu levava pros stories eram geralmente imagens compartilhadas da internet.
Com o sucesso delas, resolvi explorar o potencial desse conteúdo trazendo alguns desses pratos para a mesa de jantar. Na época eu provei panetone salgado, pastel burguer (um hambúrguer onde há pastéis no lugar do pão), temaki de salmão com Leite Ninho e mais algumas duvidosas que eram sucesso, mas se perdiam em 24 horas ao expirar do story. Uma parte das pessoas que viam o que eu estava fazendo me seguiam e começavam a acompanhar.
Devo ter ganho uns 4.000 ou 5.000 seguidores com isso ao longo de um ou dois anos. A grande virada foi em 2022 com o lançamento dos miojos de chocolate e beijinho. Ali eu lembro de ter pensado “isso aqui é bizarro demais para se perder no story, melhor fazer um reels”. Comecei a narrar as descrições que antes fazia em texto em uma locução e usar as imagens que antes eram apenas fotos como vídeos. O público recebeu bem e nunca mais parei.
Qual foi sua pior experiência com comidas duvidosas? Já rolou algum desafio que se recusou a fazer?
A batatinha Lays sabor roseira é a pior coisa que já coloquei na boca. Ela tem gosto de creme corporal e cheiro de produto de limpeza, é inacreditável. Nunca recusei fazer nada porque sou eu mesmo que vou atrás das coisas, sempre levo em consideração os pedidos dos seguidores. Mas geralmente quando muitas pessoas pedem a mesma coisa é porque é algo com potencial de dar um bom vídeo. Não sendo ilegal, imoral ou anti-higiênico, eu provo sem problemas! Hahaha.
De onde vem a inspiração? Dos fãs ou você acorda e pensa “hoje vou comer hambúrguer de salgadinho”?
A principal é por meio de pedidos dos seguidores. Essas são as “pautas quentes”. Quando surge uma comida nova, um novo sabor ultra específico de algum produto ou viraliza alguma “receitinha” inusitada nas redes, sou bombardeado por centenas de directs e marcações falando “precisamos do seu review”. Aí eu me mobilizo para ver se vale a pena mesmo e a gente corre para produzir e postar no timing certo.
Outras formas são as que trato como “pautas frias”, produtos que eu mesmo encontro em mercadinhos de produtos importados ou em mercados locais de eventuais viagens. Meus amigos que moram fora do Brasil ou fazem viagens internacionais específicas muitas vezes lembram de mim ao encontrar sabores diferentes de produtos industrializados e me perguntam se podem trazer para eu fazer vídeo. Quando acho que tem potencial, eu sempre quero! Esses produtos são os que eu gravo e deixo guardadinho para publicar num momento de preencher grade ou quando a pauta esquentar.
Você começou a ser reconhecido pelas marcas. Como fica a relação com a publicidade? Sente que isso te limita?
É bem comum as marcas fazerem comentários bem humorados nas publicações onde falo delas e, às vezes, até surgem os concorrentes para cutucar! Eu acho legal e respondo sempre que vejo. Pode ser o início de um relacionamento que vá virar criação de um conteúdo publicitário no futuro. Já aconteceu e foi sempre muito bom.
Por outro lado, tem muitas outras marcas que me procuram no privado, para enviar produtos para eu provar. Isso eu recuso. Se não for publicidade, não quero receber nada, porque fora dos vídeos minha alimentação é bem balanceada e acompanhada pela nutricionista. Também não quero fazer vídeos de produtos que as próprias marcas enviaram. Seria escroto aceitar o “presente” e depois falar que é ruim em um vídeo, se eu não gostar.
Eu não mentiria para agradar o anunciante, porque a longo prazo isso tiraria minha credibilidade com quem me segue. É fácil a pessoa ser influenciada pelo meu vídeo e ao consumir ver se aquilo que eu recomendei é bom ou não. Prefiro ser sincero sempre para poder trabalhar com as marcas legais e os produtos bons.
Qual o segredo do seu sucesso?
Acho que a sinceridade é o primeiro ponto. As pessoas veem que eu brinco com tudo e até pego no pé dos outros criadores de conteúdo que praticam a famosa “publicidade disfarçada”, aqueles que sempre amam tudo.
Eu também recebo muitos elogios pelos meus roteiros e isso é o que me deixa mais feliz, porque as piadas são mesmo o centro dos vídeos. As pessoas sabem que tudo ali é só brincadeira e opinião pessoal, eu não sou especialista em gastronomia, meu comprometimento é com a diversão. Hahaha!
Hoje eu tô me divertindo com reviews de comida, mas quero fidelizar o público com a minha linguagem e quem sabe fazer review de qualquer outra coisa que eu quiser depois.
Hoje a internet está cheia de coisas que prendem a atenção do público. Como se manter ativo e com fãs fiéis?
As redes sociais mudam o tempo inteiro, mas o robozinho do algoritmo sempre vai mostrar pro público o que eles dão indícios de que gostam de ver. Esses indícios estão no analytics [métricas de audiência] dos vídeos. Lá mostra que vídeo foi mais visto, que parte do vídeo as pessoas gostaram mais ou em que ponto do vídeo elas foram ver outra coisa.
Tô sempre de olho lá e tenho uma profissional de análise de dados se reunindo mensalmente comigo pra entender onde acertamos ou erramos. Com essas informações a gente consegue juntar o que o público quer assistir com o que eu tô querendo fazer. O segredo do sucesso é essa intersecção.
Não adianta eu fazer o que querem ver se eu não estiver com vontade, porque o público fiel sabe se a gente tá feliz e vai abandonar se achar que o conteúdo tá sendo feito pro algoritmo e não pra eles. Mas também não adianta fazer só o que eu tenho vontade, se ninguém quer ver.