Brasileiro investe quase R$ 1 milhão em criogenia; como é congelar pessoas?
Desenvolvedor de software Vinicius Vilela, de 29 anos, já paga à empresa norte-americana Alcor para realizar o tratamento nele quando morrer
A criogenia de seres humanos — isto é, congelá-los para voltar à vida no futuro ou serem curados de doenças — é uma técnica polêmica na comunidade científica. Mas tem muitos adeptos, e segundo reportagem do domingo (6) no programa "Fantástico", na TV Globo, um deles é brasileiro.
Trata-se do desenvolvedor de software Vinicius Vilela, de 29 anos. Nascido em Osasco (SP), mora desde 2019 em Toronto (Canadá), ele já paga à empresa norte-americana Alcor para realizar o tratamento nele quando morrer.
A companhia cobra US$ 200 mil, ou cerca de R$ 980 mil na cotação atual, para congelar e preservar o corpo inteiro, como no caso de Vilela. Há uma modalidade que custa "apenas" US$ 80 mil (R$ 390 mil) para guardar a cabeça.
"Desde adolescente, sempre fui uma pessoa bem apegada à vida, digamos assim e sempre fiz esse tipo de pesquisa, em como que eu posso ter mais longevidade, como eu posso ser saudável o suficiente para poder continuar vivendo essa vida maravilhosa, digamos assim", disse ele ao programa.
A Alcor é a mesma empresa que deverá congelar o corpo de Peter Thiel, bilionário fundador do Paypal. Outras empresas que prestam o serviço são Cryonics Institute (EUA), Shandong Yinfeng (China) e KrioRus (Rússia).
Como funciona a criogenia
A criogenia é a produção e o comportamento de materiais a temperaturas muito baixas. Ela é usada em outros campos, desde a biologia, para ver o efeito em outros organismos e preservar espermatozoides para inseminação artificial até a física, para criar materiais supercondutores de energia.
No caso de um corpo humano, as etapas são:
- Quando a pessoa morre, seu corpo é posto em um banho de gelo para depois ser colocado em uma máquina para fazer o sangue circular de novo. Enquanto isso, resfriam o corpo ainda mais;
- O cadáver terá seu sangue substituído por uma mistura química com a função de proteger as células na hora do congelamento;
- O corpo é colocado em um tanque de nitrogênio líquido a −130 °C.
Os primeiros corpos humanos congelados foram nos anos 60, e alguns preservados até hoje. A primeira foi uma mulher de Los Angeles morta em 1966 que teve sua identidade preservada, mas que foi descongelada e enterrada depois. Depois veio o professor de psicologia James Hiram Bedford, morto em 1967; e Robert Ettinger, pai da técnica, falecido em 2011, entre outros.
Enquanto os entusiastas dizem que é possível reviver órgãos ou até corpos quando tivermos tencologia suficiente no futuro, os céticos dizem que isso ainda está apenas no campo da ficção científica. O tempo dirá quem terá razão nessa.