Cães menos agressivos têm 73% de chance de terem donas mulheres, diz estudo
De acordo com novo estudo da USP, agressividade dos cachorros está relacionada com brincadeiras, passeios, gênero do dono e do cão e traços
Uma pesquisa com 665 cães domésticos no Brasil mostrou que outros fatores, além da raça, podem ter influências mais fortes no comportamento do animal quando ele está sendo agressivo — e um deles pode ser o ambiente em que o cachorro está inserido.
De acordo com estudos anteriores, a agressividade canina é "a tendência de um cão de agir de forma ameaçadora, com algemas e cauda levantadas, dentes descobertos, postura corporal elevada, rosnar e agir agressivamente, atacando ou mordendo".
Ainda que algumas raças de cães tenham pior fama quando o assunto é agressividade, veterinários e outros especialistas têm julgado ineficaz proibir raças inteiras de circularem nas ruas, preferindo alternativas calcadas na educação pública e em leis mais rígidas para coleiras, segundo estudo da revista científica MDPI.
O novo trabalho em questão, realizado na Universidade de São Paulo (USP), mostra que o comportamento de um cachorro emerge da interação entre o animal e seu contexto, pelo o que afirmou a etóloga Briseida de Resende, que participou das investigações.
"O ambiente e a relação dono-animal de estimação, bem como a morfologia, são fatores que influenciam a forma como os animais de estimação interagem conosco e como interagimos com eles", disse ela.
Tendências para o comportamento agressivo
Para chegar ao resultado, a equipe de pesquisadores, na qual está inserido Flavio Ayrosa, utilizou uma série de questionários que foram submetidos a donos dos animais. A partir das respostas, várias associações puderam ser feitas.
A primeira informação foi a de que cachorros que possuem donos que brincam com eles e os levam para passear tendem a ser menos agressivos, tanto com os donos quanto com estranhos. O quanto eles eram treinados também contou nas avaliações. Mas isso era um tanto quanto esperado.
A segunda descoberta do estudo foi ainda mais surpreendente: os cães que não eram agressivos tiveram 73% mais chances de ter donas mulheres. E o sexo dos animais também influenciou, porque quando fêmeas, houve 40% menos chance de agirem com agressividade.
Traços físicos também contaram no índice de agressividade dos peludos. Os que têm focinhos curtos, das raças braquicefálicas, foram 79% mais propensos a apresentarem atitudes agressivas. Além disso, quanto menores eram os animaizinhos, mais tinham comportamentos indesejáveis como busca de atenção e hiperatividade.
Segundo Ayrosa, embora ninguém deseje que os próprios bichos sejam agressivos, muitas vezes essa é uma resposta quando eles se sentem preocupados, estressados, ameaçados ou até mesmo com dor.
"Em vez de determinar a agressão a um único fator comum às espécies ou raças específicas, nossos resultados reforçam como o comportamento individual, combinado com a genética, fisiologia, experiências de vida e contextos ambientais únicos dos cães, interage ao longo do desenvolvimento para produzir os padrões de expressão observados", argumentou o pesquisador.